Sistema Indústria forma com extrema qualidade e rapidez

Em entrevista para a Revista da Indústria Brasileira, o vice-presidente de Assuntos Corporarativos da Ford na América do Sul, Rogelio Golfarb, elogia o trabalho do Sistema Indústria e conta como a parceria com o SENAI foi importante para viabilizar a fábrica de Camaçari, na Bahia

Rogelio Golfarb

Qualificar os trabalhadores para que estejam preparados para as funções que as novas tecnologias impõem. Esse é o principal desafio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI) para os próximos anos, segundo o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb. “O investimento em sistemas de última geração não leva a nada se não tivermos pessoas preparadas para pensar, administrar e operar essa tecnologia”, afirma.

De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pelo SENAI, o Brasil precisará qualificar 13 milhões de trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico e de qualificação entre 2017 e 2020. Em entrevista para a Revista da Indústria Brasileira, Golfarb fala desse processo de qualificação da mão de obra. 

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Na sua opinião, qual é a importância do SENAI no processo de qualificação técnico-profissional no Brasil?

ROGELIO GOLFARB - A indústria está cada vez mais tecnológica e os profissionais precisam acompanhar essas novas tecnologias para estarem inseridos no mercado de trabalho. Uma das bases de atuação do SENAI é a preparação de mão de obra qualificada para a indústria como o Programa de Aprendizagem Industrial, que capacita os jovens para o mercado de trabalho. Além disso, o SENAI tem um papel muito importante na continuidade do processo de qualificação desses profissionais.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Como essa qualificação pode preparar empresas e trabalhadores para a indústria 4.0?

ROGELIO GOLFARB - Essa transição para a indústria 4.0, que é de altíssima produtividade e derivada do uso de tecnologia de ponta, da digitalização e da Internet das Coisas, requer uma maneira de trabalhar completamente diferente. Porém, todo o investimento em sistemas de última geração não leva a nada se não tivermos pessoas preparadas para pensar, administrar e operar essa tecnologia. Ninguém consegue fazer isso melhor que o SENAI e as nossas experiências podem comprovar. O SENAI consegue combinar experiências práticas e acadêmicas no desenvolvimento das pessoas, tornando-as capacitadas para a indústria 4.0.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - E como isso contribui para aumentar a produtividade e a competitividade?

ROGELIO GOLFARB - Vencer os desafios da competitividade, sempre superando as expectativas do consumidor com produtos inovadores e de qualidade, faz parte dos nossos objetivos. Ter colaboradores alinhados com essa meta, portanto, é fundamental. E a qualificação é peça-chave nesse processo. Empresas que investem na formação e capacitação dos seus colaboradores são capazes de alcançar metas com mais assertividade, já que o trabalhador, preparado e motivado, veste com mais facilidade a camisa da companhia e, consequentemente, se empenha ainda mais para alcançar objetivos e obter melhores resultados.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Como você vê a importância da educação tecnológica realizada pelo Sistema Indústria?

ROGELIO GOLFARB - São diversos os benefícios em receber o apoio do Sistema Indústria, integrado pelo SENAI e pelo SESI. Na Ford, temos como exemplo a implantação da fábrica da empresa em Camaçari, na Bahia. Como a unidade foi instalada fora do eixo automotivo tradicional, houve dificuldade para encontrar mão de obra preparada para a necessidade da Ford para atuar na produção dos veículos. Numa parceria entre Ford e SENAI-Cimatec foi lançado o Fast Track, um programa com o objetivo de acelerar a especialização de mão de obra e complementar a formação de tecnólogos automotivos na região. Também contamos com o apoio e conhecimento técnico do SENAI para capacitar os colaboradores para nos ajudarem a atender às exigências da legislação como  a formação em Ponte Rolante (atende à Norma Regulamentadora 11, que estabelece requisitos de segurança para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras).

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - As pesquisas mostram que profissionais formados pelo SENAI e pelo SESI conseguem se empregar mais rapidamente. Por que há preferência das empresas por esses profissionais?

ROGELIO GOLFARB - Os profissionais formados pelo SENAI e pelo SESI são uma mão de obra extremamente qualificada, pois recebem a formação de um corpo docente altamente especializado e oriundo da própria indústria. A formação oferecida pelo SENAI/SESI possibilita que os profissionais se tornem cada vez mais capacitados e preparados para os desafios do mercado, tendo assim um maior potencial de empregabilidade.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Do ponto de vista da qualificação profissional, quais os principais desafios para o Sistema Indústria nos próximos anos?

ROGELIO GOLFARB - A indústria 4.0 é uma realidade em todo o mundo, mas aqui no Brasil ainda é um desafio para grande parte das empresas. De acordo com um estudo publicado recentemente pela consultoria PwC Brasil, apenas 9% das empresas brasileiras se classificam como avançadas digitalização.  Haverá cada vez mais a necessidade de as empresas passarem pelo processo de transição, como modernizar a linha de produção para automação, por exemplo. Do ponto de vista da qualificação profissional, é importante tornar os colaboradores cada vez mais adaptados e qualificados para as novas funções que a nova indústria impõe.

Relacionadas

Leia mais

Pesquisa da CNI indica que fim do período de demissões na indústria está próximo
CNI lança aplicativo para iOS e Android para explicar a nova legislação trabalhista
Empresários brasileiros vão a Abu Dhabi em busca de novos negócios

Comentários