SESI e SENAI: instituições essenciais para o desenvolvimento

Artigo do presidente da CNI em exercício, Glauco Côrte, publicado na edição deste domingo do Jornal Correio Braziliense

Num país ainda carente de serviços públicos de boa qualidade, os brasileiros e suas famílias contam com uma inestimável rede privada de qualificação profissional, de educação básica e de saúde, com nível que nada fica a dever ao que se observa nas economias mais avançadas. Juntos, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Serviço Social da Indústria (SESI) atendem milhões de trabalhadores em um raro padrão de excelência e transparência. São organizações indispensáveis ao Brasil presente e futuro.

O SENAI é a maior instituição de formação técnica e profissional da América Latina, com excelência atestada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Criado em 1942 para promover a formação profissional e o desenvolvimento de pesquisas tecnológicas de interesse da indústria brasileira, contribuindo para elevar sua competitividade, já teve mais de 76 milhões de matrículas. Em 2018, foram 2,31 milhões de matrículas em educação profissional e tecnológica em todo o país, com 67% de gratuidade.

Em seus 26 Institutos de Inovação e 58 Institutos de Tecnologia, houve 1,33 milhão de ensaios laboratoriais, com atendimento de quase 20 mil empresas no ano passado. A criação desses institutos, com um investimento total de R$ 2,5 bilhões e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é uma das mais relevantes contribuições ao esforço de fortalecimento da cultura nacional de inovação, fundamental para que o Brasil se posicione entre as economias mais dinâmicas do mundo.

A competência dos cursos do SENAI foi mais uma vez provada pelos alunos que venceram a Worldskills, a olimpíada mundial de educação profissional, em 2015, superando equipes de referências educacionais, como Coreia do Sul e Alemanha -- em 2017, o Brasil ficou em segundo lugar. Países latino-americanos criaram programas de formação profissional a partir do modelo do SENAI, a exemplo do Servicio Nacional de Aprendizaje (Sena), da Colômbia; e do Servicio Nacional de Adiestramiento Industrial (Senati), do Peru.

A experiência do SENAI, que atua em 28 áreas industriais, é especialmente relevante num momento em que estamos enfrentando os desafios da quarta revolução industrial, também chamada de Indústria 4.0. A extraordinária rapidez com que as tecnologias digitais estão transformando os processos produtivos exige severas adaptações não só das empresas e de seus executivos, mas, fundamentalmente, dos trabalhadores, o que reforça a necessidade de uma qualificação adequada.

Nossos jovens precisam ter uma preparação multidisciplinar e aprender a operar equipamentos complexos com agilidade. O ensino técnico e aplicado prestado pelo SENAI permite que os estudantes se preparem para o que será exigido deles num ambiente fabril cada vez mais conectado. O investimento em educação profissional é imprescindível para o aumento da competitividade do país, a retomada do crescimento num ritmo mais vigoroso e a criação de melhores oportunidades de emprego – o SENAI está a postos, com 587 unidades fixas, 457 móveis (incluindo dois barcos-escola) e 189 laboratórios.

O SESI, por sua vez, foi criado em 1946 com a missão de promover a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e de seus dependentes, e oferecer educação de qualidade para o mundo do trabalho. Ao mesmo tempo, a entidade gera soluções em saúde, lazer e segurança no trabalho. No ano passado, a instituição realizou, nacionalmente, 1,2 milhão de matrículas em educação básica e continuada, e em ações educativas, e beneficiou 3,55 milhões de pessoas com serviços de saúde e segurança.

Trata-se da maior rede de educação regular privada do país, com 501 escolas em todas as unidades da Federação, que adotam metodologias e currículos inovadores, além de oferecer materiais pedagógicos e infraestrutura tidas como referência nacional. Os alunos do SESI têm os melhores desempenhos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e são campeões do principal torneio de robótica do mundo, o World Festival. Além das escolas, são 553 unidades móveis e 114 unidades de vida saudável.

SESI e SENAI, liderados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), são mantidos com recursos de uma contribuição recolhida pelas empresas no mesmo modelo existente em países como França, Inglaterra, Cingapura, África do Sul e Peru, só para citar alguns.

Não se trata, portanto, de uma invenção exótica do Brasil. O caráter privado das duas instituições brasileiras e sua autonomia administrativa já foram ressaltados em diversas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dois serviços autônomos são administrados de forma absolutamente transparente. Como seus recursos têm destinação específica, estão sujeitos ao controle permanente do Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, prestam contas à sociedade por meio de sites de transparência, nos quais qualquer pessoa poderá encontrar dados sobre orçamentos, balanços contábeis, pareceres de auditores independentes, licitações, editais, relatórios de atividades e infraestrutura existente, entre outras informações.

As duas entidades têm um elevado reconhecimento da população. Pesquisa recente do Ibope revelou que 94% dos brasileiros consideram o SENAI ótimo ou bom, e 93% afirmam o mesmo em relação ao SESI. Sob todos os pontos de vista, são instituições exemplares e atuam com vistas ao aumento da produtividade da economia, ao estímulo à inovação tecnológica, à qualidade do ensino profissionalizante e da educação básica, e ao bem-estar geral dos trabalhadores. Em última instância, tudo isso faz um bem enorme ao Brasil.

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