Desafio para o Brasil é transformar vantagens em ganhos competitivos, diz Wongtschowski

Diálogos da MEI realizado na Universidade de Cornell debateu a ecoinovação na agenda de cooperação de ciência, tecnologia e inovação na relação entre Brasil e Estados Unidos

Com o tema Ecoinovação na Cooperação Industrial Brasil-Estados Unidos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I), a 37ª edição dos Diálogos da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) foi realizada nesta sexta-feira (28), na Universidade de Cornell, em Nova York. Pela primeira vez a reunião aconteceu fora do país. Líder da MEI, o empresário Pedro Wongtschowski ressaltou o papel estratégico do Brasil no cenário global da economia de baixo carbono e enumerou os desafios para o país avançar nessa agenda.

“O Brasil tem a maior diversidade ambiental do mundo, o que o coloca em condições favoráveis para se tornar uma potência na economia verde. Na América Latina, nosso país desempenha um papel de liderança nesta acelerada corrida global de tecnologia verde”, pontuou.


O desafio para o Brasil é transformar essas vantagens comparativas em ganhos competitivos reais. As novas bases verdes de competitividade estão consolidadas, e setores e países mais ecoinovadores têm se mostrado mais competitivos”, acrescentou Wongtschowski.


Ele observou que a MEI – movimento coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que reúne mais de 500 das principais lideranças empresariais do Brasil – considera a ecoinovação um fator essencial para que empresas de todo o mundo se tornem competitivas. “As indústrias devem implementar medidas que reduzam seus efeitos ambientais, como emissões de gases de efeito estufa, consumo de água e geração de resíduos. Essas questões podem ser resolvidas por meio da ecoinovação, como demonstram as energias renováveis, que contribuem para a descarbonização da produção”, destacou o líder da MEI.

Sobre as possibilidades de parceria entre Brasil e EUA, Pedro Wongtschowski alertou que há um enorme campo para que os países estabeleçam cooperações nessa agenda. “Os temas que estamos discutindo hoje fazem parte dessa construção. Não podemos fazer isso sozinhos e a colaboração internacional é uma obrigação para termos um futuro melhor e mais verde não só para o Brasil, ou os Estados Unidos, mas para todas as nações do mundo”. O líder da MEI enfatizou que o avanço da ecoinovação depende da articulação entre os setores público e privado, principalmente no que diz respeito ao tripé indústria-academia-governo.

A diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, ressaltou a importância do encontro realizado em conjunto com o Emerging Markets Institute, a Universidade de Cornell e o Brasa para a troca de experiencia em ecoinovação entre Brasil e EUA. Ela lembrou que, para apoiar a inovação aberta e buscar uma agenda estratégica bilateral em CT&I, a MEI e a CNI abriram um escritório em Nova York em parceria com o SOSA, plataforma internacional de inovação aberta.


Essa parceria permite que empresas brasileiras tenham acesso a tecnologias de ponta desenvolvidas mundialmente e que startups brasileiras sejam apoiadas em seus esforços para levantar capital e conquistar clientes no mercado americano”, explicou.


Brasil pode ser liderança mundial

Anfitriã da reunião, a diretora do Instituto de Mercados Emergentes da Universidade de Cornell, Lourdes Casanova, afirmou que o Brasil tem tudo para exercer uma liderança mundial na ecoinovação. “O Brasil é uma liderança no Hemisfério Sul e sua indústria é essencial para que o país alcance progresso nessa agenda – a MEI é um ator importante para promover a inovação. Existe muita expectativa em torno do Brasil”, discursou.

Integrante da MEI, o ex-presidente do BNDES e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luciano Coutinho, disse que o Brasil e a América Latina precisam retomar com urgência um projeto de desenvolvimento com visão de longo prazo, em sintonia com as grandes tendências tecnológicas e metas socioambientais ambiciosas. Para ele, as instituições brasileiras e o poder público precisam caminhar juntos para que o país não perca a oportunidade de ser uma liderança na agenda verde.

Também presente a esta edição dos Diálogos da MEI, o presidente e CEO do Global Urban Development, Marc Weiss, comentou que a agenda de ecoinovação nos Estados Unidos tem avançado, mas que ainda há um longo percurso. Ele traçou um cenário sobre a evolução da segurança energética, que tem possibilitado avanços na agenda de baixo carbono.

A reunião também teve a presença de Clenilson Gonçalves, diretor de Desenvolvimento de Negócios nos EUA da Embraer-X, braço de inovação da fabricante brasileira de aeronaves, que apresentou iniciativas e projeções relacionadas à economia verde. Segundo ele, a empresa projeta ter, em 2030, 100% de sua eletricidade proveniente de fontes renováveis. Tem a meta também de neutralidade de carbono nas operações até 2040 e de ter carbono zero nos produtos para aviação até 2050.

O evento ainda contou com um painel de debates sobre o ecossistema de inovação da América Latina, moderado pela fundadora do Instituto Briyah, Adriana Machado. Participaram o Head de Inovação do SOSA, Matan Ben-Gigi; a diretora do Laborarório Newlab, Mariela Machado; e a diretora de Novos Negócios e Inovação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Claudia Caparelli.

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