FIEMG busca investimentos japoneses para recuperação do Rio Doce

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais ( FIEMG ), Olavo Machado, apresentou oportunidades de negócios para a recuperação do Rio Doce, afetado pelo rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais ( FIEMG ), Olavo Machado, apresentou oportunidades de negócios para a recuperação do Rio Doce, afetado pelo rompimento da barragem em Mariana, Minas Gerais, durante o painel Comércio e Investimento, da 19ª Reunião Conjunta do Comitê de Cooperação Econômica Brasil-Japão , em Tóquio, organizado pela CNI e pelo Keidanren. A ideia é atrair capital japonês para o projeto. 

“Desconhecemos qualquer grupo japonês que tenha deixado Minas Gerais. Quem vai para lá é para ficar, olhem a Cenibra e a Usiminas. Para nós, seria importante que a Samarco voltasse a funcionar rapidamente. Queremos fazer desse problema uma grande oportunidade. O desafio de recuperação é um grande projeto de desenvolvimento”, afirmou Olavo Machado. 

Segundo ele, há oportunidades no desenvolvimento sustentável para a bacia do Rio Doce, reflorestamento da mata ciliar, hidrovia, eclusas na ampliação e integração logística, barragens para geração de energia, agricultura irrigada em alta escala, abastecimento de água, saneamento básico, psicultura, monitoramento de água e controle, reflorestamento e gestão de biodiversidade, turismo, educação ambiental e mineração. “A indústria e o Estado de Minas Gerais precisam do Rio doce limpo e produtivo”, avalia o presidente da FIEMG. 

No mesmo painel, o diretor de Operações do Banco Japonês Cooperação Internacional (JBIC), Nobumitsu Hayashi, explicou que anualmente o banco manda um questionário aos clientes e investidores sobre o ambiente de negócios, o que o permite analisar tendências. O Brasil caiu de quinto destino de interesse em investimentos em 2011 para o sétimo, sendo ultrapassado por México e Estados Unidos. “De que ponto o Brasil é um país promissor?”, questionou. Para ele, as vantagens competitivas do Brasil são o potencial do crescimento futuro do mercado local e mão-de-obra mais jovem do que a japonesa. No entanto, o país precisa se concentrar em melhorar o ambiente de negócios. “Há muita insegurança jurídica, o sistema tributário e a arrecadação são complexos e pouco transparentes”, afirmou Hayashi.

CASO TOYOTA – Diretor da Toyota Motor Corporation, Shinya Kotera, diz que em fevereiro deste ano, a montadora inaugurou uma fábrica de motores e aumentou a produção em Porto Feliz (São Paulo). Em junho, implantou o novo Prius, com baixo consumo de combustível e amigável ao meio ambiente. E, pela primeira vez, criou um centro de design e laboratório de material para responder necessidades locais. “Mas, para manter a empresa competitiva, precisamos de um acordo de livre comércio que nos permita importar insumos da Europa e do Japão, para trazermos tecnologia”, afirmou. 

Kotera também defendeu acordos para capacitação de mão-de-obra e reconhecimento de diplomas e de certificados. Segundo ele, Japão e Brasil precisam desenvolver seus recursos humanos, ampliando o Ciência sem Fronteira e as pesquisas do CNPq. 

Além disso, para a Toyota, o Brasil deveria ter uma política automotiva para automóveis híbridos, com isenção ou redução de IPI e IPVA. “No Japão, também temos redução de impostos para carros tecnológicos e isso auxiliou a difusão dos carros híbridos. Na China há isenção para carros com bateria. No México, imagino que seja igual São Paulo, há rodízios de carros por placas. Mas no México, se o carro for híbrido, não tem essa limitação. Gostaria que o governo brasileiro pudesse considerar novas políticas”, sugeriu Kotera. 

O executivo afirmou ainda que está investindo no Brasil, mas seus esforços para tornar a empresa competitiva têm suas limitações. Ele esbarra na falta de fornecedores de ponta e na falta de acordos que incluam o Brasil nas cadeias globais de valor, o que reduziriam o custos dos carros produzidos pela Toyota no Brasil. Segundo Kotero, para a produção no Brasil é preciso importar muitos equipamentos da União Europeia, Japão e EUA. Para isso, a indústria paga 15% de imposto de importação. “A redução desses custos se torna muito importante. Estamos esperando o acordo automotivo entre Brasil e Colômbia, a exemplo do que o Brasil firmou com Argentina e México. O Brasil tem todo nosso apoio para fomentar o livre comércio”. 

 

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