ViraVida: alunos assumem o protagonismo de suas vidas

Programa do SESI convida jovens em situação de vulnerabilidade social a escreverem as suas próprias histórias

A vida pode ser equiparada a um filme em que o protagonista é a pessoa humana. O personagem principal deste "longa" pode ser o herói ou mesmo o vilão. O roteiro vai sendo escrito de acordo com as escolhas feitas pelo autor. Portanto, é ele quem decidirá se este filme terá uma excelente narrativa, daqueles que lotam os cinemas e que jamais será esquecido, ou mesmo se será uma película descartável, daqueles que não se recomenda a ninguém. Com esse mote foi realizada nesta quinta-feira (28/6), no Centro Cultural Sesi, a etapa estadual do Seminário Protagonismo e Juventude, com os cerca de 50 jovens participantes do Programa ViraVida, iniciativa do Conselho Nacional do Sesi e encabeçado na Capital Federal pelo Sesi-DF, que tem objetivo de resgatar jovens em situação de vulnerabilidade social. A proposta é que, diferente do que ocorre na dramaturgia, estes jovens sejam autores de suas próprias histórias.

Este desafio é algo relativamente novo para os adolescentes e jovens - de 14 a 21 anos - que compõem a segunda turma do ViraVida no DF. Muitos deles, outrora, seguiam o roteiro imposto pela dura realidade das ruas, que compreende o uso de drogas, a prostituição, a gravidez indesejada, a fome, o frio, e, em casos extremos, as infrações à lei.

Mas os bons filmes sempre têm uma "reviravolta", que leva os espectadores à emoção. Este é o caso dos alunos do Programa, que, de um ano pra cá, decidiram reescrever suas histórias. O "filme" foi apresentado ontem também em um cenário que remete a uma sala de cinema, a Sala Yara Amaral. Na oportunidade, os jovens - ou os protagonistas - posaram de mestre de cerimônia; cantaram e dançaram no Musical Renascer; fizeram uma peça teatral que remeteu ao passado e ao futuro de suas vidas; e, com grande orgulho, apresentaram o lançamento da publicação ViraVida Protagonismo e Juventude – a transformação na vida de jovens do DF.

A aluna Roberta Moura* abrilhantou o evento com sua linda voz. Com as mãos trêmulas e frias de nervoso, ela disse que a música cantada por ela é de sua composição e que é uma descrição do que eles viveram nestes meses no Programa ViraVida. "Antes eu não podia contar a minha história para as pessoas. Não era uma história bonita. Hoje, isso mudou. Eu tenho uma linda história pra contar. E faço isso por meio da música", contou. Ela deixou claro, durante seu depoimento, que prevê para o futuro continuar estudando e, claro, conseguir um bom emprego.

Para a coordenadora do Projeto no DF, Cida Lima, nota-se de forma clara que os alunos mudaram os rumos de suas vidas, fazendo a escolha pelo caminho certo. "Eles descobriram, acima de tudo, o direito de sonhar. E que estes sonhos podem deixar de ser sonho e se transformar em realidade", disse.

Projeto Conviver

Durante o seminário também foram apresentados documentários. Um - ViraVida na minha vida - que contou a trajetória desta turma e outro que explica, de forma detalhada, o projeto conviver, criado pela equipe do DF e que poderá romper as barreiras da Capital Federal, sendo implantado em outras cidades que têm o ViraVida.

A proposta do Conviver, segundo as professoras do ViraVida, foi trabalhar valores com os alunos e fazer com que esses valores ultrapassassem os limites da escola, alcançando a vida pessoal de cada um. "Para tanto, a metodologia do Conviver abordou seis pilares básicos: sinceridade; respeito; responsabilidade; zelo; senso de justiça; e cidadania", explicou a professora Susi Plácido.

Os coadjuvantes

Ainda na ocasião, professores e parceiros da rede de enfrentamento contra a exploração sexual deram depoimentos da sua participação no ViraVida. A doutora Maria Lúcia Leal, coordenadora do Projeto Valores da UNB, falou para os presentes. Em sua explanação, Maria Lúcia deixou clara a importância dos "coadjuvantes" na vida dos jovens.

"Esses jovens só podem alçar o voo da liberdade se forem acompanhados pelos adultos. Geralmente, quando uma criança ou um adolescente diz que sofreu algum tipo de abuso ou violência, a primeira reação do adulto é não acreditar. Isso é um erro", disse. Para a doutora, é o adulto que encoraja o jovem a protagonizar a própria vida.

Na ocasião, estiveram presentes, prestigiando os jovens, o idealizador o ViraVida e presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, e o superintendente regional do Sesi-DF, Adonias dos Reis Santiago.

O ViraVida

O programa ViraVida busca promover a elevação da autoestima e da escolaridade dos adolescentes e jovens participantes, para que desvendem o próprio potencial e assim conquistem autonomia. O processo sócio educativo está baseado em cursos profissionalizantes construídos a partir do alinhamento entre a demanda de cada mercado, o perfil e as expectativas desses adolescentes e jovens. Os cursos contemplam a necessidade de integração entre formação profissional, educação básica, noções de autogestão. Também asseguram aos alunos atendimento psicossocial, voltado ao resgate de valores e fortalecimento de vínculos familiares.

*Nomes fictícios, criados para preservar a identidade do aluno.

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