Com diploma e carteira assinada: ex-alunos do Novo Ensino Médio saem da escola empregados

Egressos do SESI SENAI do Pará se formaram no novo ensino médio e saíram da educação básica já inseridos no mercado de trabalho em uma área promissora, a de tecnologia

Como uma formação pode ser o pontapé para entrar no mercado de trabalho, conseguir experiência e ter independência? Samuel Ribeiro, Caio Henrique Nascimento, Ramon Souza e Isabel Maia, egressos de escolas do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), terminaram o ensino médio com o diploma do curso técnico em redes de computadores e conquistaram a tão sonhada vaga de trabalho.  

O Novo Ensino Médio te possibilita terminar a formação junto com o diploma de um curso técnico e, quem sabe, o primeiro emprego. No caso dos jovens, focar na área de tecnologia, que está com grande demanda por profissionais qualificados, foi a grande vantagem.

Para muitos, tecnologia não era a primeira nem a última opção, mas a prática e as boas perspectivas de emprego despertaram o interesse na área. Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), apenas no mercado de Tecnologia da Informação, o Brasil terá mais de 500 mil vagas de emprego que vão precisar de mão de obra qualificada até dezembro de 2025. 

Inteligência artificial, análise de dados, cibersegurança e experiência do usuário são alguns dos campos com maior necessidade atualmente. Pegando carona nessas oportunidades, Samuel, Caio, Ramon e Isabel conseguiram um grande feito: saíram do ensino médio direto para o mercado de trabalho. 

De indicação em indicação se encontra uma vaga 

Que rede de contatos, o chamado networking, é importante, todo mundo sabe. No universo da tecnologia não é diferente. Além dos requisitos para se encaixar na vaga, ter um bom relacionamento com os colegas e professores na escola e no estágio faz a diferença. 

Ao longo do ensino médio, os docentes abriram portas para Ramon Souza, 19. “Me esforçava muito, o professor me conhecia. Meus dois primeiros estágios eu consegui graças a ele, que me indicou”, disse o egresso do SESI Belém

Perto de finalizar o terceiro ano, foi contratado pela empresa onde era estagiário e passou cinco meses como efetivado. Tempos depois, uma ex-funcionária de um local onde estagiou o chamou para trabalhar numa nova empresa. Ramon aceitou e, atualmente, é auxiliar de tecnologia de um escritório contábil.  

Na turma de Samuel Ribeiro, 18, o professor mantinha um grupo para enviar vagas e ter contato com os alunos que se destacavam. “Vi que tinha uma oportunidade no grupo e, sem pretensão, mandei currículo. Fui chamado pra entrevista e aprovado”, celebra o ex-aluno do SESI Belém.  

Homem usando camisa e de mochila nas costas tirando a própria foto com o celular.
Samuel Ribeiro é auxiliar de TI numa empresa de transportes

Não eram os planos iniciais. No início do ensino médio, Samuel não sabia para qual área seguir. Com o tempo, o jovem ficou mais focado e cheio de planos para o futuro. A certeza de que queria fazer parte do mundo da tecnologia veio com um empurrãozinho dos docentes. 

“A forma com que os professores explicavam brilhava os nossos olhos. Até para quem não queria fazer isso dava gosto, porque os professores se empenhavam em mostrar para o aluno que ele era capaz”, ressalta Samuel. 

Empenhado, ele conquistou o emprego de auxiliar de TI numa empresa de transportes assim que saiu da escola. Daqui para frente, quer continuar os estudos e fazer o curso superior. 

Adaptação para uma nova rotina 

“O Novo Ensino Médio me mostrou o quanto você está disposto a se esforçar pelo que você quer.” A fala é do técnico em redes de computadores e ex-aluno do SESI Belém, Ramon Souza. O esforço e a indicação de professores ajudaram o jovem a trabalhar como auxiliar de tecnologia da informação e cursar ciências da computação. 

Homem de óculos vestindo camisa branca e segurando quatro medalhas nas mãos. Ele sorri para a foto.
Ramon Souza guarda todas as medalhas que conquistou nos campeonatos de robótica

O pai é funcionário do SENAI e, ao saber do processo seletivo, incentivou que o filho mudasse de escola. “De primeira, não aceitei. Tecnologia não era algo que eu queria estudar, mas acabei me reconhecendo”, lembra Ramon. 

Por influência de um professor de física, ele se envolveu em campeonatos de robótica e competiu na FIRST LEGO League (FLL) e FIRST Tech Challenge (FTC). O jovem guarda as medalhas até hoje numa caixa em seu quarto. O aprendizado, o trabalho em equipe, a oratória e a capacidade de organização são competências que o ensino médio e a robótica proporcionaram. 

“A nova rotina do novo ensino médio foi meu maior desafio, porque, quando eu saí do fundamental, a gente só tinha aula de manhã. No SESI, era mais difícil, com aulas o dia todo, além de ficar a mais para se preparar para a robótica”, conta. “Mas eu me esforçava muito e entendi que precisava ser responsável.” 

Para Isabel Maia, 18, também egressa do SESI Belém, a rotina era bem puxada. Hoje ela trabalha no setor de TI de um laboratório de análises clínicas. Entre matérias do ensino médio e outras do técnico, a jovem também focou na organização para se adaptar à nova realidade.   

Selfie de mulher de cabelo de cabelo preto ondulado usando blusa bege com folhas
Isabel Maia trabalha num laboratório de análises clínicas no setor de tecnologia da informação

“O aprendizado que levo dos meus três anos no SESI foi a organização dos horários. Eu passava a maior parte do tempo na escola e tive que me regrar. Por mais que a escola já desse a grade, eu tinha a hora do almoço, ainda sobrava um tempo para fazer alguma outra coisa e eu aproveitava”, exemplifica. 

Motivação dentro da família 

Para Caio Henrique Nascimento, 19, a inspiração para seguir a carreira de tecnologia da informação não veio da escola, mas de casa: um tio que trabalha na Microsoft. Por isso, quando surgiu a oportunidade de fazer técnico em informática integrado ao ensino médio no SESI Marabá (PA), ele não pensou duas vezes e se mudou com o pai de Belém (PA) para a nova cidade. 

Homem de cabelo curto e preto usando óculos e camisa. Ele faz um sinal de joia com a mão esquerda.
Caio Henrique Nascimento cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas na Universidade da Amazônia (UNAMA)

Caio é apaixonado pelo mundo de banco de dados e segurança cibernética. Ele tem a oportunidade de praticar esses conhecimentos no estágio que faz na área de TI de uma clínica médica e no curso de análise e desenvolvimento de sistemas.  

Apesar de ter feito dois anos do ensino médio de maneira remota e em outra cidade, ele tinha receio de não dar certo. Alguns colegas inclusive não conseguiram ou não tiveram condições de continuar as aulas on-line, mas o estudante não desistiu. O novo ensino médio permitiu que ele olhasse para o seu próprio futuro com mais gentileza.  

“O Caio de antes não tinha visão de futuro e muitos planos pra vida, até porque como vim de uma família simples e a gente não tinha intuito de estudar. Eu não era tão dedicado, era preguiçoso, mas comparado a quem sou hoje, não só meu pai, mas meus amigos falam que têm muito orgulho de mim”, finaliza. “Conquistei coisas que jamais imaginei.” 

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