A indústria sempre foi, e continuará sendo, extremamente importante para o desenvolvimento econômico e social, não apenas do Brasil, mas de todos as nações. Após a pandemia da Covid-19, será fundamental fortalecer o setor industrial para que ele seja cada vez mais dinâmico e inovador, com vista a superar a grave crise econômica e social vivenciada pelo país. Com o poder público concentrando esforços na adoção de medidas para melhorar o ambiente de negócios, além do empenho na aprovação das reformas estruturais, as fábricas voltarão a investir e criar empregos, impulsionando a economia.
A indústria desempenha um papel estratégico no fortalecimento de todo o setor produtivo brasileiro, especialmente com seus investimentos em tecnologia e inovação. É na indústria que são desenvolvidas variedades de sementes mais produtivas, defensivos mais eficazes e seguros, além das modernas máquinas e equipamentos que aumentam a competitividade da agricultura nacional. É também na indústria que se utilizam biotecnologia e nanotecnologia, e se constroem estruturas e materiais em escala molecular.
Como demandante, a indústria nacional viabiliza o desenvolvimento de serviços de alto valor agregado, como pesquisa científica, design, logística e marketing, entre vários outros. Isso significa que tanto a agricultura brasileira, que está entre as mais competitivas do mundo, quanto o ágil e cada vez mais sofisticado setor de comércio e serviços dependem de uma indústria forte e moderna operando no país.
Os números são conhecidos e não deixam dúvidas quanto à relevância do setor industrial para o Brasil. Ele é responsável por 21% do Produto Interno Bruto (PIB) e 20% dos empregos formais no país, 70% das exportações brasileiras de bens e serviços, 72% dos gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) da iniciativa privada e 33% da arrecadação de tributos federais.
Em função de sua extensa cadeia de fornecedores, cada R$ 1 produzido na indústria gera R$ 2,40 na economia nacional como um todo. Nos demais setores, o valor é menor: R$ 1,66 na agricultura e R$ 1,49 em comércio e serviços. A indústria nacional também paga salários muito superiores aos demais segmentos. Os trabalhadores industriais com ensino superior completo ganham 33% a mais do que a média do país, contribuindo para o aumento da renda per capita dos brasileiros.
A recuperação da economia nacional passa, portanto, por melhores condições para a indústria retomar seu fôlego, voltar a produzir em plena capacidade, competir de maneira mais eficiente e voltar a crescer. Além das iniciativas emergenciais para restabelecer o caixa das empresas, o que exige melhor acesso ao crédito e repactuação de dívidas tributárias, é preciso viabilizar medidas que possam elevar o grau de competitividade industrial a médio e longo prazos.
Hoje, temos no país um péssimo ambiente para os negócios, marcado por uma profusão de regras contraditórias e por muita insegurança jurídica, que acabam por arruinar a capacidade empreendedora dos brasileiros. O arcabouço jurídico, regulatório e institucional precisa jogar a favor de quem deseja abrir um negócio – e não contra. Esse é um desafio para o Congresso, o Poder Executivo, o Judiciário e, de resto, para toda a sociedade.
Em outras épocas, foi a indústria o setor que mais contribuiu para que o país saísse de graves crises econômicas. Agora, não será diferente. A história mostra que, quando a indústria vai bem, a economia passa por um círculo virtuoso e prospera. Inversamente, quando a indústria enfrenta problemas, os efeitos adversos se espalham e a economia afunda. O Brasil precisa de uma indústria forte e dinâmica para voltar a crescer e a criar empregos num ritmo adequado aos justos anseios de desenvolvimento da população brasileira
*O artigo foi publicado na edição de setembro da Revista Indústria Brasileira.
Robson Braga de Andrade é o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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