A política de educação profissional no Brasil vai entrar em novo patamar. Os cursos técnicos de nível médio oferecidos por instituições públicas, particulares e do sistema S serão avaliados em larga escala a partir deste ano. Atualmente, aspectos como o desempenho de alunos e professores, as habilidades adquiridas ao longo da formação e a adequação dos conteúdos são analisados, em alguns casos, pelas próprias escolas.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) , que apoia o Ministério da Educação no desenvolvimento do sistema de avaliação, realiza esses estudos há cinco anos e também acompanha a empregabilidade de seus ex-alunos.
A experiência iniciada em 2010 com 1,5 mil estudantes de apenas um curso técnico chegou a 2014 com 9 mil estudantes em 10 cursos. “A metodologia utilizada é a Teoria de Resposta ao Item (TRI), a mesma praticada não só pelo Ministério da Educação (MEC), como pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na avaliação do Programme for International Student Assessment (PISA), e na maioria das avaliações praticadas pelos países desenvolvidos”, conta a gestora do Sistema de Avaliação da Educação Profissional (SAEP) do SENAI, Glecivan Rodrigues.
Esse tipo de avaliação prevê a construção de série histórica, o que permite a construção de um diagnóstico do perfil do aluno que sai da instituição. Com isso, é possível analisar a efetividade do processo de ensino e de aprendizagem e suas relações com fatores externos.
A programação para 2015 é avaliar 30 cursos técnicos no primeiro semestre e 40 no segundo semestre. A prioridade será de cursos técnicos com perfis e itinerários nacionais definidos, e que fazem parte do escopo do Pronatec.
COMPLEXIDADE - Em reunião com a equipe da entidade, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares, reconheceu a maior complexidade da avaliação em educação profissional em relação à básica. “As questões de um exame para estudantes, por exemplo, não podem ser lápis e papel. Uma das saídas é utilizar simuladores nas situações problema. O importante na educação profissional é o saber fazer”, explica Soares.
A expectativa é que, ainda este ano, o MEC finalize a proposta para implantar o sistema de avaliação. Dados do Censo da Educação Básica mostram que, entre 2008 e 2013, o número de matrículas nos cursos técnicos passou de 927.978 para 1.441.051 – um crescimento de 55,3%. O percentual de alunos matriculados no ensino médio que faziam cursos técnicos de forma integrada ou concomitante à educação básica passou, nesse mesmo período, de 6,1% para 7,8%.