Seis em cada 10 brasileiros acreditam que retomada econômica vai demorar, pelo menos, um ano

Pesquisa da CNI mostra que 2/3 das pessoas dizem que recuperação dos impactos provocados pela pandemia ainda não começou. Receio do futuro leva 71% a cortar gastos mensais

O nível reduzido de consumo tende a ser mantido mesmo após o fim do isolamento social

Ainda que o Brasil tenha começado a promover a retomada das atividades produtivas, a população está insegura e pretende manter seus gastos em patamares reduzidos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), encomendada ao Instituto FSB Pesquisa, revela que 67% dos entrevistados acreditam que a recuperação econômica ainda não começou e 61% afirmam que ela vai demorar pelo menos um ano para ocorrer.

Apesar de a pesquisa indicar alguma recuperação na renda (caiu de 40% no início de maio para 31% agora o percentual das pessoas que disseram ter perdido em parte ou totalmente a sua renda), grande parte das pessoas ainda continua com as despesas retraídas: 71% dos brasileiros disseram ter reduzido seus gastos mensais desde o início da pandemia. Em maio, eram 74%.

A cautela talvez se explique pela insegurança ainda provocada pela conjuntura atual. Dentre os trabalhadores formais e informais, 71% dizem ter algum medo de perder o emprego, leve recuo em relação aos 77% que tinham algum grau de temor no início de maio. No entanto, o percentual dos trabalhadores que têm medo grande ou muito grande de perder o emprego ficou praticamente estável: 45% agora, ante 48% há dois meses.

“Os dados recentes da economia mostram que o pior da crise causada pelo novo coronavírus pode ter ficado para trás. Mas a pesquisa reforça a enorme importância de se construir uma agenda consistente, com ações de médio e longo prazo, para a retomada das atividades produtivas e do crescimento do país. Recuperar a confiança brasileiro, para que ele volte a consumir, é de suma importância para acelerar esse processo”, afirma comenta presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

“Também é fundamental dar andamento às reformas estruturais e atacar os problemas que aumentam os custos de produção e diminuem a capacidade da indústria brasileira de competir e gerar emprego e renda para os brasileiros”, completa.

De acordo com a pesquisa, o nível reduzido de consumo tende a ser mantido mesmo após o fim do isolamento social. Para todos os produtos pesquisados, que vão desde itens como roupas, produtos de higiene pessoal até bebidas alcóolicas, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a maioria dos consumidores pretende manter os gastos com eles.

Para se ter uma ideia, os itens que mais devem ter crescimento no consumo no pós-isolamento são as roupas. Mesmo assim, apenas 21% dos entrevistados afirmaram que pretendem ampliar o consumo desses produtos.

Brasileiro segue favorável ao isolamento social

Apesar das perdas econômicas e do medo grande do novo coronavírus ter caído de 53% para 47% em relação ao primeiro levantamento, em maio, os dados mostram que o brasileiro segue favorável ao isolamento social (84%). O grupo das pessoas que saem de casa apenas para ações essenciais, como fazer compras ou trabalhar, aumentou de 58% para 67% entre maio e julho. Sobre o trabalho remoto, oito em cada dez entrevistados admitem que as tarefas que precisam entregar não podem ser feitas de casa.

A população está dividida quanto ao retorno das atividades do comércio de rua — 49% aprovam e 47% desaprovam —, mas sobre outros itens, como salões de beleza, bares e restaurantes, shoppings, escolas e universidades, academias e cinemas, a maioria dos brasileiros é contra a abertura. Os percentuais variam de 57% a 86% desfavoráveis a reabertura desses estabelecimentos.

Percentual da população endividada recua

Um dado positivo revelado pela pesquisa diz respeito ao endividamento, que apesar de estar num nível elevado, atingindo 45% da população, recuou oito pontos percentuais na comparação com maio, quando 53% dos entrevistados se declararam endividados. E, dentre quem tem dívida, 62% afirmam que conseguirá quitá-la nos próximos 30 dias. O percentual é dez pontos percentuais maior que o registrado em maio.

O levantamento mostrou ainda que 30% dos brasileiros pediram e estão recebendo o auxílio emergencial do governo. Entre eles, a maioria (57%) usou os recursos para compras e 35% destinaram os valores para pagar dívidas.

O levantamento foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa com 2.009 pessoas de todas as Unidades da Federação entre 10 e 13 de julho e tem margem de erro de dois pontos percentuais. Em virtude do próprio isolamento social, as entrevistas foram realizadas por telefones fixos e móveis, em amostra representativa da população brasileira a partir de 16 anos.

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

Acompanhe todas as notícias sobre as ações da indústria no combate ao coronavírus na página especial da Agência CNI de Notícias

Relacionadas

Leia mais

Rodada virtual inédita movimenta US$ 180 milhões para micro, pequenas e médias
A indústria brasileira em defesa do novo marco legal do gás natural
Pandemia afetou negativamente 57% das indústrias exportadoras

Comentários