A falta de profissionais qualificados no mercado de trabalho foi pauta do último debate do 14º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado nessa quarta-feira (27), em Brasília. O painel Apagão de Mão de Obra foi composto pelo diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal; o presidente do Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (SESI), Fausto Augusto Junior; o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; e o jornalista e economista Ricardo Amorim.
Para dar início as conversas, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso do Sul (FIEMS) e moderador do painel, Sérgio Longen, explicou que o termo “apagão de mão de obra” tem um lado bom. “Deveria ser visto como uma consequência positiva do crescimento do país, pois mostra que há vagas no mercado de trabalho e que as empresas estão dispostas a contratar”, disse Longen.
Os especialistas concordaram e trouxeram como solução principal uma adaptação na educação e nos cursos oferecidos, com foco nas demandas do mercado de trabalho.
“O SENAI estará sempre à disposição para construir o elo entre profissionais qualificados e as empresas, em prol do desenvolvimento do Brasil”, afirmou Gustavo Leal.
Para o representante do SESI, Fausto Augusto, há um descasamento entre a necessidade de mão de obra e pessoas para trabalhar, mencionando a quantidade de pessoas que, atualmente, ou não trabalham e nem estudam – conhecidos como geração nem-nem – ou trabalham de maneira informal.
Fausto lembrou ainda que grande parte da sociedade é composta por mulheres que, além de trabalhar fora, são responsáveis pelos cuidados da casa, filhos e/ou idosos. “É sobre elas que também recaem os cuidados da família, por isso nós temos que elaborar uma política nacional de cuidados, por meio da criação de mais creches e escolas para educação infantil e debater cuidados com as pessoas idosas”.
Jovem aprendiz não é só para atender cotas
O ministro do Trabalho e Emprego aproveitou a ocasião para lembrar a importância dos programas para jovens aprendizes nas empresas. “Estamos discutindo a qualidade do trabalho dos profissionais brasileiros e é sempre importante falarmos que as empresas precisam criar programas de jovem aprendiz de acordo com as próprias necessidades, para treiná-los e efetivá-los. Sem ser apenas para cumprir percentuais trabalhistas”, reforçou Marinho.
O economista Ricardo Amorim mostrou dados e lembrou que o Brasil foi um dos países que mais derrubou a taxa de desemprego nos últimos três anos. “Uma das conquistas que tivemos nos últimos anos foi o aumento de quase 20 milhões de pessoas trabalhando formalmente entre 2021 e 2024”.
“Educação transforma o mundo, mas mais que educação, é importante ter uma educação que qualifica para o que está sendo demandado pelo mercado e isso, o Sistema S faz com excelência”, finalizou o jornalista.
SESI e MTE firmam acordo para oferecer 25 mil vagas de EJA
O painel também serviu de palco para o SESI e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) celebrarem um acordo de cooperação de R$ 200 milhões que visa oferecer 25 mil vagas gratuitas em cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A iniciativa vai beneficiar jovens de 18 a 29 anos que não concluíram o ensino fundamental anos finais ou ensino médio e promover a qualificação profissional integrada à elevação da escolaridade. O projeto, com abrangência nacional, será implementado ao longo de 25 meses, com previsão de início para dezembro e possibilidade de ser prorrogado por até 60 meses.
Os beneficiários terão acesso a uma série de recursos educacionais, incluindo material didático, ambiente virtual de aprendizagem, avaliações e kits de ferramentas ou Equipamentos de Proteção Individual, quando necessários. As aulas serão ministradas em formato híbrido, com 80% da carga horária realizada online e 20% presencial para educação básica.
Além disso, em paralelo, o SENAI vai oferecer qualificação profissional e, ao concluir o curso, o estudante obterá dupla certificação.
O objetivo é garantir que os participantes não apenas completem os estudos, mas também adquiram habilidades práticas e conhecimentos que aumentem as chances de inserção no mundo do trabalho. Por meio dessa abordagem, o Sistema Indústria pretende elevar os níveis de escolaridade, criando um impacto positivo nas vidas dos inscritos e nas comunidades em que estão inseridos.