Para expandirem negócios, empresas brasileiras investem em tecnologias da Indústria 4.0

A Granado, por exemplo, modernizou o complexo fabril em Japeri, no Rio de Janeiro, com recursos de automação industrial que unem todos os níveis da empresa

Digitalizar a produção é, cada vez mais, um caminho escolhido pelas empresas em busca de crescimento dos negócios e fortalecimento das marcas. Para isso, processos tradicionais dão lugar a automatizados, com o emprego de tecnologias capazes de otimizar procedimentos, rastrear possíveis falhas e aumentar a produtividade das equipes. Em junho deste ano, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que 48% das grandes empresas brasileiras pretendem investir em tecnologias da Indústria 4.0 em 2018. Essa foi a estratégia da Granado, empresa de cosméticos que mira a internacionalização da marca. 

A fim de potencializar o complexo fabril em Japeri, no Rio de Janeiro, recentemente, a Granado fez uma parceria com a Schneider Electric, especializada na transformação digital da gestão e da automação de energia, e desenvolvedora de soluções integradas para eficiência. A Granado implementou soluções de EcoStruxure, desenvolvida pela Schneider Electric, que integra todos os níveis da empresa e seus negócios, por meio da digitalização. 

O vice-presidente de Indústria da Schneider Electric Brasil, Cristiano dos Anjos, revela que essa tecnologia oferece ganhos para o chão de fábrica, com melhorias na eficiência, redução de consumo de energia, diminuição nas paradas não programadas e aumento da segurança de operadores. Além disso, segundo ele, há benefícios para a sustentabilidade dos negócios dos clientes, com a possibilidade de fábricas, agora digitalizadas, estarem conectadas a centros de distribuição, a fornecedores e ao consumidor final. 

Para o executivo, a demanda digital em grandes companhias traz transformações positivas. “Hoje, esse avanço é essencial, pois vai garantir a competitividade e sustentabilidade da indústria brasileira em um mercado cada vez mais digital e competitivo”, afirma. A Granado finalizou a implementação da inovação há um ano. Em entrevista para a Agência CNI de Notícias, o Diretor Industrial do Grupo Granado, Luiz Cesar Alves, fala sobre as motivações da empresa para apostar na Indústria 4.0 e os resultados da digitalização na fábrica de Japeri.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Que necessidades a Granado encontrou para aderir à manufatura avançada como forma de expandir a marca no exterior?

LUIZ CESAR ALVES – Com um portfólio de mais de 600 produtos, precisávamos aumentar a produtividade para suportar o crescimento da demanda, assegurando a qualidade dos nossos produtos, que é reconhecida pelo mercado. Precisávamos agregar a automação industrial ao nosso tradicional processo de produção.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – A implementação das soluções desenvolvidas pela Schneider Electric na fábrica da Granado, em Japeri (RJ), terminou em outubro do ano passado. Que melhorias foram identificadas no processo de produção até agora?

LUIZ CESAR ALVES – Garantia da repetibilidade nas fabricações através do total controle do processo produtivo. Além disso, rastreabilidade das informações de produção, através de relatórios e gráficos dos dados históricos de parâmetros de processo, como adições (algumas são automáticas), temperatura, velocidade e tempo de agitação. Além da detecção de possíveis falhas durante o processo, que facilitam a tomada de decisão para o plano de ação a ser tomado. Também a documentação técnica de fabricação (exigida pelos órgãos regulatórios), que antes era preenchida manualmente, hoje é gerada automaticamente logo após a finalização do processo.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Quais foram os principais desafios encontrados pelos funcionários da Granado diante da adesão da companhia a processos automatizados? E os ganhos para a equipe?

LUIZ CESAR ALVES – Quantos aos desafios, estimamos que pudesse haver dificuldade na aderência do sistema por parte dos colaboradores mais antigos ou aqueles com dificuldade no uso de tecnologias e sistemas operacionais. Mas, para a nossa surpresa, todos participaram do treinamento ativamente e, em nenhum momento, percebemos qualquer tipo de dificuldade em assimilar ou operar o sistema. Os ganhos foram na qualificação dos colaboradores, o que gerou uma satisfação pessoal e refletiu diretamente na motivação da equipe. Além disso, um ambiente de trabalho mais agradável em função da segurança que o sistema nos proporciona.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Um dos benefícios da tecnologia adotada é a redução da emissão de resíduos. Como isso funciona?

LUIZ CESAR ALVES – Antes da implantação, o processo de limpeza dos equipamentos era realizado manualmente. Com a implantação do sistema aliado a estudos de validação de limpeza, criamos receitas de limpeza Clean in Place (CIP), que são realizadas automaticamente, reduzindo, assim, o uso do principal recurso utilizado na limpeza: a água. Além disso, após a implantação do sistema, não tivemos nenhuma reprovação de produto.

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Por que a adesão a tecnologias da Indústria 4.0 é importante para que metas como a internacionalização da marca sejam atingidas?

LUIZ CESAR ALVES – Em um mercado cada vez mais competitivo, as empresas procuram integrar às suas atividades as inovações tecnológicas de automação, controle da informação, que são aplicáveis aos processos de produção. A indústria 4.0 coleta e permite a análise dos dados entre equipamentos, possibilitando processos mais seguros, mais rápidos e mais eficientes, garantindo, produtos de maior qualidade, com menores custos. Permite a rápida tomada de decisão utilizando dados reais coletados em tempo real possibilitando maior assertividade.

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