Para muitas pessoas que querem avaliar os trabalhos do Sistema Indústria, bastaria partilhar alguns dados estatísticos sobre os serviços que as entidades que o integram prestam a milhares de empresas e milhões de trabalhadores brasileiros.
Certamente, uma breve procura nos mais diversos meios de comunicação online pode apontar a excelência e a diversidade de seus benefícios oferecidos à indústria e à sociedade.
Entretanto, para além desses números de sucesso, uma descrição pode mostrar melhor a importância do resultado desse esforço da Casa da Indústria: as vidas de pessoas que são impactadas por esses serviços. Esse é o motivo desse relato que busca dar visibilidade ao processo de atuação dessas casas – SESI (Serviço Social da Indústria), SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e CNI (Confederação Nacional da Indústria) – em uma vida, como exemplo.
Desde a mais tenra idade, utilizei os serviços médicos do SESI bem perto de casa. Meu pai era funcionário de uma empresa que produzia calhas de metal e, por isso, tinha direito a atendimento para toda a família. Dentistas e pediatras foram os profissionais que mais usamos. Lembro-me, até hoje, do doutor Rocha, que cuidou de mim e dos meus dois irmãos. A unidade era tida como padrão nos serviços e nas instalações. Todos os exames solicitados também eram realizados pela instituição.
Esse quadro de tranquilidade para acessar médicos para a família pode parecer corriqueiro para algumas pessoas, mas para a minha família, certamente, não o era. Oriundos de uma comunidade mais carente, sem o apoio do SESI nossa única opção seriam as grandes filas dos hospitais públicos. Hoje, olhando para trás, eu percebo o quão isso foi importante para dar tranquilidade aos meus pais.
Já na adolescência, fui indicado por um amigo do meu pai para um curso no SENAI. Estudei para o ofício de ajustador ferramenteiro. O que muita gente não sabe é que os cursos na instituição não são limitados a treinamentos na oficina “descascando ferro”. Em salas de aula, estudávamos reações químicas, matemática, geometria e outras disciplinas, acompanhadas de atividades em laboratórios com experiências técnicas.
Não tenho dúvida de que um jovem que frequenta um lugar com essas características modifica sua visão de mundo e sua perspectiva de vida daí em diante. Nas oficinas, éramos estimulados a desenvolver, além do conhecimento, um senso de responsabilidade e de respeito pelos instrutores. Era a preparação para a vida, não somente profissional, no tocante à produção industrial, mas, também, na relação entre os companheiros de trabalho.
Após todas essas experiências com SESI e SENAI impactando positivamente a minha vida e a da minha família, anos depois, quis o destino que eu pudesse constatar, in loco, o importante trabalho que outra entidade integrante do Sistema Indústria desenvolve em prol do setor produtivo e do país.
Desde novembro de 2012, ingressei na Confederação Nacional da Indústria (CNI), que, entre várias outras atribuições, faz a coordenação nacional do SESI e do SENAI. Ali, tenho o privilégio de acompanhar as ações e os projetos desenvolvidos por seus líderes e colaboradores em prol da saúde e da educação profissional de milhões de trabalhadores, da inovação e de vários outros fatores fundamentais para a melhoria do ambiente de negócios e o aumento da competitividade das empresas e do país.
Por todas essas experiências, ouso afirmar que o Brasil não pode prescindir do trabalho desenvolvido por essas entidades, que transformam vidas e abrem perspectivas de futuro para jovens de baixa renda. Que elas tenham vida longa.
Sandro Xavier é linguista, teólogo e ex-aluno do SENAI.
O artigo foi publicado nesta sexta-feira (22) no Jornal de Brasília.
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