Só 12% das indústrias de construção utilizam mais de 10 técnicas de produção enxuta, diz pesquisa da CNI

Levantamento mostra que alto custo de implementação, desconhecimento das técnicas, falta de qualificação dos trabalhadores e resistências às mudanças são obstáculos ao aperfeiçoamento da gestão no setor

As técnicas de produção enxuta, que ajudam a evitar desperdícios e aumentar a produtividade nos canteiros de obras, são pouco usadas nas indústrias brasileiras da construção. Mais da metade (58%) das empresas do setor utiliza até três técnicas da produção enxuta e 31% usam de quatro a nove técnicas. Apenas 12% das empresas do setor utilizam dez ou mais técnicas de produção enxuta. As informações são da Sondagem Especial Produção Enxuta na Indústria da Construção

Feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a pesquisa avalia a aplicação das 15 principais técnicas de produção enxuta no setor da construção. “A aplicação das ferramentas e técnicas da produção enxuta pode aumentar na indústria da construção”, observa a pesquisa. “Os impactos da aplicação das técnicas de produção enxuta podem ser significativos, uma vez que o segmento enfrenta baixa produtividade”, completa o estudo, que ouviu 2.338 empresas, das quais 913 são pequenas, 883 são médias e 542 são de grande porte.

As técnicas de produção enxuta, que surgiram nos anos 1950 no setor automobilístico, estão entre as melhores práticas de gestão de sistemas produtivos. Os princípios foram adaptados para aplicação na indústria da construção nos anos 1990 e são conhecidos como Lean Construction.  

De acordo com o levantamento da CNI, 41% das empresas do segmento de construção de edifícios utilizam pelo menos quatro técnicas de produção enxuta. Esse percentual cai para 37% no setor de obras de infraestrutura e para 32% no setor de serviços especializados para construção, como preparação de terreno, instalações e obras de acabamento.

AS MAIS APLICADAS - As técnicas de produção enxuta mais usadas na construção são o trabalho padronizado, com 68% das citações, e o Programa 5S, com 60% das menções. As duas técnicas ajudam a eliminar perdas por movimentos desnecessários e por espera. Em terceiro lugar, com 39% das respostas, aparece o mapeamento do fluxo de valor, e, em quarto lugar, com 32% das menções, as empresas citam a gestão visual. Em seguida, vem a técnica Kaizen, com 30% das respostas, e a 5 Why (Cinco Porquês), com 24% das menções. 

A pesquisa mostra ainda que as construtoras adotam técnicas da produção enxuta para reduzir desperdício, defeitos e retrabalho (46% das menções), aumentar a produtividade (44% das respostas) ou elevar a qualidade de produtos e serviços (38% das assinalações). Em quarto lugar, com 17% das respostas, as empresas citam a melhoria da segurança e da ergonomia do trabalhador. 

Na avaliação dos empresários, o principal obstáculo para a adoção da produção enxuta, com 35% das menções, é o alto custo de implementação das técnicas. Em seguida, com 32% das respostas, aparece a falta de conhecimento das ferramentas e técnicas e, em terceiro, empatados com 21% das menções, ficaram a falta de qualificação e a resistência dos trabalhadores às mudanças. 

Os obstáculos são diferentes para os diversos portes de empresas. A principal dificuldade para pequenas e médias empresas é a falta de conhecimento das técnicas e ferramentas. Para as grandes, o principal obstáculo, com 38% das citações, é o alto custo de implementação das técnicas. Nas grandes empresas, a resistência dos trabalhadores às mudanças aparece como a segunda maior dificuldade, empatada com a falta de conhecimento das técnicas e ferramentas, com 25% das respostas.

SAIBA MAIS: Acesse a página de Estatísticas do Portal da Indústria e conheça a Sondagem Especial Manufatura Enxuta da Indústria de Transformação Brasileira.
 

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