Assim como existem selos para identificar características das formulações dos produtos, existem os que certificam a composição de embalagens.
O selo FSC, por exemplo, para embalagens de papel, atesta a origem e rastreabilidade da madeira fornecida pelos parceiros.
Outro selo muito importante é o EURECICLO, que garante que pelo menos 22% do total de embalagens que determinada empresa produz são recicladas, como exige a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Já o selo Green Dot certifica empresas que se comprometem a desenvolver embalagens recicláveis e a reduzir o impacto ambiental.
E o selo Forest Stewardship Council – FSC certifica embalagens produzidas com árvores de manejo, inclusive nas caixas de embarque.
Para Zamberlan, da Natura, no entanto, apesar dos esforços para investir em embalagens sustentáveis, coerentes com seus propósitos, há desafios que só podem ser enfrentados de maneira coletiva.
"Ainda existem limitações estruturais que tornam mais complexa a concretização de estratégias de economia circular, como as cadeias de reciclagem ou políticas de compostagem. Isto de certa forma tende a tornar ainda mais desafiadora a disponibilidade de materiais reciclados e a plena destinação correta de embalagens, mesmo com altos índices de reciclabilidade e o ecodesign das embalagens", explica.
O consumidor também precisa adaptar seus rituais e padrões de uso, consumo, destinação e até critérios de escolha, acredita o diretor da Natura. "Nossa motivação de tornar desafios socioambientais em oportunidades de inovação nos encarrega do papel de uma empresa direcionadora de tendências. Assim, com o mesmo espírito que temos apresentado historicamente soluções inovadoras e sustentáveis, temos certeza de que poderemos juntos construir um futuro muito mais próspero no sentido da regeneração do planeta", conclui.
É nessa linha que pensa também a diretora de marketing e vendas da Granado, Sissi Freeman. "Nem sempre as pessoas querem pagar a mais por um produto inovador, que tem mais custos para o empresário", lembra. "O Brasil é um mercado tão grande que você nem precisa ir pra fora para aumentar seu faturamento. E no exterior é o contrário, eles têm uma limitação de consumidores. Por muitos anos, especialmente quando o Brasil era mais fechado, as empresas não tinham tanto essa preocupação, mas hoje, com a internet e pessoas viajando mais e muitas marcas de fora vindo pro Brasil, isso tem nos dado mais competitividade, necessidade de estar alinhada com as tendências", conclui.
Com um país tão vasto e diverso, a indústria brasileira de cosméticos tem tudo para sair na frente nesse mercado. Das matérias-primas ricas e únicas aos consumidores com todos os tons de pele e tipos de cabelo possíveis, o Brasil está com a faca e o queijo na mão. O que falta?
Para Dione Vasconcellos, da Lola, ainda existem vários desafios a se vencer. "Quando se trata de desenvolvimento de novos produtos, somos excepcionais. No entanto, falta uma estrutura educacional que acompanhe essa excelência. Não temos, por exemplo, um curso universitário voltado 100% ao desenvolvimento cosmético, e as opções de pós-graduação são muitas vezes inacessíveis para quem não tem condições financeiras de arcar com o custo de cursos particulares", diz a empresária. "Para fortalecer ainda mais nossa indústria, é crucial que haja maior apoio ao desenvolvimento de talentos e à inovação local."