8 razões para ensinar programação a crianças e adolescentes

Escolas SESI do Mato Grosso do Sul vão implantar plataforma de ensino de programação a crianças e jovens de 7 a 17 anos

Pioneira no ensino de robótica em Mato Grosso do Sul, as escolas do SESI já levaram alunos a desenvolver uma bengala eletrônica para guiar deficientes visuais ao interligar sensores e um GPS e uma máquina de lavar que reutiliza a água do descarte e economiza energia.

Depois de incluir a robótica no currículo e tornar a tecnologia em algo corriqueiro para os alunos, o SESI iniciou, nesta quinta-feira (9), a implantação de uma nova plataforma de ensino na rede de escolas, a RoboGarden, que vai ensinar programação para crianças e jovens de 7 a 17 anos de idade.

O desenvolvedor do aplicativo e presidente da RoboGarden, o PhD em Engenharia Geomática, Mohamed Elhabiby, foi a Campo Grande a convite do SESI para mostrar como a programação tem o poder de transformar o ensino e, desde os primeiros passos, preparar os estudantes para um mercado de trabalho que já é realidade, e respira tecnologia e demanda múltiplas habilidades do profissional.

Confira abaixo essas e outras razões apresentadas para ensinar programação nas escolas:

1. Promover um relacionamento mais inteligente das crianças com a tecnologia

Parece que crianças já nascem sabendo mexer no smartphone. E, de fato, começam a dominar tais ferramentas mais cedo do que se imagina. Mas, a verdade é que, muitas vezes, usam este conhecimento para comunicação e diversão. E param por aí. Por que, então, não transformar esta afinidade natural com a tecnologia em profissão? “Engana-se quem pensa que a programação é útil somente para quem quer fazer Ciência da Computação ou Engenharia. Hoje, e isso será crescente no decorrer dos anos, todas as profissões terão seus processos transformados. Advogados, contadores, porteiros, todos terão seus processos transformados diante da 4ª Revolução Industrial, e dominar conceitos de programação será indispensável”, diz Mohamed Elhabiby.

2. Os alunos aprendem, brincando, a programar com a linguagem JavaScript e Python

Lembra do Super Mario World? RoboGarden é bem semelhante a ele, inclusive os “mundos” que dão nome ao jogo de videogame e aparecem na tela da TV. Só que ele é jogado no computador e, enquanto cumpre as missões, o aluno aprende conceitos de programação e, para passar de fase, precisa desenvolver seus próprios códigos e aplicá-los a cenários matemáticos e de ciência. Ele nem percebe, mas, jogando, está aprendendo a programar. “O modelo de repetição de fórmulas matemáticas está ultrapassado e não desperta o interesse do aluno, que decora aquilo só porque vai cair na prova, mas não assimila, de fato, o conteúdo. A RoboGarden, por outro lado, estimula a criatividade e que o aluno pense em soluções para contribuir com a sociedade”, opina o professor doutor Amaury de Castro Junior, da Faculdade de Computação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A plataforma ensina o aluno a usar as linguagens JavaScript e Phyton, que são utilizadas na grande maioria dos computadores e softwares desenvolvidos em empresas do mundo todo, como a Microsoft.

3. Matemática deixa de ser um bicho de sete cabeças

Para crianças que não têm afinidade com a área de exatas, um dever de casa de matemática pode ser um martírio. Já para quem não gosta de português, as regras de acentuação e separar as sílabas confundem a cabeça. Mas a linguagem de programação que o aluno trabalha ao navegar pela RoboGarden torna a assimilação destas disciplinas muito mais simples pelo aluno. “Trata-se de uma plataforma interdisciplinar e que será utilizada pelos alunos em todas as disciplinas da grade curricular das escolas do SESI de Mato Grosso do Sul, da Matemática à Educação Física”, explica a pedagoga e mestre em educação Simone Cruz, que é gerente de educação do Sistema FIEMS, do qual o SESI faz parte.

4. Melhorar o desempenho em sala de aula

Aprender a lógica da computação ajuda o raciocínio, melhora o desempenho em outras disciplinas e estimula a criatividade. O superintendente regional do SESI/MS, Bergson Amarilla, defende que ensinar programação para as crianças é o mesmo que “ensinar a pensar”. Para ele, ao aprender a programar, alunos passam a ter a oportunidade de contextualizar o aprendizado adquirido na escola, compreendendo que o que o que foi apresentado em sala de aula pode ter uma aplicação prática no dia a dia. “É preciso abandonar velhos conceitos de educação e tornar as escolas realmente aderentes ao movimento da indústria 4.0. E ao adquirir a RoboGarden é isso que a Escola do SESI está fazendo, preparando seres pensantes e preparados para o que espera o mercado de trabalho”, diz.

5. Professores como facilitadores

Ao ensinar a linguagem da programação, os professores deixam de ser meros replicadores de conteúdos para os alunos, e passam a ser facilitadores do aprendizado. Ao invés de entrar na sala de aula e iniciar uma explicação que nem sempre prende a atenção da turma, o docente ser torna o responsável por motivar e reforçar valores como trabalho em equipe, a importância de ter um espírito empreendedor, organização e planejamento do tempo, entre outros. E, importante: não é preciso ser uma especialista em programação para conseguir repassar estes conceitos.

6. Ensino disruptivo

Falar em disrupção está na moda. Sabe quando a Netflix chegou e alterou profundamente o mercado das vídeo locadoras? As câmeras digitais tiraram a Kodak do jogo e a Uber balançou a mobilidade urbana? Isso é disrupção – uma inovação que cria um novo modelo e força o anterior a mudar ou torna-lo fracassado. E é isso que significa ensinar programação na grade curricular das escolas do SESI: romper o modelo de educação anterior, que já está ficando obsoleto, e inovar para se adequar ao novo. “É um desafio que já está presente: oferecer para os estudantes uma metodologia atrativa e que, consequentemente, melhore seus resultados”, comenta o reitor do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), Luiz Simão Staszczak.

7. Faltam programadores para suprir a demanda do mercado de trabalho

No Canadá, a RoboGarden precisou desenvolver um programa de formação interna de seus funcionários como forma de estimula-los a permanecer na empesa e não ceder às ofertas tentadoras do país vizinho, os Estados Unidos, conta Mohamed Elhabiby, o desenvolvedor da plataforma. A procura por profissionais qualificados é tanta que os estadunidenses chegam a oferecer salários três vezes maiores. “É isso que o mercado procura. Gente que, desde cedo, teve um olhar diferente, e foi preparado para que o mercado espera”, afirma a gerente da unidade de orientação empreendedora do Sebrae/MS.

8. Tendência mundial

Escolas de todo os EUA vêm aderindo à tendência. O sistema de ensino público de Chicago espera ter a ciência da computação como matéria obrigatória em seus 187 colégios de ensino médio até 2019. No Brasil, algumas escolas, como o SESI, oferecem um ensino tecnológico, voltado a programação, robótica e mídias digitais, mas ainda são poucos.

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