A construção de um mundo mais sustentável abre excelentes possibilidades para o Brasil. A mensagem do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, foi direcionada a empresários, representantes do governo e de instituições, em Baku, no Azerbaijão, nesta quinta-feira (14), no Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono.
O encontro discutiu estratégias para avançar na agenda verde e contribuir com os compromissos brasileiros de redução de emissões.
Realizado em paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), o debate abordou temas importantes para a indústria, como as ações para a descarbonização da produção, financiamento, transição energética, mercado de carbono, economia circular e desafios tecnológicos e regulatórios.
“Sabemos que o aquecimento do planeta traz uma série de desafios. No entanto, a construção de um mundo mais sustentável também abre excelentes possibilidades para o Brasil. A transição energética e a descarbonização das atividades proporcionam oportunidades imperdíveis para revitalizarmos a indústria nacional", afirmou Alban na abertura do evento.
Para a CNI, o fortalecimento do setor industrial, em bases modernas e conectadas com as tendências mundiais, é fundamental para o país cumprir as metas acertadas no Acordo de Paris e crescer de forma vigorosa e sustentável.
“Não podemos desperdiçar esse momento. Devemos definir uma estratégia nacional de descarbonização da economia, que transforme nossas vantagens comparativas em ganhos reais para todos”, acrescentou o presidente da CNI.
Além das oportunidades proporcionadas pela agenda verde, a realização da COP30, em Belém (PA), no próximo ano, vai permitir que o Brasil acelere as ações para uma economia de baixo carbono e apresente ao mundo as iniciativas pioneiras da indústria em eficiência e transição energética, economia circular e conservação da biodiversidade.
Contagem regressiva para a COP do Brasil
Em alusão ao início da COP30, em 2025, o vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, disse que os brasileiros têm 362 dias para fazer do país um exemplo de nação que soube aproveitar a “janela de oportunidades”.
“Isso começou ontem com a aprovação do mercado regulado de carbono no Senado. Vocês podem contar com o olhar rígido do TCU sobre esse novo mercado que vai emergir”, apontou o ministro.
O Senado aprovou o texto principal do projeto que cria regras para o mercado de carbono no Brasil. O texto terá de voltar à análise da Câmara antes de ir à sanção presidencial em razão de mudanças feitas pelos senadores.
A proposta estabelece um limite de emissões de gases de efeito estufa por meio de um sistema de compensação – com bonificação para empresas que reduzirem o lançamento de gás carbônico na atmosfera e punição para as mais poluidoras.
“Temos a missão de desmistificar a imagem equivocada que se tem do Brasil. Temos de mostrar para o mundo a verdadeira agricultura brasileira, a nossa indústria de mais baixo carbono do mundo. O mundo precisa de saber disso”, resumiu o secretário de Economia Verde do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Rodrigo Rollemberg.
CNI quer grupo do setor privado para a COP
O presidente da CNI reforçou a proposta de criação de um grupo de empresários com foco na elaboração de políticas verdes – a exemplo do B20, fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos líderes dos países do G20.
Alban tem dialogado com o governo federal para que o Sustainable Business COP já esteja em operação na COP30. A ideia é que o grupo mobilize representantes do setor privado com a missão de construir e propor recomendações relevantes para a indústria, influenciando o processo de tomada de decisões nas pautas prioritárias da Conferência do Clima da ONU.
“Será um catalisador para as grandes empresas discutirem e terem resultados mais efetivos, principalmente, na questão do financiamento”, avaliou Alban.
Papel das micro e pequenas empresas na economia de baixo carbono
A diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho, destacou que, como 95% dos negócios no Brasil são de micro ou pequeno porte, a discussão sobre sustentabilidade não tem como ter sucesso sem passar pelas PMEs.
“São a base da pirâmide. Por isso, a descarbonização tem que passar pelas micro e pequenas empresas. Caso contrário, não teremos uma sustentabilidade que apresente longevidade”, afirmou.
Segundo Margarete, o Sebrae criou o primeiro selo ESG do Brasil. A ideia é que 10 mil empresas do Pará tenham o certificado até a COP30. “Será uma plataforma que trará trilhas para que as pequenas e micro empresas possam se tornar sustentáveis”, explicou.
Descarbonização, competitividade e nova NDC brasileira
O evento contou com cinco painéis, em que participantes discutiram projetos implementados pelas indústrias no Brasil e os desafios diante da COP30. Confira destaques:
Como zelar pela competitividade diante da transição para uma economia de baixo carbono?
Como ajudar o país a alcançar a NDC?