Sistema ferroviário precisa aumentar sua competitividade e integração, afirma presidente do Conselho de Infraestrutura da CNI

Além de ampliação dos investimentos, setor industrial defende garantia do direito de passagem e criação do Operador Ferroviário Independente. Estimativa é que concessionárias invistam R$ 25 bilhões nos próximos cinco anos

O presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Olavo Machado Junior, alertou nesta quarta-feira (29) que o sistema ferroviário nacional tem que avançar na direção da integração entre as malhas para aumentar a eficiência no escoamento da produção nacional. Ele defende o aumento dos investimentos privados e públicos no setor para que o país ganhe competitividade. “A grande realidade é que nós brasileiros não estamos tendo um sistema totalmente integrado”, afirmou Machado, que preside o Coinfra e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).

O principal assunto tratado na reunião do Coinfra foi a renovação de cinco concessões ferroviárias, incluídas no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal. Durante os debates, houve consenso em torno do entendimento de que a prorrogação das concessões deve estar vinculada ao aumento da conectividade das malhas ferroviárias, por meio do direito de passagem e da criação da figura do Operador Ferroviário Independente.

Na avaliação da CNI, estas são as únicas formas para aumentar a competitividade do sistema e garantir fretes mais atraentes para a indústria. “A privatização no setor foi importante, mas ainda há muito a melhorar. Sem o estabelecimento de um mecanismo claro para o direito de passagem, os leilões de novos trechos ferroviários serão comprometidos. Este é o caso inclusive da ferrovia Norte-Sul, que poderá ficar sem um porto de escoamento e isolada do restante da malha ferroviária”, destacou o secretário-executivo do Coinfra e gerente-executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso.

INVESTIMENTOS – O superintendente de Infraestrutura e Serviços de Transporte Ferroviário de Cargas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Alexandre Porto, observou que o setor público brasileiro investe pouco em infraestrutura de transportes na comparação com os demais países dos Brics. Enquanto investimos 0,36%, conforme dados de 2011, China, Índia e Rússia reservam 10%, 9% e 8% de seus PIBs, respectivamente.

“Houve uma pequena retomada de investimentos públicos a partir de 2008, principalmente na Ferrovia Norte-Sul, mas, desde a crise de 2015, os investimentos foram insignificantes”, frisou o superintendente da ANTT. Segundo ele, a estimativa é de que até R$ 25 bilhões sejam investidos nos próximos cinco anos pelas concessionárias de ferrovias que terão os contatos prorrogados.

As esperanças do setor foram renovadas a partir dos recentes anúncios do PPI, que incluiu como prioridade as conclusões das ferrovias Norte Sul, Ferroarão e Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), além das prorrogações dos contratos de concessão de outras ferrovias. “Os investimentos são fundamentais para melhorarmos a nossa competitividade e nossas exportações”, destacou Alexandre Porto.

Para o diretor da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Fernando Paes, a desestatização salvou a indústria ferroviária, que “passou por momentos muitos difíceis”. Ele mencionou que, desde que as ferrovias passaram ao domínio da iniciativa privada, houve aumento de produtividade em 142% e de segurança em 82%. Paes, no entanto, ressaltou que o setor industrial tem baixa participação no transporte de cargas por meio ferroviário em razão de o país ter uma matriz de transportes “deformada”.

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