Festival SESI de Robótica mistura brasilidades com tecnologia e a educação do futuro

Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, abriu o evento destacando o papel do ensino da robótica para preparar os jovens para um mundo do trabalho digital e em rápida transformação

Crianças e adolescentes carregam, orgulhosos, adereços que remetem às tradições da sua região. Bandeiras dividem espaço com frutas, cactos, samambaias e até um Guaraná Jesus. Eles vêm dos quatro cantos do Brasil e, mesmo com tantas diferenças de sotaque, de gírias, de costumes e de trajetórias, se entendem e se identificam pela mesma paixão, a robótica. 

O Festival SESI de Robótica, que começou em Brasília nesta quarta-feira (15) e segue até sábado (18) na Arena BRB Mané Garrincha, é assim. Um encontro de estudantes bem diferentes uns dos outros, mas que falam uma mesma língua, complexa e lógica. A matemática, linguagem universal que usa símbolos para formar equações compreendidas em qualquer lugar do mundo, se junta à física e à química; e assim surgem robôs, miniaturas de carros de Fórmula 1 e projetos que solucionam problemas da vida real.  

Os estudantes, que têm entre 9 e 19 anos, usam conceitos aprendidos em sala de aula para modelar os carrinhos, programar e construir robôs. E tem forma mais divertida e prática de aprender? Para deixar todo o processo ainda mais enriquecedor, o aprendizado e o trabalho são em equipe e eles têm liberdade para quase tudo, do nome do time à apresentação aos juízes.

É aí que as exatas se encontram com as humanas, e a criatividade dos alunos confere charme e personalidade enquanto cumprem com o rigor e a precisão de um amontoado de regras, fórmulas e códigos exigidos em cada modalidade da robótica. Na cerimônia de abertura, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, falou da importância do ensino da robótica para preparar esses jovens para as profissões do futuro. 

“O SESI e o SENAI estão buscando, por meio da valorização da robótica, da automação e do conhecimento de digitais, fazer com que vocês, jovens, tenham cada vez mais formação para o futuro, que se torna a cada dia mais digital”, destacou.

O presidente da CNI participou da cerimônia de abertura do Festival SESI de Robótica

Caju vira energia 

O Ceará é o maior produtor de castanha de caju do país: 63% das terras para plantação do pseudofruto no Brasil ficam no estado. Foi nesse terreno fértil e de muito desperdício, já que toneladas vão para o lixo, que os estudantes da equipe Beebots do SESI Sobral tiveram a ideia de aproveitar o que é descartado do caju para gerar energia por meio de um biodigestor.  

O projeto de inovação da equipe, que disputa a FIRST LEGO League Challenge (FLL), é o resultado da teoria aplicada à prática por meio da ciência. “Eu aprendi que esse processo químico é a transformação da matéria orgânica do biogás. Antes eu não sabia que dava para fazer com o caju”, destaca Aquiles Farias, 14 anos.

Além do protótipo do biodigestor, a equipe fez um cordel para explicar o projeto:

"Percebemos, que alegria!  

O caju não vai mais estragar 

O gás criado na fermentação dele  

O gás criado da energia dele 

Energia vai gerar  

Útil ele vai ser  

Quando a fermentação acontecer 

E o pequeno agricultor ajudar...” 

Maria Heloísa Oliveira, de 15 anos, fala do esforço feito pela equipe até chegar ao torneio. “Nós treinamos de manhã, de tarde e de noite, passamos o dia todo com a robótica na cabeça. Estar aqui é uma grande oportunidade para a nossa vida, nós trabalhamos o biodigestor fazendo pesquisa, reuniões... Fizemos de tudo para estar aqui e mostrar para o mundo um problema que a gente enxergou”, conclui. 

Pilotos (aero)dinâmicos 

Aerodinâmica é o estudo do movimento no ar. Quer ver como isso acontece na prática? Um disparo, e o carrinho com o molde certo dispara pela pista de F1 In Schools. Matemática, física, engenharia e tudo que você imaginar em um só lugar, em questão de segundos. 

Yhana Beatriz Fernandes, de 16 anos, é estudante do SESI São Gonçalo do Amarante (RN) e explica que, para a modelagem dos carrinhos, a equipe vê na prática diversos conteúdos e disciplinas. “É onde mais usamos física e matemática, para que o carro possa ter uma boa execução ali no momento da pista”.

Além disso, a jovem conta que a sua experiência como copilota da F1 In Schools fez com que ela evoluísse não só nas pistas, como também na vida. “Não se trata só da competição em si, é um aprendizado que se constrói desde a escuderia até o momento das pistas e avaliações”. 

Um robô alemão de festa junina que ensina trabalho em equipe 

Entre TeCCactus, Spartan e TupiTechs, um nome forasteiro: Lösungsjäger. Os alunos do Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, aproveitaram as aulas de alemão para traduzir – e saber pronunciar – o termo “Caçadores de Soluções”, na tradução para o português. Se solucionar problemas é o principal desafio das equipes, por que não já dizer isso em um nome que remeta às raízes de muitas famílias da região? 

“Obviamente tem a robótica em si, a engenharia, com programação e construção do robô. Mas, o que mais aprendi na robótica foi o trabalho em equipe, a colaboração. E tem o marketing, os patrocínios, então muitos poderiam se interessar, e você aprende coisas que vai usar para o resto da vida", acredita Gustavo Hebmuller, 16 anos, que pretende cursar Engenharia Aeroespacial.  

“A robótica proporciona uma oportunidade única de poder treinar essas habilidades que você não consegue cultivar no seu tempo livre, fora da escola”, completa Bruno Seminotti. O robô alemão já foi atração até da festa junina da escola, para divulgar o trabalho da equipe para os pais e os alunos. 

Semeando robótica 

Para homenagear Mato Grosso e suas riquezas, duas equipes estreantes na FIRST Robotics Competition (FRC) têm agro – a principal atividade econômica do estado – no nome. A Agrotech e a Agrobot são de Várzea Grande e de Rondonópolis, respectivamente. Marcos Pinto, da Agrotech, destaca que a inspiração não ficou restrita ao nome do time. Ela é parte da identidade visual e do projeto social.  

“O slogan do nosso projeto, chamado Semeando Robótica, é: ‘Plantar tecnologia é investir no cultivo de mentes brilhantes’. E a nossa robô é a Safra”, conta. O jovem reconhece que ele e mais três integrantes que fazem o curso técnico de eletrotécnica já estavam familiarizados com alguns conceitos, mas foi bem diferente quando tiveram o primeiro contato com a robótica.

Marcos (à direita) em partida da FRC

“A gente sabia o básico da elétrica, que você tem que conectar o negativo com o positivo, só que o que estava acontecendo ali era tudo novo, principalmente a parte da mecânica. Quando você se interessa, aprende rapidão, né?”, questiona, com o brilho no olhar de quem ainda tá fascinado com as descobertas e tem muito a aprender. 

Confira mais fotos da abertura do Festival SESI de Robótica!

15/03/23 - Abertura - 5° Festival SESI de Robótica

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