A economia maranhense viveu seu apogeu há décadas passadas como exportadora, principalmente para a Europa, de produtos das indústrias têxteis e de oleaginosas e do beneficiamento de algodão. Época em que nosso parque fabril teve expressividade e viveu momentos de grande euforia.
Com a derrocada desses setores e após novas perspectivas e oportunidades criadas, a indústria do nosso estado voltou a ter boa representatividade na economia sendo responsável hoje pela geração de 17,5%(2016) do PIB estadual.
Agora, com a assinatura do acordo do livre comércio entre o Mercosul e União Europeia, celebrado recentemente em Bruxelas, sinaliza um avanço extraordinário para o comércio do bloco sul-americano que compreende o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e a maioria dos países europeus, removendo tarifas e abrindo um mercado de 750 milhões de pessoas e criando comércio bilateral de mais de 100 bilhões de dólares.
O acordo reduz a tarifa de importação de produtos brasileiros e aumenta a competitividade de bens industriais em setores importantes como têxtil, químicos, autopeças e aeronáutico, o último, passível de inclusão na pauta industrial maranhense. Os dois blocos de países reúnem PIB de US$ 19 trilhões, representando cerca de 30% do PIB mundial, e poderá possibilitar significativo impacto para a indústria nacional, porque 68% dos produtos brasileiros enfrentam barreiras para entrar na região.
Esse tratado pode representar o passaporte para o Brasil entrar na liga das grandes economias do comércio internacional e abre o nosso mercado para produtos e serviços europeus. O importante é que essa mudança será gradual, mesmo assim as empresas devem começar a se adaptar à nova realidade. Cria novas oportunidades de exportação devido à redução de tarifas europeias, ao mesmo tempo que abre o mercado brasileiro para produtos e serviços europeus, o que exigirá do Brasil aprofundamento das reformas domésticas.
Um estudo feito recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que os produtos nacionais passarão a ter acesso preferencial a 25% do comércio do mundo com isenção ou redução do imposto de importação. Atualmente, eles só entram, nessas condições, em 8% dos mercados internacionais.
No longo prazo, o acordo poderá beneficiar a indústria de carnes, couro e água mineral e do setor de turismo do nosso estado, segmentos que tem poder de crescimento e terão tempo para se preparar para a competição neste novo ambiente de negócios. O futuro não é projetado numa bola de cristal, mas sim com planejamento e foco.
Essa é uma grande conquista para a economia nacional. Proporciona ganhos econômicos e sociais enormes com a ampliação do mercado internacional para os produtos brasileiros.
O acordo de livre comércio, discutido há vinte anos, e agora aprovado poderá injetar quase 100 bilhões de dólares no mercado interno, reduzindo custo de insumos, dos preços para o consumidor brasileiro, além de uma abertura do mercado europeu, para o exportador maranhense, abrindo perspectiva de aumento para a balança comercial do Maranhão, e este precisará ser mais competitivo. Quando esse pacto entrar em vigor – deve demorar cerca de dois anos – nova janela deverá ser aberta com a comunidade europeia para os bens e serviços made in Maranhão.
Agora cabe ao Congresso Nacional agilizar a aprovação desse pacto que demorou duas décadas para ser acordado. Ele elimina tarifas, permite o acesso às inovações tecnológicas, poderá reduzir o custo Brasil e poderá ajudar o país a encontrar o caminho econômico mais acertado para ter acesso ao seleto grupo da OCDE, sigla que reúne as nações mais ricas e poderosas do mundo.
Nesse cenário, compete ao Maranhão avaliar as oportunidades e traçar o melhor caminho para beneficiar-se do mercado europeu. Não basta apenas apreciar esse novo ambiente com olhar contemplativo.
Edilson Baldez das Neves é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
O artigo foi publicado no Jornal O Estado do Maranhão, neste sábado (6).
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