Empresários visitam Institutos SENAI de Inovação e planejam parcerias em produtos e processos inovadores

Em imersão organizada pelo IEL, grupo de 50 representantes de empresas e instituições parceiras conheceram centros de pesquisa e desenvolvimento da rede SENAI, dos institutos Embrapii e da Petrobras em cinco estados

Um grupo de 50 pessoas, formado por representantes de 22 empresas e instituições parceiras, visitou, entre 6 e 10 de março, as instalações de oito Institutos SENAI de Inovação e três centros de pesquisa e desenvolvimento de ponta no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, no Rio de Janeiro e na Bahia. A visita fez parte da 4ª edição do Programa de Imersão em Ecossistemas de Inovação, organizado pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL)

As imersões são realizadas desde o início de 2016 com o objetivo de criar oportunidades ao empresariado brasileiro de atualização em relação aos temas de maior relevância para a competitividade de seus negócios, bem como estimular a cooperação em PD&I no Brasil e no exterior. O programa, idealizado pela Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), grupo que reúne 200 lideranças das maiores empresas brasileiras, já visitou centros de pesquisa e desenvolvimento nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil.

Nesta edição, foram escolhidos para visita oito centros em São Leopoldo (RS), Joinville (SC), Curitiba (PR) e Salvador (BA) da rede nacional de 25 Institutos SENAI de Inovação. A rede foi criada para ser uma ponte entre o meio acadêmico e as necessidades do empresariado nacional. Seu foco de atuação é a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática, no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas e no prazo exigido pelo mercado ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Foram visitados também os Institutos Lactec, em Curitiba, e Tecgraf, no Rio de Janeiro, credenciados pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e o Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), também no Rio.

Na avaliação do diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, a imersão vai estimular as empresas participantes a investir cada vez mais em inovação.  “Nesta visita, temos um conjunto de empresas que estão descobrindo soluções e serviços que elas importavam ou faziam internamente com custo mais alto, além de oportunidades que não tinham condições de realizar em suas áreas de desenvolvimento. Seguramente, com esta visita, os empresários estão ampliando e instrumentalizando as estratégias empresariais de inovação”, avaliou Lucchesi, que recepcionou a comitiva no SENAI-Cimatec, em Salvador, onde estão instalados três Institutos SENAI de Inovação: em Automação da Produção; em Conformação e União de Materiais e em Logística.

ROBÔ COLABORATIVO – A série de visitas começou na cidade de São Leopoldo, onde estão instalados os Institutos SENAI de Inovação em Engenharia de Polímeros, também unidade Embrapii, e em Soluções Integradas em Metalmecânica. Os empresários conheceram equipamentos e tecnologias de última geração disponíveis, como um robô colaborativo sensitivo, que trabalha com seres humanos e possui sensores que impedem que ele colida com pessoas ou outros robôs.

“O projeto das imersões organizado pelo IEL tem como principal objetivo inspirar os empresários a tomar a decisão de inovar. Quando eles veem como é a feita a inovação, as possibilidades de inovar com esses laboratórios, eles voltam para suas empresas e começam a imaginar de que maneira uma mudança pode ser feita em suas empresas”, explicou o superintendente nacional do IEL, Paulo Mól, que acompanhou a comitiva na visita aos centros de pesquisa e desenvolvimento de São Leopoldo. 

Em Joinville, a comitiva foi recebida pelo diretor regional do SENAI em Santa Catarina, Jefferson Gomes, que também é professor do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA). Os visitantes conheceram a estrutura do Instituto SENAI de Inovação em Laser, o único da América Latina dedicado à pesquisa e desenvolvimento de produtos e soluções com essa tecnologia. Tiveram acesso ainda a equipamentos e produtos desenvolvidos no Instituto SENAI de Inovação em Sistemas de Manufatura, como uma máquina que automatiza o processo de entrega de cápsulas de café expresso e uma impressora 3D de metais com tecnologia totalmente nacional – os equipamentos disponíveis no Brasil atualmente são importados. 

Em Curitiba, o grupo visitou o Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, que já desenvolveu produtos inovadores como tintas autocicatrizantes e uma bateria lítio-ar, cuja carga pode durar até 100 dias (as baterias atuais duram cerca de 8h). Conheceu ainda as pesquisas e produtos desenvolvidos no Instituto Lactec, unidade Embrapii credenciada para atuar em projetos na área de Eletrônica Embarcada. No Rio de Janeiro, os empresários puderam conhecer o Tecgraf na PUC-Rio, credenciada para atuar em projetos na área de Soluções Computacionais em Engenharia, e o Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes).

INOVAÇÃO GLOBAL – A semana terminou no Campus de Tecnologia e Inovação do SENAI-Cimatec, em Salvador, um dos mais avançados centros de educação, tecnologia e inovação do Brasil. Em uma área de 35 mil metros quadrados estão integrados uma escola técnica, um centro tecnológico e uma faculdade operando de forma conjunta. Os três Institutos SENAI de Inovação instalados no Cimatec desenvolvem produtos inovadores de padrão global, como o Flatfish. Robô subaquático autônomo destinado à inspeção em 3D de dutos de exploração de petróleo e gás em águas profundas, o equipamento foi financiado pela Shell e pela Embrapii. No campus, também está instalado o segundo supercomputador mais potente da América Latina, o Yemoja (Iemanjá no idioma iorubá), utilizado em cálculos para pesquisas na camada pré-sal. O Cimatec, que também é unidade Embrapii, já desenvolveu projetos de pesquisa em parceria com empresas e instituições nacionais e internacionais da ordem de R$ 180 milhões, com mais de 60 patentes registradas.

Após uma maratona de visitas, os participantes da comitiva elogiaram a estrutura e a competência das equipes dos centros de pesquisa e desenvolvidos conhecidos. “Fiquei bem contente com que vi durante as visitas, os centros de excelência que temos no Brasil e como fazem a ponte com as universidades a fim de realmente responder às demandas no prazo necessário para as empresas”, avaliou a gerente de NPD (New Product Development) da Avon, Cristiane Miyazato. Ela é responsável neste momento pela montagem de um centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa no Brasil, que entrará em operação até o fim do ano com cerca de 50 pessoas. “O centro de pesquisa e desenvolvimento que estamos instalando no Brasil será o primeiro fora da matriz nos Estados Unidos. Mesmo tendo nossos pesquisadores, não somos experts em todas as áreas, e por isso é importante ter parcerias”.

Alguns executivos das empresas integrantes da imersão já aproveitaram para estabelecer contatos em busca de parcerias com os institutos visitados. “Percebemos como esses centros estão preparados, não apenas com capital humano como estruturalmente esses laboratórios estão montados. Já estabeleci contato com alguns dos institutos para tentarmos firmar uma parceria. Parceiros como os Institutos do SENAI e outras unidades Embrapii fortalecem a nossa capacidade de inovar”, explicou o gerente de inovação industrial da Grendene, José Rocha Gomes Filho. “O que eu vi de laboratórios, de tecnologia, principalmente das pessoas que estão à frente dos institutos foi o que mais me surpreendeu, além de já ter identificado algumas oportunidades de levar para aplicação na minha empresa, especialmente em relação a nanotecnologia”, contou o vice-presidente industrial da Coteminas, João Batista Lima. “Eu vim com uma expectativa de apenas conhecer essas estruturas, mas já levo algumas possibilidades de aplicação imediata.”

De acordo com a diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Gianna Sagazio, os resultados apontados pelos empresários na imersão são justamente o objetivo da iniciativa idealizada pela MEI. “Estamos na quarta edição das imersões e já podemos ver os resultados: várias empresas ao terem tido oportunidade de se inserir em outras realidades, conheceram institutos de ponta e visualizaram oportunidades que puderam ser agregadas a seus processos de produção e de governança, entre outros”, explica. “O principal objetivo das imersões é fazer com que as nossas empresas acessem o estado da arte da tecnologia e da inovação e possam viabilizar seus projetos”, completa.

No segundo semestre, estão previstas imersões em ecossistemas de inovação nos Estados Unidos (costa oeste, de 20 a 27 de setembro) e da Suécia, de 23 a 27 de outubro. “Nos Estados Unidos, por exemplo, vamos visitar uma região reconhecida como a mais inovadora do país, a Califórnia. Os empresários vão poder conhecer como a inovação está de fato ocorrendo naquela região, quais são as habilidades, os pré-requisitos necessários para que a inovação ocorra e absorver isso para que também seja usado nas empresas no Brasil”, antecipa a diretora.

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