Empresas doam créditos de carbono para compensar emissões de gases de efeito estufa na Copa

Com o intuito de neutralizar a emissão dos gases que são gerados e jogados na atmosfera, o Governo Federal inicia campanha Copa Sustentável durante um evento de grande porte que é a Copa do Mundo

Um terço de toda a energia consumida pela usina da siderúrgica Vallourec, em Belo Horizonte, vem do reaproveitamento de gases dos seus altos-fornos

Para realizar um evento do porte da Copa do Mundo, toneladas de gases são geradas e jogadas na atmosfera. Além do transporte dos jogadores, por avião ou ônibus, e deslocamento de outros veículos oficiais, há a movimentação de equipamentos, obras e o consumo energético pelos estádios. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, 59,2 mil toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2eq), unidade usada para medir a liberação de gases que interferem no aquecimento global, serão emitidas até o fim do mundial, no dia 13 de julho. 

Com o intuito de neutralizar a emissão desses gases, o governo federal iniciou a campanha Copa Sustentável – projeto semelhante ao realizado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, há dois anos. Assim, convocou empresas a doarem seus créditos de carbono (Reduções Certificadas de Emissões). As chamadas RCEs são projetos de compensação certificados pelas Nações Unidas. 

Até esta terça-feira (1º), 15 empresas já haviam aderido à campanha, somando 540,5 mil toneladas de gás carbônico equivalente em créditos de carbono compensados. Esse total representa nove vezes o que o governo esperava receber ao lançar iniciativa. De acordo com a ministra Izabella Teixeira, ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas são prioridade do governo federal. "É preciso transpor a Copa e fazer com que todos estejam engajados numa economia de baixo carbono”, disse a ministra, durante solenidade de entrega do selo Baixo Carbono a empresas que já haviam doado créditos ao projeto. 

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a participação na campanha não envolve nenhum tipo de transação financeira. Em contrapartida, as empresas doadoras têm seus nomes divulgados no site do MMA e publicados no Diário Oficial da União (DOU). Além disso, poderão utilizar e divulgar a marca “Selo Sustentabilidade – Baixo Carbono” na internet e em outros veículos de comunicação. 

ACIMA DAS EXPECTATIVAS - Antes mesmo do início do torneio de futebol, as empresas brasileiras já haviam compensado 420,5 toneladas de gás carbônico. Iniciada em 15 de abril, a campanha segue até 18 de julho, prazo máximo para que as interessadas façam suas doações. 

O professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS-UnB) Marcel Bursztyn afirma que campanhas compensatórias como esta estão cada vez mais comuns em todo o mundo, principalmente em eventos esportivos e científicos. Ouça clicando aqui.  

Ainda de acordo com Bursztyn, as empresas conseguem créditos de três formas: adquirindo de outras empresas; por meio de fazendas de reflorestamento; ou, ainda, ao reduzir as próprias emissões mediante mudanças tecnológicas em seus processos produtivos. 

O grupo RIMA, de Belo Horizonte, que atua na produção e comercialização de ligas à base de silício, doou 5 mil toneladas de gás carbônico equivalente logo após a chamada do governo, em abril. “Por ser a Copa do Mundo um evento com abrangência global, a RIMA entende que a doação de créditos de carbono compõe um conjunto de iniciativas que devem ser incentivadas mais e mais como forma de alertar para o compromisso e a responsabilidade que todos devem ter para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater o aquecimento global”, informou a empresa ao Portal da Indústria

A também mineira Vallourec doou 20 mil toneladas de dióxido de carbono à campanha. Ela foi a primeira siderúrgica do mundo a ter seu projeto de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) registrado junto à Organização das Nações Unidas (ONU). “Hoje, um terço de toda a energia consumida por nossa usina, em Belo Horizonte, é proveniente do reaproveitamento de gases dos seus altos-fornos. Assim, além de evitar o lançamento de substâncias causadoras do efeito estufa à atmosfera, a empresa passou a consumir menos energia”, garante o assessor de Sustentabilidade, Comunicação e Assuntos Corporativos da Vallourec, Alexandre Mello. 

Um terço de toda a energia consumida pela usina da siderúrgica Vallourec, em Belo Horizonte, vem do reaproveitamento de gases dos seus altos-fornos

SELO BAIXO CARBONO - Segundo o gerente de Sustentabilidade da Bunge Brasil, Michel Santos, a empresa tem superado as próprias metas de redução na emissão de gases nos últimos anos. “Desde 2011, já reduzimos em mais de 6% as emissões por tonelada produzida. Isso se dá não apenas aos ajustes e melhorias nos processos produtivos, mas também por mantermos o foco em energia renovável em nossa matriz. Hoje, 90% das fontes de energia que usamos são renováveis”, diz. 

Para ele, o selo Baixo Carbono, recebido do Ministério do Meio Ambiente, é um importante reconhecimento. “Isso representa um endosso de que a Bunge é uma empresa responsável e que busca servir às estratégias do desenvolvimento sustentável”, acredita. 

Ao fim da Copa do Mundo, o MMA concluirá um inventário definitivo com a consolidação das emissões de gases de efeito estufa geradas pelo evento. 

SAIBA MAIS - O Protocolo de Kyoto, acordo internacional com metas de redução de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos, criou um mercado voltado para a criação de projetos de redução da emissão desses gases na atmosfera. Os projetos desenvolvidos no âmbito do MDL geram RCEs, também conhecidas como créditos de carbono. 

A chamada pública do MMA busca empresas que queiram doar RCEs provenientes de projetos brasileiros aprovados pelo MDL. As RCEs doadas deverão ter sido canceladas das contas dos participantes de projetos para garantir que elas não sejam usadas futuramente para outros fins. 

Apesar de considerado um fenômeno natural, o efeito estufa tem sido intensificado nas últimas décadas acarretando mudanças climáticas. Essas mudanças decorrem do aumento descontrolado das emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substâncias decorre de atividades humanas como o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária e a geração e consumo de energia. 

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- Aperam South America 
- Arcelormittal Brasil 
- Bunge Brasil 
- Estre Ambiental S.A. 
- Gerdau S.A. 
- Iniciativa Pessoas pelo Clima (P4C) 
- Plantar Carbon Ambiental Ltda. 
- Rhodia Uma Empresa do Grupo Solvay 
- Rima Industrial S.A. 
- Sinobras Siderúrgica Norte Brasil S.A. 
- Solvi Participações S.A. 
- Tractebel Energia S.A. 
- Usiminas Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A. 
- Vallourec Tubos do Brasil S.A. 
- Waycarbon Soluções Ambientais e Projetos de Carbono Ltda. 

Fonte: MMA

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