Ei, empresário! Você sabe separar suas contas das despesas da empresa?

A CNI explica por que é importante fazer essa distinção e dá dicas para evitar esse problema que pode acarretar o endividamento pessoal e empresarial

Misturar as finanças pessoais e as finanças empresariais é um erro

Sabemos que micros e pequenos empresários já utilizaram o dinheiro de uma conta pessoal para pagar débitos da empresa e vice-versa. Até 2023, cerca de 60% dos MEIs misturaram as contas pessoais e empresariais, segundo a Pesquisa Hábitos de Uso de Produtos Financeiros, que consultou mais de 6,1 mil donos de empreendimentos. Você sabia que isso é um erro e pode prejudicar o desempenho de uma empresa? A Confederação Nacional da Indústria (CNI) explica por que é importante separar as finanças pessoais das empresariais e dá dicas para evitar e resolver esse problema no NAC Responde

Para começar, é necessário entender a diferença dessas finanças para saber separá-las. A contadora e analista do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) de Alagoas, Joanna Rubim, explica que “finança pessoal é tudo que tem relação com o financeiro de uma pessoa física, seja de forma individual ou familiar, enquanto finança empresarial é o recurso financeiro de uma empresa, com ou sem fins lucrativos, pública ou privada, de qualquer porte. Também é considerado o cuidado que se tem com o capital empresarial para a tomada de decisões como investimentos, aplicações, entre outras ações”.

Exemplos de finanças pessoais são o aluguel, a alimentação, a energia elétrica, a conta de água, de internet e a mensalidade escolar. Já o pagamento de fornecedores, os impostos, a manutenção de máquinas e as despesas de marketing fazem parte das finanças empresariais.

Misturar as finanças é um erro?

Sim. Além de infringir o Princípio da Entidade - básico da contabilidade -, que trata da separação dos patrimônios da empresa e dos seus sócios, traz prejuízos legais.

Os exemplos mais comuns são: quando a empresa paga as contas particulares dos sócios ou quando o sócio retira dinheiro do caixa sem declarar a retirada de lucro. Mas também existem casos mais peculiares, como quando os sócios compram, em nome da pessoa jurídica, veículos para uso pessoal, incluindo os gastos de combustível e manutenções deles, sendo que são contabilizados como despesas da pessoa jurídica mensalmente.

Essas atitudes podem causar o que é chamado de desconsideração da personalidade jurídica e atinge não somente o patrimônio dos sócios, mas também do administrador caso esse seja terceiro, além de uma possível responsabilidade tributária, conforme esclarece o artigo 50 do Código Civil. Então, aquele carro utilizado pela família, poderia ser usado como pagamento de alguma dívida da empresa.

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

Além disso, misturar as finanças faz com que o empresário perca a compreensão do negócio no que diz respeito à gestão do lucro e prejuízo da empresa; e dificulta a tomada de decisões.

Tem como solucionar esse problema?

Sim. O ideal é começar com um planejamento. Identificar receitas e despesas da empresa e empresário, individualizar as contas e definir estratégias para regularizar o controle financeiro de ambos.

Com este cenário bem alinhado, implementar uma gestão financeira tanto no negócio, quanto nos recursos pessoais.

Dica do NAC: Definir um pró-labore, que consiste em um salário para o dono do próprio negócio, evita que excessos sejam retirados do caixa da empresa para outras despesas. Outra sugestão é buscar a ajuda de especialistas como contadores para analisar as finanças e separá-las.

Quais são os benefícios de separar as contas?

O empresário passa a ter uma visão clara do negócio e a enxergar os lucros e os prejuízos. Consequentemente, também desenvolverá uma percepção estratégica para evitar o endividamento pessoal e empresarial, além de tomar decisões de investir e aplicar nos momentos certos.

Tem dúvidas? O NAC Responde!

Todo mês, o NAC Responde, produzido pela Agência de Notícias da Indústria, responde as dúvidas mais frequentes de empresários e gestores na hora de buscar crédito para os negócios.


“Por meio das orientações, o NAC facilita o acesso ao crédito de micros, pequenas e médias empresas industriais. O crédito é essencial para o funcionamento das empresas, seja para viabilizar novos investimentos ou para atender às necessidades rotineiras de caixa”, pontua o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra.


Desde 2015, o NAC, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), assessora MPEs industriais sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado, dando suporte com informações sobre documentação, taxas de juros, garantias, número de parcelas, itens financiáveis, entre outras.

Saiba mais pelo site do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) ou entre em contato com a federação das indústrias do seu estado.

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