Oportunidades para o Brasil no comércio internacional

Em artigo publicado no jornal O POPULAR, Paulo Afonso, vice-presidente da CNI, afirma que o Brasil precisa melhorar sua atuação no cenário internacional

embarque de navios no porto de Santos em São Paulo, Brasil, visto de cima, muitos contêineres no porto, comércio exterior

O Brasil precisa melhorar sua atuação no cenário internacional, pois ao longo dos anos perdeu competitividade e importantes posições no mercado global. É lamentável perceber o quanto regredimos e vários países avançaram.

Na década de 50, éramos responsáveis por mais de 2% do comércio mundial, hoje temos 1%, número equivalente a 1980. Há 40 anos exportávamos mais do que a China, Coréia do Sul, México e Índia, que hoje possuem números superiores aos nossos.

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Até o ano 2000, 59% do que o Brasil exportava eram produtos manufaturados e 22% eram commodities. Ao longo dos anos, os números se inverteram, sendo que em 2022, foram exportados 29% de manufaturados e 57% de commodities.

Essa retomada passa por decisões políticas, econômicas e estratégias de integração e relacionamento com outros países, buscando ampliar a relação e acordos com outros mercados consumidores.


O desafio é alcançar mercados com grande potencial de consumo, como Índia, países árabes e da América Latina.


Temos solo fértil, recursos naturais, clima favorável, água, matriz energética diversificada e limpa, podemos ser celeiro e fornecedores para o mundo todo, mas o desafio é superarmos entraves que inibem investimentos na atração de novos negócios, em inovação, qualificação profissional, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, para que haja reestruturação da indústria brasileira, se agregue valor aos produtos nacionais, desonere a produção e aumente a exportação.

Muitas dessas mudanças passam por uma reforma tributária, por modernização no arcabouço, diminuindo a burocracia, os custos e a insegurança jurídica.

Temos um sistema tributário complexo, oneroso, uma legislação ambiental que precisa ser modernizada, que equacione produção, sustentabilidade e desenvolvimento, pois o Brasil tem terras produtivas, que podem ser melhor aproveitadas para geração de negócios locais, emprego e renda, mas ficam limitadas e inacessíveis, sendo que poderiam ser fonte de produção, proporcionando um ciclo de riqueza capaz de impulsionar a economia.

 A Indústria brasileira tem responsabilidade nesse processo, atuando com sustentabilidade, preservação, produção de energia limpa e por meio da CNI, federações de indústrias e associações setoriais, vem apresentando ao governo sucessivos documentos de sugestões para a melhoria no ambiente de negócios.


É o investimento produtivo a mola da economia, que gera emprego e renda e aumenta a oferta de bens e serviços.


No mercado global, os investidores analisam todos os cenários antes de colocar seu dinheiro a risco. O principal deles, sem dúvida é mercado, mas outros são fundamentais, como insumos, crédito produtivo e de consumo, taxa de juros, carga tributária, sistema de transporte, legislação, sistema judiciário, segurança, recursos humanos etc.

A política econômica e de comércio exterior precisam ser estratégicas e eficientes em garantir o essencial no estímulo ao investimento, com uma neoindustrialização, com inovação e desenvolvimento tecnológico, inserindo o país na competitividade global e numa nova trajetória de desenvolvimento.

*Paulo Afonso Ferreira é vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O artigo foi publicado no jornal O POPULAR, nesta quinta-feira (10).

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