SENAI e SESI promovem a competitividade da indústria brasileira

A ampla oferta de cursos e programas de qualificação das duas instituições melhora a formação técnica dos trabalhadores e aumenta a produtividade, diz o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi

Apoiar a competitividade da indústria brasileira por meio da qualificação profissional é a principal missão do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI). É o que diz o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, que também é diretor-superintendente do SESI. Para ele, o principal desafio nos próximos anos é continuar fazendo com excelência o trabalho de formação técnica para atender à indústria, o que contribui não apenas para elevar a produtividade, mas também para inserir com rapidez os profissionais treinados no mercado de trabalho. Confira a íntegra da entrevista para a Revista da Indústria Brasileira:

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Qual a missão principal do SENAI e do SESI? 

RAFAEL LUCCHESI - A indústria tem um papel fundamental na geração de riqueza para as nações e o desenvolvimento industrial passa, fundamentalmente, por fatores de competitividade microeconômicos, que estão na órbita de atuação das empresas, dentro das fábricas.O SENAI e o SESI têm como principal missão apoiar a competitividade da indústria brasileira. Há, claro, outros aspectos sistêmicos, que dependem, por exemplo, de carga fiscal e segurança jurídica. A educação de qualidade, contudo, está ancorada em um conjunto de instituições que apoiam a competitividade da indústria, e entre elas o SENAI e o SESI desempenham um papel estratégico.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Qual a importância das duas instituições para a qualificação técnica e profissional dos trabalhadores?

RAFAEL LUCCHESI - O Brasil tem um grave problema de produtividade do trabalho. Precisamos de cinco trabalhadores brasileiros para ter a mesma produtividade do trabalho de um norte-americano, quatro brasileiros para um alemão ou três brasileiros para um sul-coreano. E a nossa produtividade está estagnada há muito tempo. O SENAI é uma instituição-chave na promoção dessa agenda de produtividade, atuando como principal apoiador da indústria brasileira em treinamento e qualificação de técnicos de nível médio.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Como isso é feito?

RAFAEL LUCCHESI - O SENAI tem 28 observatórios, onde acompanhamos as tendências tecnológicas de cada setor industrial. Não espero a indústria petroquímica mudar de padrão técnico para começar a rever o que é feito em sala de aula. Acompanho sempre com um horizonte prospectivo de cinco anos e estou sempre ajustando o material de cada um dos setores industriais, de maneira que o trabalhador formado ou requalificado pelo SENAI esteja sempre acompanhando os requisitos mais avançados de formação técnica. Isso é extremamente importante porque a gente tem um efeito de difusão tecnológica na formação da mão de obra.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Quais os desafios para o SENAI nos próximos anos?

RAFAEL LUCCHESI - O SENAI já chegou perto de 4 milhões de matrículas anuais. Neste ano de crise vamos formar 2,6 milhões. Quando chegamos perto de 4 milhões, o Pronatec estava tendo um desempenho muito positivo e a indústria estava crescendo. O que podemos dizer é que o SENAI tem o domínio profundo de todas as competências de que a indústria precisa e incorpora as novas tendências disruptivas da chamada indústria 4.0. No Brasil, é a instituição com maior competência para apoiar a indústria na necessidade de provimento de mão de obra. Nosso grande desafio é continuar fazendo isso com a mesma excelência.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - Assim como o SENAI, o SESI também já trabalha há alguns anos com educação a distância. Qual a importância dessa modalidade de ensino?

RAFAEL LUCCHESI - Acredito que no futuro não vai existir a frase educação a distância porque grande parte de tudo que nós temos não será necessariamente presencial. Isso já está disponível e vai ser cada vez mais comum. Então, o que se vai ter no futuro será educação com diferentes níveis de presencialidade flexíveis. A educação profissional, da qual o SENAI se ocupa, vai ser sempre presencial, mas não precisa ser 100% presencial. O SENAI já desenvolveu cursos para 70% da demanda que ele já tem de forma não presencial. Isso vai ao encontro de um país de dimensão continental e de uma lógica de inclusão social. Ou seja, o SENAI pode disponibilizar esses cursos em qualquer parte do território brasileiro. E isso tem acontecido.

REVISTA DA INDÚSTRIA BRASILEIRA - E no caso do SESI?

RAFAEL LUCCHESI - O SESI oferece Educação Básica para Jovens e Adultos (EJA), ações educativas com escolas que são consideradas de excelência na rede de ensino brasileiro e atividades voltadas para os filhos dos trabalhadores ou pessoas de baixa renda. Com 580 unidades, o SESI é a maior rede privada de educação no Brasil. Essas escolas têm um foco no ensino de engenharia, ciências e matemática, a que chamamos de educação para o mundo do trabalho. Para evitar que o aluno tenha que recomeçar do zero, nosso EJA faz um reconhecimento de saberes, de maneira que ele aproveite o conhecimento que já tem.

No EJA, 80% das atividades são a distância e 20%, presenciais.  Como cada aluno tem seu plano específico de trabalho, a parte presencial é constituída de um conjunto de aulas práticas e verificação de aprendizagem. As ações educativas de grande alcance, em grande medida feitas a distância, são mais importantes no chão de fábrica, e ensinam a lidar, por exemplo, com os equipamentos de proteção individual, o que é específico para cada segmento da indústria. Com mais de 350 cursos no portfólio, atendemos a milhões de trabalhadores permanentemente. Uma parte importante da produtividade brasileira está, hoje, muito apoiada nos serviços do SENAI e do SESI.

REPRODUÇÃO DA ENTREVISTA - As entrevistas publicadas pela Agência CNI de Notícias podem ser reproduzidas na íntegra ou parcialmente, desde que a fonte seja citada. As opiniões aqui veiculadas são de responsabilidade do autor. Em caso de dúvidas para edição, entre em contato pelo e-mail [email protected]

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