Douglas Santos, 18 anos, terminou o ensino médio em 2015 e tinha dúvidas sobre qual carreira seguir. A ideia, até então, era fazer um curso de Engenharia. No entanto, o hobbie que possui desde a infância – cozinhar – o levou a outro caminho. Em julho, se matriculou no curso de qualificação de Padeiro do SENAI de Alagoas e depois no de aperfeiçoamento em decoração de bolos e, agora em novembro, poucos meses depois, conquistou duas medalhas de ouro na Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de profissões técnicas da América Latina.
O segredo, segundo ele, foi a concentração, o esforço e muito estudo. O torneio já era um velho conhecido, teve vontade de participar desde a primeira vez que ouviu falar sobre a disputa. Foi por isso que, ao ingressar no SENAI, conversou com a professora para saber o que era necessário para garantir uma vaga. Ele se destacou como um dos melhores alunos, entrou para a delegação estadual e chegou ao topo do pódio da Olimpíada por duas vezes. Além disso, já trabalha com encomendas de docinhos e bolos.
Na OC2016, realizada pelo SENAI e pelo SESI com 1.200 estudantes de todo o país entre os dias 10 e 13 de novembro, em Brasília, Douglas foi o melhor no desafio individual de Confeitaria. Na prova, tinha 1h30 para preparar um bolo de casamento. O jovem apostou em um bolo clássico e caprichou nas flores e no acabamento, conquistando o público. “Depois da noiva, é o bolo a maior atração do casamento”, brincou o aluno do SENAI/AL.
Já no desafio por equipes, formadas por profissionais da Confeitaria, Panificação e de Alimentos, os grupos recebiam temas de festas. Eles tinham poucas horas para preparar a chamada Festa Saudável, para 20 pessoas, desenvolvendo receitas direcionadas a pessoas com restrição alimentar, como intolerância à lactose, ao glúten ou diabetes. As receitas do brigadeiro e da mousse de macaxeira foram alguns dos destaques da equipe alagoana, que conquistou o ouro na disputa coletiva, o segundo de Douglas.
A Agência CNI de Notícias conversou por telefone com Douglas. Ele contou que, após toda essa experiência, está decidido sobre o que fazer para o resto da vida: investir na área de Gastronomia e se especializar no tema que mais domina: os doces. Confira a entrevista:
O bolo de casamento feito por Douglas teve sabor dourado
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – O que representou para você participar da Olimpíada do Conhecimento?
DOUGLAS SANTOS - Foi muito além do que eu esperava. A Olimpíada é enorme e a organização, muito boa. Não pensei que fosse tudo aquilo. Participar da competição foi a realização de um sonho. Não imaginava conseguir medalhas. Eu estava bastante confiante, treinei muito nos últimos meses para fazer tudo certo.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Como foi o treinamento? Vocês tinham que preparar muitas receitas com um prazo apertado?
DOUGLAS SANTOS - Fazíamos um grande número de receitas, pesquisamos muito. Mas, para cozinhar, não é só a prática. É preciso estudar. Nosso portfólio estava bem recheado, levamos boas receitas para a competição. O que mais fez sucesso foi o brigadeiro e a mousse feitos com macaxeira.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Por que decidiu entrar na área de culinária?
DOUGLAS SANTOS – Quando criança, ficava observando minha vó cozinhando e queria aprender. Ela morreu quando eu tinha 10 anos, mas fiquei com aquilo na cabeça. Minha mãe também sempre gostou de cozinhar. Foi aí que pedi a ela para deixar eu fazer algumas coisas, isso com 11, 12 anos. Nem tudo dava certo e eu levava algumas broncas, né? Mas ela me apoiava. Até gosto de ir para a praia [ele mora a menos de 20 minutos da praia em Maceió], mas a cozinha, às vezes, é mais divertida.
Sempre fui muito tímido, gosto de ficar em casa. Amo doces, qualquer tipo de doce. O que mais acho interessante é a parte artística da Panificação e da Confeitaria. Então, quando decidi que queria fazer o curso de Panificação no SENAI, tive total apoio da minha mãe.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Na sua opinião, o que é mais desafiador nas profissões relacionadas a alimentos?
DOUGLAS SANTOS – Eu gosto muito de criar, de inovar. Mas é difícil ser criativo e agradar a todos com um sabor diferente, acho que esse é o maior desafio. Ainda mais para mim, que gosto de combinar ingredientes não muito comuns. Já o mais fácil é fazer bolos artísticos, que adoro.
Acho que o grande segredo para ser um bom cozinheiro é concentração e curiosidade. Você precisa estudar sempre, saber o que andam fazendo por aí para servir de inspiração. Tem que pesquisar. Só assim você aprende a fazer melhor.
Algumas das receitas de Alagoas que fizeram sucesso foram a do brigadeiro e a mousse feitos de macaxeira
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Quais as melhores combinações de doces? Você tem alguma mania na cozinha?
DOUGLAS SANTOS – Acho que leite condensando poderia ir em tudo, até com coisas salgadas. Já comi até com carne. Para mim, leite condensado está para os doces como a Torre Eiffel para Paris. Minha mãe sempre fala que eu tenho que comer menos doce para não desenvolver nenhuma doença, mas é muito difícil. É uma paixão.
Mas eu não gosto de banana e nem de mamão. Na Olimpíada, quase todas as receitas tinham essas frutas, principalmente banana. A gente tinha que fazer e provar todos os pratos. Para mim, morango combina com tudo, é uma fruta curinga. Já as frutas cítricas são mais difíceis de combinar, como o Kiwi e a manga.
Eu adoro cozinhar ouvindo música alta. Claro, depende do humor, tem vez que gosto de cozinhar no silêncio, até de madrugada, sabe? Ouço MPB, Forró antigo e pop eletrônico. Acho que a música alta inspira, dá outro ritmo para as receitas.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Quais os planos para o futuro?
DOUGLAS SANTOS – Eu adoro os programas de receitas e de disputas culinárias. Vejo todos e até já me inscrevi para participar de um. Meu sonho, agora, é trabalhar com culinária na televisão. É criar, trabalhar receitas, mexer com essa parte visual. Vou iniciar um curso técnico em Gastronomia, mas pretendo fazer o curso superior nessa área também. Claro, além de outros cursos no SENAI, que me abriu tantas portas. Estou esperando abrir a turma de Confeitaria Avançada agora. Quero ser instrutor, trabalhar em alguma escola para ensinar também, essa troca é muito legal.
Depois que entrei nesse mundo, pelo SENAI, percebi que é isso que quero para a minha vida. Não era apenas uma diversão. Eu me descobri nessa área. Não é a Engenharia. É a culinária. Minha paixão é a panificação, a confeitaria, é fazer doces. E vou trabalhar para me destacar ainda mais.
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