PIB industrial fechará o ano com queda de 0,5%, prevê CNI

CNI revisa para baixo as estimativas para o desempenho da economia divulgadas em março deste ano

Informe Conjuntural

A economia brasileira crescerá apenas 1% neste ano. A modesta expansão será resultado do crescimento de 1,5% do setor de serviços, da alta de 2,3% da agropecuária e da queda de 0,5% da indústria. As projeções estão no Informe Conjuntural do segundo trimestre que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga nesta quinta-feira (24). No estudo, a CNI revisa para baixo as estimativas para o desempenho da economia divulgadas em março deste ano. "As causas da forte desaceleração são várias e decorrem mais do ambiente doméstico do que da economia mundial", diz o estudo. 

Entre elas, está a inflação, que, na avaliação da CNI, deve fechar o ano em 6,6%, acima do limite máximo da meta de 6,5% fixada pelo Banco Central. "A inflação permanentemente elevada provoca o aumento dos juros e, consequentemente, a retração do crédito oriundo de bancos privados. A menor liquidez conduz ao progressivo enfraquecimento tanto do consumo das famílias como do investimento das empresas", relata o Informe Conjuntural. 

Com isso, a estimativa é que consumo das famílias aumente apenas 1,5% e os investimentos tenham uma queda de 2%. "A reversão do quadro negativo do investimento depende de uma recuperação da confiança do empresário", afirma o estudo. 

PRODUÇÃO INDUSTRIAL - O Informe Conjuntural destaca que a retração de 0,5% projetada para o PIB industrial será puxada pela queda de 1% na indústria de transformação e de 1,7% na indústria da construção. A indústria extrativa deve crescer 1,5% em relação a 2013. "Os indicadores recentes mostram que a indústria brasileira segue com dificuldade em intensificar o seu ritmo de operação", informa o estudo. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção industrial acumula uma redução de 1,6% de janeiro a maio deste ano.  Na indústria de transformação, a queda acumulada na produção é de 2,4%. No grupo de bens de capital, a retração atinge 5,8%. Além da falta de competitividade, explica a CNI, o desaquecimento da indústria é resultado do enfraquecimento da demanda interna, da retração das exportações para a Argentina, do encarecimento do capital de giro, do crescimento do custo da energia elétrica (provocado principalmente pelo déficit hídrico) e da falta de confiança do empresário. 

O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, falou ao Portal da Indústria sobre as ações necessárias para a recuperação da atividade industrial. Ouça o que ele disse clicando aqui.

Confira outras previsões da CNI para 2014: 

• Emprego: 
A estimativa é que a taxa média de desemprego, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fique em 5,6%. "As taxas de desemprego continuam baixas em função do desempenho da População Economicamente Ativa (PEA), que vem encolhendo desde outubro do ano passado." 

• Juros: A taxa nominal de juros alcançará 11% ao ano no final do ano. "A turbulência no ambiente econômico atual e as iminentes alterações na política monetária americana (com redução na compra de ativos e possível elevação dos juros em um futuro próximo) devem fazer com que o Copom aguarde um pouco mais para, eventualmente, efetuar alguma alteração na Selic." 

• Câmbio: A cotação média nominal do dólar em dezembro deste ano alcançará R$ 2,40. "Para o fim do ano, devido ao calendário eleitoral, o câmbio deve mostrar alguma volatilidade." 

• Saldo comercial: A balança comercial fechará o ano com um superávit de US$ 1,5 bilhão, com exportações de US$ 237 bilhões e importações de US$ 235,5 bilhões. As vendas externas terão uma queda de 2% e as importações cairão 1,7% em relação a 2013. "As vendas de manufaturados deverão permanecer fracas." 

• Contas públicas: O superávit primário do setor público consolidado alcançará R$ 80 bilhões no fim de 2014, equivalente a 1,5% do PIB, ficando abaixo da meta de R$ 99 bilhões.  O déficit público nominal será de 3,65% do PIB e a dívida pública líquida chegará a 35% do PIB. 

ACESSE A PUBLICAÇÃO - Confira o site do Informe Conjuntural para saber todos os detalhes do estudo. 

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