SESI desenvolve nova metodologia para educação de jovens e adultos

Nova EJA permitirá reduzir grade horária com base em conhecimentos prévios, tornar o currículo mais conectado à realidade profissional dos alunos e evitar o maior vilão da modalidade: a evasão, que chega a 90% na rede pública

O currículo da Nova EJA prevê 20% de aulas presenciais e 80% a distância

O Serviço Social da Indústria (SESI) elaborou uma nova metodologia para a educação de jovens e adultos (EJA) que permitirá reduzir a grade horária com base no reconhecimento de conhecimentos prévios e com um currículo mais conectado à realidade profissional dos alunos. Com isso, a instituição pretende combater um dos grandes problemas da modalidade: a evasão escolar, que chega a 90% na rede pública. 

“Isso ocorre porque os estudantes, geralmente, trabalham o dia todo e, ao chegar na escola, se deparam com um currículo com elevada carga horária e sem qualquer atratividade”, destaca o diretor de operações do SESI, Marcos Tadeu de Siqueira. “O SESI propõe um currículo inovador, flexível e com aulas semi-presenciais, em que se dá mais autonomia aos estudantes e se reduz o tempo de formação."

O método, aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, tem entre as grandes inovações a identificação, validação e certificação das competências e habilidades desenvolvidas nas experiências de vida e trabalho dos alunos. O reconhecimento de saberes envolve uma série de procedimentos realizados com a participação de especialistas de cada área do conhecimento – linguagens e códigos; matemática; ciências humanas; e ciências da natureza. São realizadas avaliações, entrevistas e preenchimento de formulários para identificação de conhecimentos prévios. 

Outras novidades da Nova EJA são a construção de itinerários educativos conectados com a realidade profissional dos alunos e a oferta do ensino médio articulado à educação profissional, a chamada EJA Profissionalizante. O currículo da Nova EJA prevê 20% de aulas presenciais e 80% a distância e é voltado, principalmente, para os trabalhadores da indústria e  seus dependentes. O projeto, realizado com o acompanhamento do Ministério da Educação (MEC) em regime de experiência pedagógica, já está em execução nos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Rio de Janeiro.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL – No fim de 2016, o SESI, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), implantou projeto piloto da EJA Profissionalizante em três estados – Bahia, Pará e Santa Catarina. Quando concluírem as etapas da educação básica e educação profissional, os 315 alunos receberão certificado de conclusão do ensino médio e do curso de qualificação profissional.

Na Bahia, 105 alunos, que têm entre 18 e 30 anos, participam do projeto. Eles iniciaram o ensino médio no SESI, sendo que os encontros presenciais são baseados em oficinas temáticas e aulas de robótica, por área de conhecimento. Para a qualificação profissional, os alunos poderão optar por uma das três ocupações ofertadas pelo SENAI à EJA: Montador e Reparador de Microcomputador; Instalador Hidráulico; e Eletricista e Instalador Residencial. 

Em Santa Catarina, o projeto é desenvolvido na unidade do SESI de São José, município localizado na Grande Florianópolis. Os 105 estudantes, que têm entre 25 e 30 anos, concluirão no início do segundo semestre qualificação profissional em uma das três áreas possíveis ofertadas à EJA no estado: Desenhista Mecânico; Eletricista e Instalador Residencial; e Mecânico de Refrigeração e Climatização Residencial.

Em Santa Catarina e na Bahia, a metodologia que considera oo reconhecimento de saberes proporcionou uma redução de 300 horas-aula, em média. “Essa nova metodologia mudou a face da EJA, permitindo um aumento no nível de engajamento de estudantes e professores por meio tanto do reconhecimento de saberes quanto da construção de trilhas de aprendizagem personalizadas”, destaca a coordenadora de Educação do SESI em Santa Catarina, Maria Tereza Cobra.

EXPANSÃO – O sucesso da iniciativa em Santa Catarina fez com que o SESI conseguisse autorização do Conselho Estadual de Educação para, a partir de agosto de 2017,  expandir a  oferta da nova metodologia aos 16 mil alunos da EJA da rede SESI no estado.

No Pará, a oferta da EJA Profissionalizante teve início em março de 2017 e conta com 105 alunos. Antes da aplicação do reconhecimento de saberes, o SESI no estado disponibilizou a todos um curso de inclusão digital.

A mudança na metodologia da EJA é considerada a mais inovadora desde que o programa de Educação para Jovens e Adultos foi criado, na década de 1940. A Nova EJA conta, inclusive, com reconhecimento internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). “A metodologia vem ao encontro de uma demanda emergente da indústria de elevação da escolaridade”, diz Marcos Tadeu de Siqueira. “O Ministério da Educação também deve ter essa iniciativa como um norteador para estruturação de um nova política pública para EJA no Brasil", completa.

Para o próximo ano, o SESI pretende ampliar a oferta da Nova EJA e da EJA Profissionalizante a toda rede SESI nos 26 estados e no Distrito Federal.

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