BNDES e FINEP batem recorde de investimentos

Só para a descarbonização da indústria, o BNDES já financiou R$10 bilhões em 2024. A previsão é que esse valor dobre em 2025; Já o FINEP, em dois anos, financiou o valor inédito de R$22,4 bilhões

Uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento da indústria é o financiamento. Mas não basta ter dinheiro se as taxas de juros, o prazo e as condições de garantias e de pagamentos não forem atrativas. A boa notícia é que tanto o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quanto a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) estão com recordes de investimentos. O assunto foi debatido durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI) evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Entre os anos de 2023 e 2024, a FINEP financiou mais de dois mil projetos de inovação com volume de R$22,4 bilhões.


“Esse é um valor histórico para a FINEP, nós nunca tivemos volumes tão altos assim. E a previsão para 2025 é de R$20,5 bilhões em financiamentos”, declarou Celso Pansera, presidente da FINEP. 


A agência de financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) possui linhas de fomento à inovação para as indústrias e empresas, e também empresta dinheiro para investimentos em infraestrutura científica em universidades e institutos de pesquisa. “A nossa taxa de juros é a TR que está na faixa de 0.8% ao ano o que é bastante convidativa. Também possuímos outras taxas que variam entre 4,5% a 5%”, revela Pansera. 

Outro importante parceiro da indústria na área de financiamento é o BNDES que também apresenta recordes de aporte ao setor. O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, destaca que a instituição tem apoiado a inovação e a digitalização do sistema empresarial. Esse ano registramos um recorde de apoio à inovação na história do BNDES. São mais R$ 11,2 bilhões”, destaca. 

Gordon também destaca que o financiamento para a economia verde é histórico no BNDES.


“Enxergamos a agenda verde como estratégica para o país. Todo mundo quer investir no Brasil, somos a bola da vez.  Só em 2024 o BNDES financiou R$10 bilhões ao Fundo Clima. Como comparação em governos anteriores esse valor era de pouco mais de R$500 bilhões. Em 2025 esse Fundo pode chegar a R$20 bilhões para descarbonizar a indústria, para termos uma indústria mais sustentável e eficiente”, revela Gordon. 


Durante sua fala no painel “Fomento à Neoindustrialização”, Gordon ressaltou também que o BNDES tem dois desafios importantes em vista. “Queremos estudar como podemos diversificar mais os empréstimos de forma mais regional principalmente para indústrias das regiões norte e nordeste. O segundo desafio é como podemos contribuir neste processo de modernização do parque industrial brasileiro, precisamos de ações concretas para a troca de máquinas e equipamentos. Queremos contribuir neste projeto da depreciação acelerada", afirmou.

O diretor do BNDES avalia que o governo federal acerta em aumentar os investimentos na indústria pois segundo ele, o setor vem puxando do crescimento do Brasil. “O governo do presidente Lula colocou a indústria no centro da agenda. Contem com o governo, contem com a NIB, com o vice-presidente Geraldo Alckmin porque a indústria vai liderar o crescimento do país a geração de renda e emprego com uma indústria mais inovadora, eficiente, sustentável e digital”, finaliza.  

Transformação digital 

Nesse processo de retomada da industrialização brasileira outro parceiro importante tem sido o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. O diretor-presidente do Sebrae, Décio Lima, explica que a instituição tem atuado dentro do projeto da Neoindustrialização na área de transformação digital das empresas. “Temos a responsabilidade de atender 200 mil empresas. Neste momento contabilizamos o atendimento a 40 mil empresas que transformou o processo dessas empresas neste conceito de inovação e de inteligência artificial”, declarou Lima. 

O potencial do Brasil em liderar mundialmente a economia verde também foi destacado pelo diretor financeiro e de crédito do Banco do Nordeste (BNB), Wagner Alencar. “Se o Brasil é a bola da vez na economia verde a região nordeste se destaca no país. Temos um potencial imenso. Nossa região tem o maior potencial na geração de energia limpa. Nos últimos cinco anos financiamos R$35 bilhões no setor”, detalhou.

A moderação dos debates foi realizada pelo diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi. 

O que a Fazenda e o MDIC projetam para a neoindustrialização do Brasil   

Desde o início de 2024, o Brasil passou a figurar no mapa dos países que adotam instrumentos de política industrial. No entanto, além de ofertar linhas de crédito acessíveis e de recursos não reembolsáveis, há outras medidas que o país pode tomar para garantir o êxito da neoindustrialização.    

Uallace Moreira Lima, secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (MDIC) e Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, propuseram estratégias para estimular a indústria brasileira.    

Na Nova Indústria Brasil (NIB), Uallace Lima destaca que é preciso fazer com que o Plano Mais Produção (P+P) se consolide como o “Plano Safra da Indústria”.   


“O agronegócio do Brasil é um dos mais competitivos do mundo e isso não caiu do céu. Foi construído ao longo da história com políticas públicas. O agronegócio tem o Plano Safra, que é de R$ 400 bilhões por ano em linhas de crédito incentivadas. O nosso objetivo é que o P+P se transforme no Plano Safra da Indústria. Que ele se constitua como programa de Estado para que, independentemente de governo, ele permaneça por muito tempo, para que a indústria tenha crédito e previsibilidade para fazer investimentos", defendeu.    


Já Rafael Dubeux destacou como o país pode aproveitar o Plano de Transformação Ecológica – outra política de fomento à reindustrialização – para resolver uma série de problemas internos por meio de um novo modelo de desenvolvimento.    

“Precisamos romper com a tradição de uma economia, em larga medida, extrativista, com baixa agregação de valor, deletéria para o meio ambiente e que, historicamente, concentrou renda. A ideia da transformação ecológica é a gente mudar esses três paradigmas, promovendo adensamento tecnológico e de inovação, uma relação amigável com a natureza e prosperidade compartilhada", finalizou. 

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