7 inovações sustentáveis para indústria brasileira

De estimulante sexual a tijolo que reduz a temperatura dos ambientes, estudantes do SENAI têm projetos inovadores e sustentáveis!

Estudantes de todo o país do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) estão em busca de soluções inovadoras e sustentáveis para a indústria brasileira. Uma demonstração das melhores iniciativas em andamento foram apresentadas na última edição do Inova SENAI. Os projetos foram apresentados em forma de novos processos ou produtos, com potencial para transformar diferentes setores. 

Entre as soluções desenvolvidas em sala de aula, chama atenção o número de produtos com uso sustentável dos recursos naturais em setores como o alimentício, de medicamentos e têxtil. Por ser um dos países com maior biodiversidade do mundo, o Brasil tem um mercado promissor, o qual os futuros profissionais e a indústria têm explorado.

Os projetos inovadores são elaborados para ter ter viabilidade técnica e comercial, além de ser uma oportunidade para que as empresas identifiquem grandes talentos e soluções para os seus problemas. A Agência CNI selecionou sete produtos que se destacaram na área de sustentabilidade e podem ser considerados um termômetro dos desafios e do futuro da indústria brasileira para os próximos anos:

Confira os diferenciais e as curiosidades de cada produto: 

1º - Suplemento sexual para mulheres (Aphrodite)

O Aphrodite é um suplemento estimulante sexual feminino, desenvolvido a partir da combinação de matrizes vegetais (Marapuama, Canela, Guaraná e Catuaba), conhecidas como compostos afrodisíacos, e também biomassa de microalgas, devido a presença de compostos bioativos.

Diferente dos outros produtos que já existem no mercado, com efeitos passageiros, o Aphrodite tem como inovação a proposta de um tratamento para estimular a libido feminina de forma progressiva, além de servir como um suplemento vitamínico.

Os planos do grupo do SENAI CIMATEC (BA) para o futuro do produto é difundir a proposta, ganhar visibilidade e conseguir investidores e parceiros para o projeto. 


“Desejamos quebrar as barreiras sociais, contribuindo para o bem-estar e uma vida sexual saudável e prazerosa; ajudando no processo de desconstrução dos tabus morais e sociais imposto às mulheres! O Aphrodite é um projeto idealizado por mulheres para mulheres”, diz a equipe.


O Aphrodite será inserido como uma opção mais natural e, consequentemente, com menores efeitos colaterais associados. Para isso, a equipe pretende patentear o estimulante.

2º - Areia higiênica para gatos de bagaço de malte (Cat and beer) 

As cervejarias e microcervejarias têm se multiplicado no país e a produção de 100 litros de cerveja gera de 14 a 20 kg de subproduto, principalmente bagaço de malte. A Dalla Cervejaria, em Chapecó (SC), por exemplo, gera em média 40 toneladas de bagaço de malte por mês. 

Pensando nesses resíduos, a equipe do Cat and Beer viu uma oportunidade de usar o bagaço como substituto das areias de gatos. O grupo começou com a testagem para ver se os animais utilizariam o material após passar por um processo de secagem. Os estudantes também avaliaram como ficavam os flocos de xixi e fezes no material.

As alunas da Faculdade SENAI Chapecó (SC) já estão correndo atrás do registro do produto e procuram um investidor-anjo para comerçar a produzir 1 mil pacotes, avaliar vendas no atacado, como redes de supermercado e pet shops, e depois aumentar a produção.


“É biodegradável. O bagaço passa só por um processo de secagem,  já no formato da caixa. Os gatos aprovaram. Com a pandemia, as pessoas investiram em pets, em ter bichinho em casa”, avalia a equipe.


A areia higiênica para gatos Cat and Beer não tem contraindicações para o pet, é biodegradável, ecologicamente correta, funcional e agrega até 1.400% ao valor do subproduto.

3º - Tinta para cabelo de frutas vermelhas (Color Berry’s)

As tintas tradicionais podem danificar os cabelos, desde irritação do couro cabeludo até cortes químicos.

Foi isso que motivou estudantes do SENAI de São Paulo a criar a Color Berry’s, uma tintura a base de ingredientes naturais, sem compostos prejudiciais à saúde capilar. Menos agressiva, a tinta pode ser utilizada mais vezes. 

As várias cores da tinta - vermelho, rosa, roxa - são obtidas a partir de frutas vermelhas como morango, framboesa e mirtilo. A fórmula também leva um fixador orgânico para ajudar a estabilizar o produto.  


“Além da fixação, a durabilidade de 35 dias foi aprovada pelos usuários. Outro ponto de destaque foram os relatos de hidratação”, explica o coordenador Marcos Ruiz.


A equipe teve bons resultados durante o Inova e, agora, as expectativas são conseguir colocar a marcar no mercado e patentear o produto. 

4º - Tijolo de isopor e garrafa PET

No Piauí, alunos do SENAI tiveram de encontrar uma solução para o desafio proposto por uma empresa parceira, que queria alternativas para refrescar os ambientes. 

Eles pensaram em como os materiais de construção podem contribuir para garantir maior conforto térmico, principalmente em lugares quentes como o Piauí.

DepoIs de muitos testes, chegaram a um tijolo feito de isopor, garrafas PET, areia, cimento e água.

O resultado foi surpreendente: o material pode reduzir em até 12º C a temperatura dos ambientes. 


“Avaliamos a viabilidade econômica do produto, com o atrativo e diferencial dos materiais reutilizáveis. Podemos pegar os insumos em empresas como restaurantes, que separam para reciclagem, e utilizar para fazer os tijolos”, destaca a equipe. 


De acordo com o 11º Censo da Reciclagem do PET no Brasil, o país reciclou 55% das embalagens de PET descartadas pela população em 2019. O volume equivale a 311 mil toneladas do produto – 12% acima do registrado em 2018.

5º - Leite em pó de melão (Milon) 

Já tomou leite de melão? Além de nutritivo, o projeto dá um uso sustentável (e potencialmente rentável) às sementes de melão.

O projeto do Milon surgiu com a necessidade real de uma indústria parceira, produtora de polpas de frutas, que procurava nova destinação às sementes do melão.

A equipe da Escola Técnica SENAI Paulista (PE) teve a ideia de criar um produto alimentício com as sementes, unindo a necessidade de reaproveitamento e observando a demanda de uma fonte alternativa ao leite da vaca.

O leite vegetal feito a partir das sementes do melão  atende diferentes tipos de pessoas: quem busca uma vida mais saudável, veganos, pessoas com intolerância ou alergia à lactose ou à proteína do leite.

O produto é rico em vitaminas B6, A, D, E, K, cálcio, magnésio, além de selênio, entre outros. É sustentável e de fácil manuseio. E, apesar de existirem outros leites vegetais no mercado, o Milon é uma das alternativas em pó sem origem animal. 

6º - Spray cicatrizante de casca de banana e gengibre (Biospray)

O Biospray tem propriedades fitorápicas para o tratamento de ferimentos na pele e cicatrização de lesões epiteliais. É desenvolvido com componentes bioativos anti-inflamatórios e cicatrizantes presentes na casca da banana e no gengibre.

Por se tratar de um produto fitoterápico, os testes e a eficiência são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a pandemia, essa etapa de testes foi inviabilizada. Por isso, a longo prazo, o grupo pretende dar continuidade a execução dos testes necessários para a consolidação do Biospray no mercado. 

O objetivo da equipe do SENAI CIMATEC (BA) é melhorar a qualidade de vida da população, utilizando a biotecnologia para desenvolver o Biospray.


“Sabemos que a inovação envolve riscos e exige comprometimento, mas apostamos no potencial do nosso produto. Por este motivo, estamos em busca de investidores e parceiros. Nosso desejo é causar impactos sociais positivos, além de obter retorno financeiro”, diz a equipe. 


A ideia de patentear o produto é algo almejado pelo grupo e, por isso, os planos para dar início ao processo já estão sendo posto em execução.

7º - Bala protéica da planta ora-pro-nóbis (Orapronatu)

Em Chapecó (SC), estudantes de engenharia de alimentos da Faculdade SENAI perceberam que muitas balas não têm ingredientes naturais. 

“Começamos a pensar em fazer algo nutritivo, uma bala proteica. Aqui já tem puxa-puxa feito com açúcar mascavo. E essa planta, ora-pro-nóbis, está sempre disponível, cresce em todo o Brasil e é fácil de produzir”, conta a professora Fabiane.

Além do açúcar mascavo e da ora-pro-nóbis, a receita dos estudantes leva casca de laranja. 


“A casca de laranja dá o toque final, dando um gostinho. É bem gostosa. Amigos veganos disseram que, normalmente, não conseguem comer doces porque têm gelatina, de origem animal. A nossa bala é uma alternativa natural para o problema", diz


O grupo participou da etapa estadual do Inova, em novembro, na qual ficou em 2º  lugar. Na disputa, os 22 kg da bala, distribuidos em 2 mil unidades, acabaram rapidinho.  

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