Jackyelyson Alves e Júlio Fernarndes exibem a medalha de ouro conquistada na WorldSkills São Paulo 2015, após cerimônia com a presidente Dilma Rousseff
Júlio Fernandes entrou para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em 1984, ainda adolescente. Aos 14 anos, influenciado pelo irmão, matriculou-se no curso de aprendizagem industrial em soldagem em Tubarão (SC). Aluno dedicado e habilidoso, foi convidado pelos professores a participar do torneio nacional de formação profissional no ano seguinte e conquistou a medalha de ouro. Esse é o início de uma história que teve seu ponto mais alto em agosto de 2015, quando o jovem Jackyelison Alves, treinado por Júlio, tornou-se o melhor profissional de soldagem do mundo. O resultado foi alcançado na WorldSkills São Paulo, a olimpíada mundial de ensino técnico.
Júlio foi instrutor de soldagem no SENAI de Tubarão entre 1988 e 2009. Nesses mais de 21 anos, especializou-se em treinar estudantes para competições técnicas. Desde 1983, o SENAI participa do mundial - uma forma de avaliar a qualidade dos cursos que oferece.
Em 2003, Júlio tornou-se o expert do Brasil nessa modalidade para a competição internacional. Na função, ele tem como principais tarefas coordenar o treinamento antes das provas, e, durante a disputa, orientar e acompanhar o competidor. Ao final, ele participa do grupo que avalia os concorrentes para definir o resultado.
RECONHECIMENTO - Como treinador, Júlio coleciona quatro medalhas – duas de bronze, uma de prata e uma de ouro, além de dois quartos lugares – na competição mundial. As quatro medalhas são conquistas de competidores do SENAI de Mossoró (RN). O bom desempenho da escola – segundo Júlio – vem do compromisso e da boa orientação dos profissionais. Hoje, a unidade tornou-se referência na formação desses trabalhadores para o mercado de trabalho.
“[Treinar competidores] virou uma doença”, compara Júlio. "E não é apenas formar o melhor soldador. A competição acaba e a vida deles continua”, diz, consciente do papel da formação para o trabalho na vida dos jovens. Ele conta que, às vezes, é necessário fazer um exercício de convencimento com os pais sobre como é importante para os jovens. “Muitos prefeririam que os filhos já estivessem trabalhando, ganhando dinheiro”, revela.
Por conta da experiência em treinamento e os ótimos resultados, Júlio recebeu, em 2012, um convite do Departamento Nacional do SENAI para compor a equipe responsável pelo projeto Top One. O objetivo era chegar ao lugar mais alto do pódio na WorldSkills 2015, em São Paulo. Para isso, deixou os dois filhos em Tubarão (SC) e mudou-se para Brasília (DF). Na capital, além de expert da soldagem, foi gestor de um centro de treinamento criado especificamente para a competição no Brasil. Das 14 modalidades que se prepararam no local, sete conquistaram medalhas na competição.
Depois de ajudar o Brasil a ter o melhor desempenho da história no torneio, Júlio olha para trás e vê com orgulho os quase 30 anos dedicados à educação profissional. “Eu tenho a absoluta certeza que fiz a escolha certa. É tudo muito gratificante”.
