Mesmo depois da pandemia de Covid-19, as vacinas continuam sendo alvo de campanhas de desinformação. Embora os imunizantes sejam a estratégia mais segura e eficaz para a proteção de diversas doenças, as coberturas vacinais da maioria das vacinas seguem abaixo da meta. Diante desse cenário, o Serviço Social da Indústria (SESI) reuniu, nesta quarta-feira (11), farmacêuticas para debater estratégias para ampliar a vacinação contra a gripe no país e ampliar o conhecimento sobre a imunização.
Abbott, Butantan, GSK, Pfizer, Sanofi e Takeda participaram do evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, e apresentaram detalhes sobre os imunizantes disponibilizados. As empresas também discutiram, juntamente com o SESI, a importância da vacinação de seus empregados.
“A saúde tem se tornado, cada vez mais, uma agenda estratégica para a CNI, e este encontro que estamos promovendo hoje é uma experiência ímpar para nós, do SESI. Estamos investindo bastante em programas e linhas de cuidado. Vamos iniciar com a discussão sobre vacinação, mas devemos ter desdobramentos em outras frentes”, explica Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde e Segurança na Indústria.
O SESI oferece o serviço de imunização para indústrias e empresas de todos os portes que desejam aderir à campanha de vacinação. Nos últimos dez anos, a instituição vacinou mais de 11 milhões de pessoas.
Impactos de doenças para empresas e sociedade
No painel realizado com as empresas farmacêuticas, foram discutidos desafios e propostas relacionados à imunização para promover a saúde corporativa.
Juliana Bravo, gerente de Relações Institucionais e Defesa do Paciente da GSK, falou sobre alguns dos principais benefícios da vacinação, como redução do absenteísmo, redução das desigualdades sociais e redução da resistência microbiana, além de significativo retorno sobre investimentos (ROI) para os sistemas de saúde, devido aos custos evitados com tratamentos das doenças.
Natália Serrano, gerente médica da Abbott, debateu sobre os desafios para vacinar crianças e adultos. “No caso das crianças, o esquecimento da gravidade de doenças como poliomielite, por exemplo, faz com que muitas pessoas não vacinam seus filhos. E a ausência desse medo da gravidade dessas doenças acaba tendo um custo a longo prazo”, destacou.
Juliana Santoro, representante da Sanofi, disse que o custo anual decorrente de infecção por influenza atingiu o montante de R$ 5,6 bilhões em 2019 no Brasil. Ela apontou, ainda, que estudos globais revelam que, em média, são perdidos entre 1,5 e 4,9 dias de trabalho por episódio de influenza. “Trabalhar pela adesão anual à vacinação é a única saída para evitar desfechos desfavoráveis econômicos e sociais. Vacinar seus funcionários contra a gripe é vacinar sua empresa contra a queda de produtividade”, afirmou.
O representante da farmacêutica Takeda, Eduardo Almeida, apresentou dados de um estudo da Firjan relacionado a arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos, como dengue, Zika, chicungunya, febre amarela e oropouche. Segundo ele, os custos totais com esse tipo de doença chegam a R$ 3 bilhões por ano – sendo R$ 21 milhões com internações, R$ 24 milhões com benefícios, R$ 1,35 bilhão com tratamento e R$ 1,5 bilhão com controle do vetor.
“Quando olhamos esses dados, é muito fácil de enxergar como a população economicamente ativa é impactada pela dengue. Nos casos mais graves, pode significar afastamento do trabalho por meses”, disse. “Precisamos ter esse trabalho conjunto entre a indústria farmacêutica, o SESI e o governo. Temos um grande desafio como sociedade, que é de reforçar e de conscientizar cada vez mais as pessoas de que vacinar é um ato que salva vidas”, finalizou Almeida.
Redson Silva, gerente de Relacionamento com o Governo para Vacinas da Pfizer, falou sobre a preocupação com a Covid-19, que ainda representa ameaça à saúde. De acordo com o dirigente, em 2024, até setembro, foram registradas 3 mil hospitalizações e 530 óbitos decorrentes da doença entre adultos de 18 a 60 anos.
Gripe
No Brasil, um estudo sobre o impacto econômico da gripe em 2019 estimou que ocorreram no país 14,9 milhões de casos de Influenza, dos quais 97 mil demandaram hospitalização e 5,8 milhões levaram as pessoas a buscarem atendimento ambulatorial. O levantamento calculou que, no período, foram perdidos cerca de 12 milhões de dias de produtividade e 78 mil anos de vida.
“A vacinação é uma das ferramentas mais efetivas para evitar surtos e garantir a saúde da população. Essa medida também diminui a sobrecarga dos serviços no sistema de saúde, evita afastamentos e reduz a perda de produtividade no trabalho”, concluiu Emmanuel Lacerda.