Brasileiros acreditam que país pode explorar sem deixar de proteger os recursos da Amazônia

Segundo dia do Fórum Amazônia +21 reúne e divulga dados inéditos da pesquisa da CNI sobre a percepção do Brasil sobre a região. 8 em cada 10 pessoas concordam com a proteção dos recursos da região

Apresentação dos resultados da pesquisa realizada pela CNI no painel "A Amazônia na visão dos brasileiros"

É possível extrair recursos da Amazônia de forma inteligente, preservando o bioma e trazendo desenvolvimento para uma região que necessita com urgência de melhorias de infraestrutura e qualidade de vida. Essa é uma das reflexões do estudo inédito “O que pensam os brasileiros sobre a Amazônia”, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e realizado pelo Instituto FSB Pesquisa para o Fórum Mundial Amazônia+21, como uma forma de subsidiar o diálogo sobre o tema. A pesquisa ouviu 2.000 pessoas, com mais de 16 anos, em todos os estados da Federação e trouxe descobertas importantes para a o debate do desevolvimento sustentável na região.

“A Amazônia está sob olhar atento dos brasileiros e do mundo”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. “Mas a pesquisa mostra, por exemplo, que apenas 15% dos próprios brasileiros já visitaram a Amazônia. Esse número, sob uma perspectiva global, seria muito menor. Essa região compreende 55% do brasil e mais de 23 milhões de pessoas que precisam de desenvolvimento, infraestrutura, qualidade de vida, educação e saúde. Só com desenvolvimento vamos atingir os anseios dessa dessas pessoas e do país”, disse Andrade.

Para o presidentre da CNI, surpreende também o fato de que os brasileiros não compreendem ainda o próprio conceito de desenvolvimento sustentável, embora seja quase da cultura do país uma atitude consciente em relação à conservação dos biomas.


“A indústria brasileira é uma das mais responsáveis do mundo sobre questões ambientais, emissão de carbono; a população brasileira desconhece o que os empresários e governos estão fazendo em benefício do meio ambiente, muito pelo fato de que as narrativas acabam se concentrando nas ações irresponsáveis. Precisamos de mais projetos adequados de desenvolvimento, a informação do que significa esse desenvolvimento e que oportunidades temos de trabalho e produção”, completou.


Segundo Marcelo Thomé de Almeida, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Ronônia (FIERO), e um dos organizadores do Fórum, os resultados da pesquisa demonstram que é possível avançar com uma agenda de desenvolvimento sustentável, protegendo o bioma amazônico e “desfazendo a dicotomia de que ou preservamos ou desenvolvemos. O próprio povo brasileiro acredita que é possível concliar as duas. A sociedade brasileira precisa sentar para discutir esse desenvolvimento, englobando o uso das riqueza, de tecnologia, da geração de empregos e renda nesse debate”. O encontro foi mediado pelo jornalista André Martins e também contou com a participação dos governadores dos estados de Rondônia e de Roraima, Coronoel Marcos dos Santos e Antônio Garcia de Almeida, respectivamente.

Marcelo Thomé é o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Roraima

Painel Amazônia 4.0

Uma Amazônia mais produtiva, mais competitiva e inovadora é o que propõe o conceito “Amazônia 4.0”, apresentado nesta manhã no primeiro painel do Fórum pelo pesquisador e biólogo Ismael Nobre, membro sênior da equipe científica da iniciativa Terceira Via Amazônica.

Para torná-la realidade é preciso promover mais pesquisa e capacitar mais pessoas para o empreendedorismo. Por isso, Nobre trabalha na criação da Escola de Negócios Sociais da Amazônia, em parceria com a Universidade Estadual do Amazonas (UEA). A ideia da escola é qualificar profissionais que pensem negócios a partir da realidade e das riquezas do bioma, sempre de forma sustentável.

“Há uma exclusão tecnológica sistemática na Amazônia. A maioria da ciência está no centro-sul do Brasil, os recursos não chegam até a Amazônia. E esse descompasso entre perspectivas e necessidades é um problema estrutural da região. Isso em si diminui a competitividade”, explica o biólogo.

A cientista Márcia Fournier, CEO da Dimensions Sciences, uma organização sem fins lucrativos baseada nos Estados Unidos, acredita que há na Amazônia vontade de empreender, mas é preciso trazer mais investimentos para a região e alavancar a capacidade da população amazônica de produzir de forma sustentável, em equilíbrio com a conservação do bioma. “Ganham todos, a população, o setor privado, os investidores”, destaca Fournier.

A roda de debates “Futuro de Possibilidades: Sistemas Inovativos Locais”, que reuniu Nobre e Fournier foi mediada por Marcelo Prim, gerente executivo de Inovação e Tecnologia, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Acelerando negócios inovadores

Tornar sustentável toda a cadeia dos negócios na Amazônia é um dos desafios dos “Negócios Inovadores na Amazônia”, tema do segundo painel do Fórum Amazônia +21 na manhã desta quinta. Outro desafio é comunicar aos mercados que os produtos da floresta, como as castanhas e o açaí, têm um valor social e ambiental agregado, que precisa ser reconhecido e considerado pelos consumidores. “Temos que reposicionar a castanha brasileira no mercado externo e que ela seja entendida como um produto da floresta, valorizado pelo consumidor”, disse Vitoria Mutran, da Mutran Exportadora.

Maurílio Santos, da ABNC, foi o moderador do painel "Negócios Inovadores na Amazônia"

Moderado por Maurílio Santos, da Associação Brasileira de Nozes e Castanhas (ABNC), o debate sobre negócios sustentáveis no bioma amazônico reuniu José Eduardo Camargo, presidente da ABNC, Vitoria Mutran, da Mutran Exportadora, Carlos Alberto Soares, da Frooty Açaí, e Fernanda Stefanini, fundadora da 100% Amazônia.

Na sequência, o Fórum propôs a reflexão de que a Amazônia precisa de empreendedores alinhados com a ideia de que é possível fazer negócios com a floresta de pé e não desmatada. Essa é a linha que orientou o debate em torno de como “Acelerar Negócios na Amazônia”, tema do terceiro painel da manhã de hoje.

Para Beto Veríssimo, diretor de Programas do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, a inovação na região ainda é uma gota no oceano e existem muitos desafios a serem enfrentados em um mundo onde o conceito da produção vem mudando constantemente. “Os serviços ambientais da floresta são uma produção. Como precificar e comercializar essa produção? A 4ª revolução industrial mexe com tudo isso e a Amazônia tem a chance de dar um salto. A biodiversidade pode se transformar num ativo econômico e os serviços ambientais permitirão um reposicionamento da região no novo século”, disse Veríssimo.

Segundo o diretor de Novos Negócios do Instituto de Conservação e Desenvolvimento da Amazônia (IDESAM), Mariano Cenamo, os empreendedores têm papel fundamental na aceleração de negócios inovadores, mas a presença do governo, da academia e do terceiro setor é igualmente importante. “Desenvolver negócios na Amazônia não é fácil, mas o Brasil tem as condições para ser líder de uma economia verde, construída em torno do conhecimento da floresta”, disse Cenamo.

Com mediação de Sérgio Gonçalves, superintendente de Desenvolvimento do Governo de Rondônia, o encontro também contou com a participação de Daniel Contrucci, diretor da Climate Ventures e Leonardo Letelier, CEO da SITAWI.

O Fórum Amazônia +21 continua com programação na tarde do dia 5 de novembro e com painéis também no dia 6, envolvendo autoridades e especialistas em torno de novos modelos para o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.

Acompanhe o Fórum Amazônia+21

O Fórum Amazônia+21 segue com a programação na tarde desta quinta-feira (5) e na sexta (6), a partir das 8h30.

O Fórum é uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO), Agência de Desenvolvimento de Porto Velho e Prefeitura de Porto Velho, com apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Governo do Estado de Rondônia.

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