Indústria quer apoio governamental para maior escala de produtos verdes

Segundo os dirigentes presentes no seminário Encontro da Indústria para a Sustentabilidade, muitas empresas que investem em inovações para reduzir o impacto ambiental acabam perdendo mercado por questão de preço

Rio de Janeiro - Dirigentes de associações nacionais setoriais da indústria defenderam nesta quinta-feira, 14.06, no seminário Encontro da Indústria para a Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no Hotel Sofitel, em paralelo à Conferência Rio 20, políticas que agreguem valor aos produtos verdes para dar maior escala a eles no mercado. Segundo os dirigentes, muitas empresas que investem em inovações para reduzir o impacto ambiental acabam perdendo mercado por questão de preço.

“A sustentabilidade tem de ser um caráter importante de compra, inclusive no sistema governamental, que hoje prioriza o menor preço”, afirmou André Saraiva, diretor de responsabilidade ambiental da Associação Brasileira da Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee), em debate no seminário. Assinalou que, sem incentivos, o consumidor acaba optando por produtos importados, sem qualquer garantia de uma produção limpa.

Criar políticas voltadas para a sustentabilidade impulsionaria o mercado desses produtos, na opinião de Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). As iniciativas existentes hoje no setor de construção, segundo ele, trouxeram avanços importantes para reduzir o impacto da atividade no meio ambiente, mas ainda não o suficiente para  universalizar tais práticas.

“Há muitas inovações em materiais que atendem à nossa cadeia, como aço e cimento. Mas temos 170 mil empresas formais, não é uma equação fácil chegar a todas elas”, argumentou Simão. O setor aguarda a certificação de 90 processos que tornam sua atividade mais sustentável. Para o presidente da CBIC, definir modelos será um passo importante para dar alternativas às empresas.

Muitas das recentes inovações da indústria brasileira foram feitas dentro da lógica da sustentabilidade. As soluções criadas vão desde eletrodomésticos mais eficientes até avanços em genética para criar florestas plantadas. “Há casos em que os objetivos de inovação e sustentabilidade acabam convergindo, mas nem sempre isso acontece”, depôs Alessandra Bernuzzi, diretora de Responsabilidade Ambiental da Associação Brasileira de Industria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Atualmente, 100% dos papéis fabricados no país vêm de florestas plantadas, sem que nenhuma árvore nativa seja derrubada, informou Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). “A sustentabilidade também pode agregar valor à inovação. Não podemos dizer que são temas antagônicos nem que um leva ao outro automaticamente. Contudo, precisamos criar um sistema de precificação adequado”, defendeu por sua vez no seminário Carlos Calmanovici, representante da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

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