Investimento privado para o bem do Brasil

Em artigo publicado na Revista Indústria Brasileira, o presidente da CNI, Robson Braga, destaca que o aumento do volume desses recursos é essencial para aperfeiçoar as diversas áreas da infraestrutura

um trem moderno com a sensação de estar em alta velocidade

A economia brasileira retomou o caminho da recuperação, após a brutal recessão causada pela pandemia da Covid-19, que paralisou indústria, agropecuária, comércio e serviços. Diante das conhecidas restrições fiscais do setor público, o crescimento econômico – neste e nos próximos anos – será tão mais expressivo e consistente quanto maior for o investimento privado. Não há como escapar dessa fórmula. É preciso incentivar, com todos os meios disponíveis, novos projetos produtivos e nas diversas áreas da infraestrutura. 

O tão desejado crescimento sustentado ao longo do tempo, sem bolhas nem inflação fora do controle, tem mais condições de se viabilizar pelos investimentos do que pelo consumo. Somente com o aumento do volume de recursos aplicados na economia real será possível aperfeiçoar nossa deficiente infraestrutura, além de inovar, ampliar a competitividade e a produtividade e melhorar a qualidade de produtos e serviços. Apostar nesse rumo é gerar emprego, riqueza e bem-estar para a população.

Infelizmente, o volume de investimentos como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) permanece muito aquém do necessário: estava em 20,9% em 2013, quando iniciou uma trajetória contínua de queda. Em 2017, chegou à marca histórica de 15% do PIB. Em 2018, 90% dos países investiram mais do que o Brasil, o que mostra o tamanho da estagnação nacional na comparação com o resto do mundo. No ano passado, quando a economia passou por uma forte contração, a taxa de investimentos subiu um pouco e chegou a 16,4% do PIB.  

Isso é pouco, seja qual for o parâmetro por meio do qual se queira analisar, tanto em relação aos nossos principais concorrentes no plano global quanto ao que já fizemos no passado. Para investir, os empresários precisam de confiança no desempenho da economia e na possibilidade de sucesso em seus negócios. Esse otimismo nasce naturalmente, quando as políticas públicas vão no sentido de aumentar a segurança jurídica, cortar a burocracia, em especial a tributária, diminuir os custos de empreender, facilitar o crédito e estimular o emprego.    

As políticas liberalizantes adotadas nos últimos anos têm a direção correta, mas é indispensável aprofundá-las. Nunca é demais insistir na necessidade das grandes reformas estruturais que possam diminuir o peso do Estado sobre as empresas e capacitar a economia a se expandir. O impulso aos investimentos a ser dado por uma ampla modernização do sistema tributário nacional é incalculável, já que o emaranhado de obrigações desnecessárias hoje existentes desanima qualquer um que pense em iniciar ou ampliar seu negócio no país. 

A ampliação da participação privada na infraestrutura brasileira por meio das concessões de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, conforme tivemos a satisfação de observar nas últimas semanas, é um requisito para o aumento dos investimentos na economia. Além disso, é imprescindível avançar decididamente na privatização das empresas estatais, como a Eletrobras e as companhias de saneamento. O Estado não tem mais condições fiscais e gerenciais de fazê-las se desenvolver e prestar serviços de qualidade. 

O povo brasileiro é reconhecidamente um dos mais empreendedores do mundo. Falta a ele condições adequadas de pôr essa característica em prática com mais vigor. É necessário aproveitar o momento de recuperação e de estímulo à participação privada na infraestrutura para remover os crônicos obstáculos ao nosso desenvolvimento econômico. Trabalhar pela promoção dos investimentos das empresas significa fortalecer a economia, gerar empregos e aumentar a renda da população. É atuar pelo bem do Brasil.

*O artigo foi publicado na edição de maio da Revista Indústria Brasileira.

Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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