INPI quer dar mais agilidade a análise de patentes em 2013

Maioria das cerca de 15 mil solicitações examinadas por ano pelo instituto fica na fila por uma década

Todos os anos o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) examina cerca de 15 mil depósitos de patentes. O número por si só é excelente, mas quando essa estatística é analisada detalhadamente o dado é enfraquecido. A maioria dessas solicitações ficaram na fila, em média, dez anos. Em países desenvolvidos, o tempo médio de espera é de quatro anos.

Para 2013, o INPI prepara uma série de medidas para mudar essa realidade. As novas ações serão implementadas para complementar medidas já adotadas no ano passado. De acordo com o diretor de Patentes do instituto, Júlio César Moreira, o INPI está alinhado com os objetivos do Plano Brasil Maior (PBM) que foca em áreas estratégicas como biotecnologia, nanotecnologia, fármacos e energias renováveis.

“Temos direcionado nossos esforços para essas áreas para dar uma resposta ágil à sociedade no que se refere ao exame de patentes”, afirma.

Nessa entrevista, Moreira fala do trabalho do instituto em 2013 e do lançamento de uma plataforma on-line para o depósito de patentes. O software deve tornar o processo mais ágil desde o envio das informações até a conclusão da análise.

Nos últimos anos, o INPI está focado em reduzir o tempo de espera das análises de patentes. O que está sendo feito para tornar o processo mais ágil?
O que temos feito até agora é basicamente sanear os processos e procedimentos internos do INPI, dando mais agilidade, diminuindo a burocracia. Em alguns casos, tornamos alguns processos dessas áreas estratégicas como prioritárias. E estamos fazendo uma informatização geral.Temos procurado eliminar os gargalos na parte administrativa para garantir que o pedido chegue na mão do examinador rapidamente e decidido num tempo recorde.

Para 2013, a grande novidade é a plataforma de depósito on-line de patentes. Quando ela estará no ar?
No início de março ela estará no ar. O software vai evitar que o depositante envie grandes quantidades de papel. Todo o trâmite será eletrônico e em tempo real, ou seja, muito mais rápido. As respostas, conforme forem sendo geradas, serão lançadas no site do INPI dentro do sistema já existente de patentes que permite ao depositante ter resposta em tempo hábil.

O tempo médio para decidir se a patente será ou não concedida é de dez anos. É possível estimar o tempo em que o sistema on-line vai reduzir essa espera?
A plataforma eletrônica vai ser mais um elemento facilitador do depósito. Como o pedido poderá ser feito pelo próprio depositante diminuirá os erros. Estimamos que algo em torno de 20% será melhorado na velocidade de processamento. O depósito sendo feito diretamente pelo depositante não precisa passar mais por um processo de digitalização, não precisa passar mais também por uma verificação formal de documentação e papel. O pedido vai direto para a área de exame.

Para o examinador o processo ficará mais fácil também?
Essa é a outra vantagem. O pedido em formato eletrônico pode estar em diferentes locais dentro do INPI ao mesmo tempo. Um examinador pode fazer a análise do pedido sem que ele abra mão do seu trabalho. Etapas que antes eram sequências agora podem ser feitas paralelamente.

Internamente o que vem mudando no INPI?
Até 2010, trabalhávamos com seis divisões técnicas. Muito pouco para um escritório de propriedade intelectual que trabalha com exame técnico de todas as áreas do conhecimento humano. No fim de 2010, passamos a ser 20 divisões técnicas e de duas coordenadorias passamos para quatro para processarmos melhor os pedidos. Com essa estruturação conseguimos melhorar o nosso fluxo de processos e especificamos melhor as áreas para qual cada um vai.

Desde 2004, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial vem se reestruturando. O governo federal tomou pé que se o país não investir na inovação tecnológica, patentes, marcas e direitos sob a propriedade intelectual provavelmente não conseguiríamos acompanhar o ritmo dessa nova era da inovação. Só conseguiremos isso tendo um sistema de propriedade intelectual forte, operante e ágil. A cada dia mais estamos trabalhando para reduzir os prazos e com o concurso novo esperamos ter o número de pessoas suficiente para conseguirmos diminuir esse prazo de decisão e conseguir dar tempo hábil para a resposta dos depósitos efetuados no INPI.

Qual o grande desafio do Brasil na área de patente?
Precisamos aumentar o número de depósito de patentes nacionais e também internacionais. Hoje 75% dos depósitos são feitos por estrangeiros. Além disso, temos uma dificuldade enorme que é a qualidade dos pedidos feitos. São pedidos mal escritos. Muitas vezes, as pessoas não procuram a assistência de um agente de propriedade intelectual e algumas vezes fazem por conta própria sem ter o conhecimento suficiente para fazer uma redação solicitando a patente e depositam sem revelar o que ela quer proteger. A maior parte dos indeferimentos é por insuficiência descritiva.

Como melhorar a qualidade dos pedidos?
O INPI oferece regularmente cursos nos núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), nas pequenas e micro empresas, em congressos e on-line. Ensinamos como a pessoa deve tomar conta do seu processo, como deve fazer o seu pedido de patente e como tem que redigir. Além disso, há profissionais especializados. O depósito de patente é importante não só para os institutos de pesquisa, como também para as empresas. A principal diferenciação dos mercados mundiais de competição que garante a vida das empresas que estão no seu mercado é a proteção de propriedade intelectual.

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