A IBM Brasil é uma empresa que vem se destacando na transformação de seus negócios. Uma variedade de estilos de integração para extrair, ingerir, transferir, virtualizar e transformar dados, orientados por políticas de dados a fim de maximizar o desempenho e reduzir os custos e o armazenamento são apostas da empresa.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), conversou com Marcelo Braga, presidente e líder de tecnologia da IBM Brasil sobre tecnologias de nuvem híbrida, inteligência artificial (IA) e 5G. Braga está na IBM desde 1998, tendo acumulado experiência na liderança de unidades chave na empresa. Atuou como vice-presidente de vendas da IBM Brasil. Ele é formado e pós-graduado em análise de sistemas pela Universidade Católica de Brasília, tem MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral, MBA em Marketing pela ESPM, MBA em Gestão pelo IBMEC e imersões na Harvard Business School e na Wharton Business School.
O líder é presença confirmada no 9º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, em março. Ele vai participar do fórum “Tecnologias disruptivas, ética e regulação: impasses entre a velocidade da inovação e da atividade regulatória”, no dia 9, às 15h10. Confira abaixo a íntegra da entrevista.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - A IBM iniciou esse ano com reestruturações. O que esperar da sua gestão? Quais os desafios e tendências?
MARCELO BRAGA - Estamos passando por mais uma transformação significativa na IBM, que vai trazer o poder das tecnologias de nuvem híbrida e inteligência artificial (IA) para clientes em todo o mundo.
De forma geral, vejo estas duas tecnologias como tendências em destaque, que vão direcionar nossa atuação neste e nos próximos anos: a nuvem híbrida, que cria ambientes integrados e capacidade de rápida expansão, com o uso de muitas nuvens, sistemas de tecnologias internas e formas de proteger seus dados; e a inteligência artificial, com soluções que têm reforçado nossa habilidade para ajudar os clientes a criar formas inteiramente novas de fazer negócios. Essas tecnologias indicam um caminho de grandes oportunidades para as empresas que estão no processo de transformação digital e também para aquelas que já tem uma estrutura tecnológica consolidada e agora buscam atingir um novo nível de maturidade digital em suas operações.
Acredito que estamos prontos para esse novo ciclo, com um diferencial que vem da habilidade única da IBM de aproveitar peças diferentes de tecnologia – hardware, software ou serviços – e uni-las de forma a criar um valor perene para nossos clientes, resolvendo seus problemas de negócios mais urgentes.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - A pandemia da Covid-19 acelerou o surgimento de novas tecnologias pelo mundo. A digitalização foi um processo fundamental, como você vê essa influência?
MARCELO BRAGA - Os últimos anos evidenciaram a tecnologia como uma grande aliada para apoiar operações de empresas em diferentes indústrias. Muitas ampliaram o uso da tecnologia em seus processos de negócio, movimento alavancado pelo cenário de hiperdigitalização que começou em 2020, com o início da pandemia.
As necessidades impostas pela pandemia promoveram um avanço em muitas frentes e a nuvem híbrida foi uma delas. Um estudo global conduzido pelo IBM Institute for Business Value (IBV) em colaboração com a Oxford Economics, entrevistou quase 7.200 executivos C-suite de 28 indústrias e 47 países sobre transformação da nuvem e indicou uma mudança interessante na necessidade de negócios: somente 5% dos entrevistados relataram usar uma única nuvem privada ou pública em 2021, em comparação com 45% em 2019. Isso indica uma nítida ascensão da nuvem híbrida como arquitetura de TI dominante nos últimos anos e a importância da adoção de ambientes híbridos.
A segurança da informação também ganhou maior protagonismo, uma vez que o número de interações remotas aumentou e, consequentemente, o volume de dados transacionados e compartilhados. Com uma maior preocupação com a proteção e integridade dos dados, os investimentos em segurança passam a ter prioridade. O mesmo estudo que mencionei anteriormente mostrou que 84% dos respondentes afirmam que a segurança de dados embutida em toda a arquitetura de nuvem é importante ou extremamente importante, na maioria dos casos, para as iniciativas digitais de sucesso. Não à toa, o avanço das tecnologias acontece de forma integrada, já que para poder aproveitar as capacidades e recursos da nuvem e da inteligência artificial é essencial ter segurança e conformidade em várias plataformas como nuvens privadas, públicas e hardware local.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Na sua visão, como a inovação ajudou as empresas a superarem parte dos desafios gerados pela pandemia?
MARCELO BRAGA - Não há dúvidas de que o processo de transformação digital das companhias acelerou durante a pandemia. Mesmo quem ainda não estava participando desse movimento encontrou uma necessidade crescente de adotar soluções digitais, enquanto as empresas que já haviam aderido ao processo, fortaleceram ainda mais suas estruturas de tecnologia. Um exemplo foi a enorme adoção da computação em nuvem para apoiar os funcionários em home office a suportar uma operação de e-commerce, enquanto a inteligência artificial também teve um papel relevante para possibilitar o relacionamento com o cliente de forma automatizada e conseguir manter o nível de atendimento, entre muitas outras atribuições.
A partir desse plano de fundo, notamos mudanças significativas em variados setores da economia e é fato que a tecnologia foi fundamental para superar os desafios e tornar as empresas mais resilientes para enfrentar futuros momentos de instabilidade. Hoje, lidamos com um novo panorama para as relações B2B e B2C, com foco na experiência do consumidor, e apoiado por uma estrutura tecnológica que integra processos, agiliza a tomada de decisão baseada em dados e aumenta as possibilidades de inovação dentro das companhias. Com a consolidação da digitalização, o pensamento voltado para a inovação também progride, na busca de soluções para impulsionar ainda mais a capacidade de resolver problemas, simular cenários e conectar colaboradores, parceiros e clientes.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - A IBM tem desenvolvido um importante papel de integrar o mundo moderno e a tecnologia ao mundo real. Mais especificamente sobre o Brasil, quais são os desafios e desvantagens nesse processo?
MARCELO BRAGA - O Brasil é um país complexo e com diversos desafios, assim como muitas oportunidades. É necessário entender a realidade e as demandas das empresas brasileiras. Na IBM, levamos em conta as particularidades de seu mercado e da sua indústria, tanto as grandes empresas quanto os pequenos empreendimentos, para resolver os problemas de negócios dos nossos clientes.
Enxergamos inúmeras oportunidades no Brasil, com grande espaço para soluções de automação com Inteligência Artificial, podendo inclusive tornar-se protagonista em sua adoção. Com esse cenário, temos ampliado os investimentos em produtos e pesquisa nessa frente, como o primeiro Centro de Inteligência Artificial do Brasil, em parceria com a USP e a FAPESP, que celebrou 1 ano de existência em 2021. Ainda, o uso do IBM Watson Assistant, nossa tecnologia de assistente virtual baseada em IA, duplicou em 2020 no Brasil, como parte do movimento para suportar canais de comunicação mais humanizados e ajudar os clientes a acelerarem o processo de digitalização durante a pandemia.
Vale mencionar também que, em 2020, comunicamos sobre a aquisição da WDG Automation, empresa brasileira de software especializada em automação robótica de processos, com o objetivo de aumentar as capacidades da IBM em automação com infusão de inteligência artificial.
Investimentos para expandir nossa presença global em nuvem híbrida também estiveram entre as nossas movimentações recentes. Anunciamos em 2021 o início das operações de primeira IBM Cloud Multizone Region (MZR) na América Latina, construída a partir do data center existente no Brasil. A proposta é promover o crescimento dos negócios na região, marcando o compromisso de longa data da IBM para a implementar, com segurança, cargas de trabalho de missão crítica com altos níveis de resiliência em ambientes de nuvem híbrida.
Outro campo de oportunidades é o das tecnologias de telecomunicações. O leilão do 5G mobilizou o mercado e deve contribuir para o avanço das tecnologias no setor. Em suas previsões para 2022, a consultoria IDC estima que o 5G movimentará no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões até o ano de 2025, por meio de tecnologias como inteligência artificial, Big Data & Analytics, Cloud, segurança, AR/VR, Robotics e IoT. Nesse horizonte promissor, destaco um investimento importante realizado pela IBM, o lançamento do Centro de Soluções de Telecomunicações para 5G com Flex e FIT (Flex Institute of Technology), no final de 2020. Localizado no Brasil, o centro é voltado para pesquisas e testes que vão ajudar as operadoras de telecomunicações e empresas a avaliarem maneiras para impulsionar tecnologias de nuvem híbrida aberta em redes móveis 5G na América Latina.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - Um dos pontos que serão debatidos no Congresso de Inovação são tecnologias disruptivas, ética e regulação. Na sua opinião, quais os impasses entre a velocidade da inovação e da atividade regulatória?
MARCELO BRAGA - Acompanhar o ritmo da inovação é, com certeza, um desafio em várias frentes. Temos exemplos no mercado de trabalho do setor de tecnologia, que enfrenta um gap de skills por parte dos profissionais da área para lidar com as inovações que surgem a todo o momento, enquanto a velocidade do processo educativo discorre de forma mais lenta.
No que diz respeito a atividade regulatória, destaco algumas movimentações relevantes no intuito de regular políticas e práticas. A aprovação do Marco Legal para o uso da IA pela Câmara dos Deputados foi um marco para definir fundamentos e princípios para o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia, enquanto a Lei Geral da Proteção de Dados trouxe um novo patamar para a privacidade dos usuários e diretrizes para que as empresas pudessem atuar com conformidade.
Na IBM, entendemos que esse processo indica que o valor e poder de transformação que a tecnologia permite nos âmbitos econômico e social é cada vez mais reconhecida. São etapas fundamentais para aprofundar o debate de políticas públicas que podem incentivar e facilitar investimentos, assim como a criação de soluções disruptivas e uso responsável dessas inovações. A IBM acompanha os desdobramentos e busca contribuir para que o desenvolvimento tecnológico aconteça embasado na ética e na transparência.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA INDÚSTRIA - A IBM tem se destacado em estudos e projetos relacionados à computação quântica. Como as tecnologias quânticas podem mudar a indústria brasileira?
MARCELO BRAGA - A computação quântica é um conceito que já faz parte da nossa realidade e estamos vendo avanços inéditos no desenvolvimento de software, hardware e serviços que indicam a ascensão da tecnologia nos próximos anos. As aplicações da computação quântica são amplas, com benefícios para diversas indústrias e é essencial que os líderes de negócios acompanhem essas tendências e comecem a se preparar para aproveitar os potenciais dessa tecnologia. Isso inclui treinar seus colaboradores com skills e conhecimentos para explorar as capacidades dos sistemas quânticos e superar desafios que hoje, com a computação clássica, ainda são inacessíveis.
A IBM vem trabalhando com essa temática há anos, somando mais de 285 mil usuários registrados em nossa rede quântica. Em 2020, nossos investimentos foram cerca de 9% da receita total para P&D, com foco em oportunidades de alto valor e alto crescimento. Para nos manter na vanguarda da inovação tecnológica, contamos com um qualificado time de pesquisadores, a IBM Research, que tem desenvolvido novas soluções e trabalhado para melhorar as existentes. Inclusive, no final do ano passado, anunciamos um novo processador “Eagle”, de 127 qubits (bits quânticos) projetado por pesquisadores da IBM, um passo importante para chegarmos mais próximos do momento em que os computadores quânticos poderão superar os computadores clássicos em aplicações úteis.