Políticas de educação, ciência, tecnologia e inovação devem ter agenda de Estado

Mais novo integrante do Conselho Nacional da Educação, o diretor-geral do SENAI Rafael Lucchesi fala sobre os desafios para o mandato

A cerimônia de posse foi realizada nesta quarta-feira (04), em Brasília

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, é o mais novo integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). O órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) tem o papel de diagnosticar problemas e definir medidas para aperfeiçoar os sistemas de ensino em seus diferentes níveis e modalidades. Juntamente com 11 membros, ele integrará a Câmara de Educação Superior. Outros 12 formam a Câmara de Educação Básica.

Lucchesi assume como conselheiro no momento em que o país discute a criação de uma Base Nacional Comum Curricular. A proposta de currículo mínimo para todos os alunos das 190 mil escolas de educação básica do país abre a possibilidade de ampliar a oferta de educação profissional. Logo depois da posse como conselheiro, Rafael Lucchesi conversou com a Agência CNI de Notícias sobre os desafios para o mandato. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista:

"É necessário haver ações de Estado, para além dos governos" - Lucchesi

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Essa é sua segunda vez que você é nomeado para conselhos nacionais, a primeira foi no de Ciência e Tecnologia. Como você avalia o trabalho dessas instâncias de participação?

RAFAEL LUCCHESI -
É um trabalho fundamental. As agendas de educação, ciência, tecnologia e inovação só têm seus resultados em longo prazo, de forma geracional. É necessário haver ações de Estado, para além dos governos. Por isso, a atuação do CNE tem o papel decisivo de buscar perspectiva estratégicas e de longo prazo da política educacional, que é fundamental para o desenvolvimento econômico, social e da cidadania. Na sociedade do conhecimento, a educação tem um papel central.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Quais os principais desafios do CNE no próximo período?
 

RAFAEL LUCCHESI - Certamente, são as respostas estratégicas para a Base Nacional Comum Curricular. Precisamos fortalecer a perspectiva de melhorar a qualidade da educação, resolver o problema da matriz educacional brasileira, que ainda oferece pouco o ensino técnico como alternativa para os jovens estudantes e também para uma quantidade grande de adultos que passou pela escola, mas tem poucos anos de escolaridade e não tem uma profissão. Trata-se de uma população mais fragilizada socialmente e para a qual o Estado pode dar uma resposta afirmativa por meio da educação regular combinada com a educação profissional. São 80 milhões de brasileiros que não têm o ensino médio completo.


AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como sua atuação no SENAI pode contribuir para o trabalho na Câmara do Ensino Superior, ao qual estará ligado?

RAFAEL LUCCHESI - O SENAI é um grande ator na área da educação profissional, mas também tem um trabalho relevante no ensino superior, principalmente na formação de tecnólogos e nas engenharias. Nós acreditamos, inclusive, que é necessário haver maior flexibilidade entre essas áreas de forma que um técnico em mecânica, por exemplo, possa abater créditos em sua formação de tecnólogo em mecânica. Da mesma forma, o cumprimento de parte do curso de tecnólogo pode já conferir ser a formação técnica para que, caso o estudante não conclua o curso, ele já possa ter seu diploma. O marco regulatório para isso já está progredindo. Certamente, a formação superior e a técnica precisam dialogar. O pleno do Conselho Nacional de Educação pode ser uma instância importante para avançar nesse sentido.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Você citou o Programa Nacional de Apoio ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) como uma política recente importante para melhorar a qualidade da formação dos jovens e dos trabalhadores brasileiros. Que lições essa experiência pode trazer para outros níveis de ensino?

RAFAEL LUCCHESI - O Pronatec tocou em um ponto central da nossa matriz educacional, que é o desbalanceamento entre formação básica e a formação técnica oferecida no Brasil. Apenas 9% dos estudantes do ensino médio fazem também educação profissional. Nos países da Europa, esse índice supera os 50%. Ao tentar solucionar isso, o Pronatec assume a condição de uma política de Estado. Nada melhor do que o fórum do Conselho Nacional de Educação para tratar dessas questões. A Base Nacional Comum Curricular, lançada nessa terça-feira (03), já expressa essa preocupação com a perspectiva de ajustar a formação profissional a partir da perspectiva de política de Estado.

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