Foco e tranquilidade são diferenciais da equipe brasileira que busca o bicampeonato na WorldSkills

Preparação psicológica em treinamento que durou quase um ano permitiu à delegação do Brasil lidar com as adversidades surgidas nas provas e estar na elite da competição internacional, que ocorre em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos

Faltando apenas mais um dia de provas na WorldSkills, que termina nesta quarta-feira (18), balanço parcial feito pela equipe que preparou nossa delegação é que o Brasil tem uma das melhores equipes da disputa, com chances de conseguir mais um excelente resultado na maior competição de profissões técnicas do planeta. O foco e a tranquilidade demonstrados pelo time brasileiro têm sido diferenciais desta edição que se realiza em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Um grupo de 56 jovens, alunos e ex-alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), batalha para manter o país no lugar mais alto do pódio, posição conquistada na edição realizada há dois anos, em São Paulo.

Competidores de quase todas as 52 ocupações em disputa tiveram surpresas em relação às provas apresentadas e materiais diferentes do previsto. Os Emirados Árabes Unidos, um país que fica no meio do deserto, importa quase tudo que consome. As flores utilizadas na modalidade Florista, por exemplo, vieram da Holanda. O gerente de Olimpíadas e Concursos do SENAI, José Luis Gonçalves Leitão, delegado técnico da WorldSkills International, avalia, porém, que os imprevistos não tiraram a concentração dos jovens brasileiros. “O time, pela sua capacidade de adaptação, conseguiu superar dificuldades em relação a material e a alguma infraestrutura. Mas isso não atrapalha, não é algo que vai derrubar a equipe do Brasil, muito pelo contrário, nós conseguimos superar”, conta ele. “O time está seguro naquilo que está fazendo, e está calmo, isso é muito importante em uma competição como essa que envolve hoje 68 países.”

Ewerton Douglas André de Oliveira, 22 anos, da ocupação Carpintaria de Telhados, passou por essas dificuldades. No primeiro dia, o de familiarização aos ambientes de provas, faltou simplesmente o essencial: a madeira. Isso o deixou apreensivo. Mas, no dia seguinte, quando ele viu que o material tinha chegado, o início da contagem do cronômetro das provas não o assustou. “Na ambientação eu estava bem nervoso, mas no dia seguinte, quando a prova começou, foi a primeira em que não fiquei nem um pouco ansioso”, conta ele. O competidor em Instalações Elétricas Prediais, Paulo Sérgio de Medeiros Júnior, 21 anos, também passou por dificuldades com materiais, mas acredita que as surpresas afetaram também os concorrentes. “A prova está difícil, mas todo mundo está tendo dificuldade com materiais, com a prova bem diferente do esperado, então acredito que estamos caminhando bem", diz.

Para Leitão, uma das razões da serenidade dos brasileiros foi o rigoroso treinamento oferecido pelo SENAI, com ênfase nos aspectos psicológicos dos competidores para lidar com a pressão de representar o Brasil em uma competição internacional. “Essa tranquilidade se deve ao tipo de preparação que nós introduzimos na parte comportamental da equipe. Isso nos traz a garantia de que os jovens estão tranquilos e sabem o que precisam fazer no tempo certo", diz ele. A preparação da equipe, apenas na etapa nacional, durou um ano. Mas o treinamento completo, incluindo as etapas escolar e estadual, faz com que alguns tenham dedicado quase três ano da vida à competição. É o caso de Ewerton, que se prepara desde 2014.

ELITE – Confirmou-se também a expectativa de que algumas equipes viriam mais fortes para Abu Dhabi, com interesse em tirar do Brasil o título de melhor delegação da WorldSkills. A China, que não costuma integrar a elite dos jogos de profissões técnicas, tem competidores com boas chances de medalhas em algumas ocupações. A cidade de Xangai vai receber a competição mundial em 2021. Além dos chineses, times de Taiwan, Suíça, Coreia do Sul e Japão estão no páreo em busca do lugar mais alto do pódio. “Ocorreu realmente o que já vínhamos sentindo ao longo do treinamento e em alguns encontros que tivemos: hoje esses países são os nossos concorrentes diretos”, conta Leitão. Mas há otimismo com o resultado que o Brasil pode obter. “Esta é uma competição extremamente difícil, muitos países vieram muito bem preparados como o Brasil, mas nosso time está bem todas as ocupações, há bastante confiança."

Para alguns, porém, ainda é grande o suspense em relação ao resultado. A prova de ocupação Manufatura Integrada, por exemplo, depende dos testes executados com o robô que eles foram desafiados a projetar, montar e pôr para funcionar. “A gente só vai conseguir ter uma noção do nosso desempenho a partir de amanhã, porque 50% da nossa nota depende dos testes que vão ser feitos”, explica Thiago Souza de Lima, 22 anos, integrante da equipe que conta com três integrantes, todos de Mato Grosso.

As provas reproduzem o dia a dia de 52 profissões técnicas. Os competidores têm de executar os desafios com excelência técnica e velocidade. A cada dia eles obtêm uma pontuação que se soma e, ao final, aponta o campeão em cada ocupação. Nesta edição, mais de 1.200 competidores de 68 países participam da WorldSkills.

COBERTURA COMPLETA:

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- Veja as fotos do dia a dia da nossa delegação em Abu Dhabi no Flickr da CNI.

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