Roupas confortáveis e que visam alegrar e dar mais autonomia a pessoas com deficiência marcaram a mostra de moda realizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) nesta quinta-feira (21), Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. O desfile ocorreu paralelamente ao Seminário Internacional Acessibilidade e Inclusão, realizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em Brasília.
As peças, desenhadas por alunos do SENAI dos municípios catarinenses de Brusque e Rio do Sul, contemplam aspectos de sustentabilidade, como reaproveitamento de resíduos da indústria têxtil, que é forte na região. Além disso, alguns modelos trazem cores vibrantes, outros contam com fendas ou babados que podem esconder ou mostrar a falta de um membro, respeitando a personalidade de cada pessoa. No caso de cegos, a peça traz muitos bolsos escondidos que permite guardar objetos próximos ao corpo e de forma organizada, de chaves, carteiras, alimentos até notebook. Até o cão guia vai vestido em um modelito parecido com o do dono.
O professor de educação física Marcos Antônio do Espírito Santo, 35 anos, que desfilou pela primeira vez, aprovou o moleton cinza sem manga, com detalhes coloridos de tecidos reciclados, recheado de bolsos. “Consigo guardar a bengala e até a carteira de passe livre, que perdemos quase sempre”, disse Espírito Santo, que é cego desde os 23 anos.
De acordo com a professora de Desenho e Projeto de Moda do SENAI Karin Regina Kohler Formonte, o processo de criação das peças envolveu duas etapas, sendo a primeira de criação livre de modelos e a segunda de conversas com pessoas com deficiências para melhor adaptar as roupas às suas necessidades. “Fui atrás dos modelos para inspirar a criação das peças pelos alunos, que se expressaram livremente em cada criação”, conta. A iniciativa deu tão certo que a unidade do SENAI teve peças premiadas em concurso de moda inclusiva realizado no sul do país.
A estudante de educação física Addelita Chaves, 20 anos, que é surda, também aprovou seu vestido de festa na cor vinho justo e com uma transparência na parte inferior. “Essa roupa é a minha cara, pois gosto de sair para festas. Estou feliz da vida, sentindo-me como uma estrela de Hollywood”, comentou Adelita, que desfilou pela primeira vez.
INCLUSÃO - O Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI) oferece qualificação para que pessoas com deficiências trabalhem na indústria. Com o programa, além de cumprir a lei que estabelece cotas para deficientes nas empresas, o empresário pratica a responsabilidade social. As pessoas qualificadas têm chances de inclusão e ascensão no mercado de trabalho. Nos últimos dez anos, o SENAI formou mais de 180 mil pessoas com deficiência em cursos de educação profissional.
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