Projeto Educação para o Mundo do Trabalho é lançado no RS

O movimento busca desenvolver uma estratégia de ação e de mobilização da sociedade civil e dos setores produtivos e governamentais para construção de uma agenda para a educação brasileira

Nesta quarta-feira, 14, o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, deu início ao evento que lançou o Projeto Educação para o Mundo do Trabalho. "Educação é um tema que atravessa a história das civilizações. Um tema que está sintetizado em uma frase de grande significado, atribuída ao filósofo Pitágoras: Educai as crianças e não precisarás punir os homens", disse.

O industrial destacou ainda os números sobre a escolaridade que conduzem a um paradoxo. "Somos o sétimo PIB do mundo, mas estamos na 48ª posição em competitividade global", avaliou. "Precisamos de educação de qualidade, pois só assim poderemos alcançar níveis mais altos de competitividade, que sejam proporcionais ao tamanho do PIB brasileiro", concluiu.

O movimento, liderado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), busca desenvolver um estratégia de ação e de mobilização de parceiros da sociedade civil e dos setores produtivos e governamentais em prol da construção de uma agenda de curto e médio prazo para a educação brasileira. "Temos emprego sobrando e desempregados sobrando porque as vagas que se ofertam não combinam com o perfil dos trabalhadores que buscam essas oportunidades", afirmou o secretário do Trabalho e Emprego de Porto Alegre, Pompeo de Mattos.

Para contribuir e fomentar o debate, o antropólogo Roberto Da Matta, falou sobre o tema, destacando que a educação caracteriza a condição humana. Segundo ele, "o nível educacional da população é um dos principais fatores que estimulam ou travam a modernização e a competitividade dos setores econômicos. A indústria brasileira percebe que, para avançar nesse cenário, é necessário promover um decisivo salto na qualidade da educação escolar básica".

Em sua palestra, Da Matta apresentou dados que mostram que 94% das empresas que enfrentam a falta de trabalhador qualificado têm dificuldade para encontrar operadores para a produção e afirma que o problema prejudica o aumento da competitividade; 78% das empresas que enfrentam a falta de trabalhador qualificado têm a capacitação na própria empresa como uma das principais formas de lidar com o problema; 52% das empresas industriais afirmam que a má qualidade da educação básica é uma das principais dificuldades que enfrentam para qualificar os trabalhadores; 69% das empresas consultadas enfrentam dificuldades com a falta de trabalhador qualificado. O antropólogo defende que o Brasil não é um país pobre, mas um país historicamente atrasado. "De 1500 a 1888 não tivemos um sistema educacional no Brasil porque nossa cultura era escravocrata", afirmou.

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