Número de indústrias que investe é o menor desde 2010, informa CNI

Pressionadas pela incerteza econômica, a elevada ociosidade e alto custo dos financiamentos, apenas 67% das empresas fizeram investimentos no ano passado

A crise econômica reduziu os investimentos da indústria.  Apenas 67% das grandes indústrias instaladas no Brasil investiram no ano passado, e só 40% delas conseguiram tocar os projetos como estava planejado. Os números são os mais baixos desde 2010, e não há previsão de que o quadro mude neste ano. "O percentual de empresas que pretendem investir em 2017 é 67%", informa a pesquisa Investimento na Indústria, divulgada nesta quarta-feira (8), pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com o levantamento, entre as empresas que tinham planos de investimentos para 2016, 41% realizaram os projetos parcialmente, 9% adiaram para este ano e 10% cancelaram ou suspenderam os planos por tempo indeterminado. O gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, observa que, com a melhoria das condições econômicas, a frustração dos planos de investimentos pode se reduzir neste ano.

O percentual de empresas que fazem investimentos vem caindo ano a ano. Chegou a 93% em 2010, quando começou a pesquisa. Em 2016, ficou 7 pontos percentuais abaixo dos 74% registrados em 2015. Entre as empresas que investiram no ano passado, 36% aplicaram recursos em novos empreendimentos e 64% tocaram projetos já iniciados. "É preciso reverter esse quadro. O aumento dos investimentos novos projetos é importante para o crescimento da economia", afirma Castelo Branco.

O alvo dos investimentos mostra que as empresas estão empenhadas em reduzir os custos e aumentar a produtividade: 38% dos investimentos realizados no ano passado buscaram a melhoria dos processos produtivos. Além disso, 18% foram destinados à introdução de novos produtos e 3% às mudanças de processos produtivos. "Assim, a inovação, de processo ou de produto, foi o principal objetivo de 59% dos investimentos realizados em 2016", analisa a CNI. As empresas também aplicaram recursos na manutenção da capacidade produtiva e no aumento da produção.

Segundo os empresários, a incerteza econômica, com 80% das menções, foi o principal motivo para a frustração dos planos de investimentos. Em seguida, com 54% das respostas, vem a reavaliação da demanda e a ociosidade elevada e, em terceiro lugar, com 39% das assinalações, aparece o custo dos financiamentos. Entre os obstáculos também se destacam a dificuldade de obtenção de crédito e o aumento inesperados dos custos previstos para o investimento.

PERSPECTIVAS - Neste ano, a alta ociosidade da indústria reduziu os planos de investimentos no aumento da produção. Apenas 21% das empresas que pretendem investir em 2017 planejam elevar a capacidade de produção neste ano. O número é o segundo menor da série histórica que começou em 2011 e está acima apenas dos 20% registrados em 2016.

"Praticamente dois terços da indústria (65%) privilegiarão o investimento em inovação, o maior percentual desde o início da série, em 2011", diz a pesquisa. O principal objetivo de 43% das empresas será a inovação de processos produtivos - 38% aplicarão na melhoria dos processos e 4% em novos produtos. Outros 23% investirão em novos processos.

A pesquisa mostra ainda que, entre as empresas que pretendem investir em 2017, apenas 6% aplicarão recursos somente ou principalmente para a conquista do mercado externo, praticamente o mesmo percentual de 2016, quando alcançou 7%.

Esta edição da pesquisa Investimento na Indústria foi feita entre 21 de novembro e 9 de dezembro com 584 empresas de grande porte, que têm 250 ou mais empregados.

SAIBA MAIS - Acesse a página de Estatísticas da CNI e veja a pesquisa completa.         

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