Recuperação da indústria é insuficiente para recompor perdas com greve dos caminhoneiros, avalia CNI

Indicadores Industriais de junho mostram que o setor enfrenta dificuldades para voltar a crescer. Emprego, massa real de salários e rendimento médio dos trabalhadores continuam encolhendo

Os dados dos Indicadores Industriais de junho mostram que a indústria recuperou parte das perdas registradas com a greve dos caminhoneiros. O faturamento real da indústria aumentou 26,4% em junho na comparação com maio, na série livre de influências sazonais, recuperando com folga a queda de 16,7% de maio, informa a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI)

“O forte crescimento do faturamento deve ser analisado com cautela. Esse resultado excepcional é explicado pelo fim do represamento de embarques”, diz a pesquisa. “Ao se comparar o faturamento acumulado no segundo trimestre com o do primeiro trimestre de 2018, registra-se queda de 2,7%”, observam os Indicadores Industriais.

Na verdade, a indústria faturou em junho parte das entregas que deveriam ter sido feitas em maio. Além disso, analisa a CNI, a recuperação das horas trabalhadas na produção e da utilização da capacidade instalada foi inferior ao recuo registrado em maio. “Assim, ambas ficaram abaixo do nível registrado em abril”, dizem os Indicadores Industriais.

As horas trabalhadas na produção cresceram 1,3% em junho frente a maio, na série de dados dessazonalizados. Com isso, o indicador não conseguiu reverter a queda de 1,7% do mês anterior.  O nível de utilização da capacidade instalada aumentou 0,8 ponto percentual em junho na comparação com o mês anterior também na série com ajuste sazonal, depois de cair 2,2 pontos percentuais em maio.  Com a alta de junho, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em 76,7%, menor do que os 77,2% registrados em junho de 2017, na série dessazonalizada.

MERCADO DE TRABALHO -  Os indicadores de mercado de trabalho confirmam as dificuldades da indústria. O emprego no setor caiu 0,2% em junho frente a maio, na série livre de influências sazonais. Foi o segundo mês consecutivo de queda no indicador. No primeiro semestre do ano, o emprego subiu 0,6% em relação ao mesmo período de 2017. 

A massa real de salários recuou 0,8% em junho na comparação com maio, também na série dessazonalizada. Foi a quarta queda consecutiva do indicador. De janeiro a junho, a massa real de salários diminuiu 0,6% frente ao mesmo período do ano anterior.  O rendimento médio real do trabalhador caiu 0,7% em junho frente a maio, na série com ajuste sazonal. No primeiro semestre, a perda é de 1,1% em relação ao período janeiro a junho de 2017.

“A recuperação da atividade industrial já era lenta e o quadro geral piorou no segundo trimestre”, afirma o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele explica que isso é resultado de vários fatores. “Além da piora do quadro externo, há aumento do nível de incerteza, com dúvidas sobre a política econômica a ser adotada a partir do resultado das eleições, e sobre os desdobramentos da recente crise de transportes de carga rodoviária. Não podemos nos esquecer que a intervenção no livre mercado e na concorrência decorrente da tabela de fretes mínimos acarreta incerteza jurídica e, caso efetivada, aumento de custos na economia”, destaca Castelo Branco. Ouça:

SAIBA MAIS - Acesse a página dos Indicadores Industriais para conhecer mais detalhes da pesquisa.

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