O Brasil é pioneiro na fabricação de etanol, mas a competitividade e o crescimento em biotecnologia no país devem ir além da produção de biocombustíveis. Essa é uma das conclusões dotalk show ”Biotecnologia industrial: novos materiais e novas manufaturas”, realizado durante o 2º Fórum de Bioeconomia, em São Paulo (SP).
Conforme projeção da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os negócios em biotecnologia devem contribuir com 2,7% do PIB dos países mais ricos, em 2030, principalmente por meio da oferta de novos produtos industriais para a saúde e o agronegócio. A OCDE estima, ainda, que 50% da produção global de alimentos e ração animal virão de organismos manipulados geneticamente.
Para o sócio-gestor do Fundo Pitanga de Investimento, Fernando Reinach, o Brasil precisa aprender a lidar com a indústria da bioeconomia com estratégia e investimento. “Um grande desafio é oferecermos matéria-prima cada vez mais barata para que as indústrias decidam pesquisar e produzir aqui, e não fora do país. Mas também é necessário termos boa estrutura”, ponderou Reinach.
Além de estrutura física, ressaltaram os especialistas, o Brasil precisa de um ambiente mais amplo e propício à pesquisa. Segundo o pesquisador da Universidade de Campinas (UNICAMP) Joaquim Machado, há cada vez menos liberdade e possibilidade de experimentação. “Popularizar e dar acesso à tecnologia de ponta é obrigação de qualquer país que queira crescer na área biotecnológica. Temos que perceber que a competividade brasileira vai muito além do etanol”, alertou o pesquisador.
O diretor de Negócios Químicos Renováveis da Braskem – líder mundial na produção de biopolímeros-, Alexandre Elias, falou da importância de estímulos ao mercado biocompetitivo. “Estamos evoluindo em reprogramar e produzir novos químicos. A Braskem, por exemplo, já produz plástico a partir de etanol. Mas é preciso ampliar os incentivos”, concordou Elias.
Uma alternativa ousada de estímulo à pesquisa seria terceirizar a produção em um primeiro momento. “Se nós tivermos cinco cérebros para desenvolver biotecnologia, poderíamos terceirizar a produção nos Estados Unidos, onde há mais estrutura. Isso até estarmos preparados para produzir em grande escala aqui também, defendeu Fernando Reinach.
“A pesquisa é a base do crescimento. Por isso, é preciso estimular a pesquisa, dar estrutura, dar estudo”, concluiu Machado.