Desafios para o Brasil no pós-pandemia

Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explicou que o novo cenário confirmou que a ciência, a pesquisa e a tecnologia são a garantia da nossa sobrevivência

De uma hora para outra, a pandemia da Covid-19 mudou nossos hábitos e nos obrigou a rever planos e prioridades.  Em 2019, as principais discussões em todo o mundo giravam em torno do futuro do trabalho e das previsões de que a automação eliminaria empregos e transformaria a vida das pessoas. Imaginávamos que teríamos tempo para encontrar respostas adequadas a esses e outros desafios.     

Entretanto, no início de 2020, o novo coronavírus nos mostrou uma dura realidade. A busca por soluções para preservar vidas passou a ser a prioridade das prioridades. E, em meio à mais grave crise sanitária e econômica da história recente, nos deparamos com uma série de adversidades, muitas até então desconhecidas.  

Apesar das dificuldades, não podemos ficar paralisados. É necessário ter coragem para enfrentar fragilidades, vencer desafios e buscar o crescimento sustentado da economia, para melhorar qualidade de vida e o acesso da população à saúde, à educação e ao lazer, com trabalho, renda, dignidade e liberdade. 

Precisamos agir rápido e com muita determinação. Não temos o direito de esperar por uma segunda pandemia. Todos – cidadãos, empresas, governos – devemos deixar de lado o egoísmo, prestar atenção às demandas coletivas e buscar a união em torno de um projeto consistente de retomada da economia, que possibilite ao país superar as consequências negativas da Covid-19 e se adaptar ao chamado “novo normal”.

A crise atual provocou algumas reflexões sobre a economia globalizada. A recente falta de insumos e equipamentos na área de saúde mostrou a necessidade de os países terem uma ampla base de produção para assegurar o suprimento das cadeias industriais, manter empregos e gerar riquezas. Ficou claro que não podemos produzir tudo, mas também não podemos depender de um ou dois fornecedores nem de um ou dois clientes.

O novo cenário confirmou que a ciência, a pesquisa e a tecnologia são a garantia da nossa sobrevivência. Por isso, cresceu a necessidade de investimentos constantes e robustos em inovação e desenvolvimento tecnológico.  

Aumentou, igualmente, a importância de uma educação básica e profissional de qualidade, que assegure um futuro melhor para os jovens e fortaleça o espírito coletivo e o compromisso ético com o país. 

O ambiente mais complexo do pós-pandemia requer, ainda, a ampliação da produtividade e da competividade da indústria e dos demais segmentos. Um passo decisivo é a aprovação de reformas estruturantes, sobretudo a tributária e a administrativa. 

É imprescindível fazer uma reforma tributária que simplifique o sistema de arrecadação de impostos, aumente a base de contribuição, reparta a carga de forma equânime entre os diversos setores e que dê transparência sobre os tributos incidentes sobre produtos e serviços. 

É imperioso, também, reformar o Estado brasileiro, por meio de uma reforma administrativa que reduza e racionalize os gastos públicos, e que melhore a qualidade e a eficiência dos serviços prestados à população. Políticas públicas precisam ter metas de desempenho e avaliação precisa de custos e benefícios, para assegurar a efetividade nas ações e na aplicação de recursos públicos.  

A revisão do modelo de tributação será o norte para a modernização do Estado. Por isso, é essencial que as reformas tributária e administrativa tramitem simultaneamente no Congresso Nacional, para que, ao final, tenhamos um Estado menos pesado e um sistema tributário simplificado, possibilitando ao Brasil iniciar um novo ciclo de desenvolvimento.

Hoje, o foco principal deve ser a preservação da saúde e da vida das pessoas. Temos, entretanto, que trabalhar para a construção de um futuro de mais prosperidade, qualidade de vida, inclusão social e paz para todos os brasileiros.

*O artigo foi publicado no jornal Folha de S.Paulo, no dia 15 de setembro 

Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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