Aos 16 anos, com a filha de cinco meses no colo, o paraibano Lindberg Nascimento discutiu com um conhecido. O homem estava armado e disparou. Lindberg salvou a filha, mas a bala entrou por baixo do peito direito, perfurou o pulmão e se alojou na coluna, onde está até hoje. Nunca mais andou.
Depois de longos períodos de depressão, procurou o SENAI de Campina Grande para fazer algum curso e se capacitar para o mercado de trabalho. Pensava em estudar tornearia, fresagem ou solda. Mas não tinha vaga em nenhuma das três ocupações.
Foi quando um professor o convidou para assistir às aulas de mecânica de automóvel. “Achei foi bom, porque era de graça. Os outros, eu teria que pagar”, diz Lindberg, hoje com 23 anos, formado e representante do seu estado na categoria.
Ele tem outra história emocionante para contar. Esportista, Lindberg pratica ciclismo. Bem no início do curso, chegou a discutir com professores e colegas como conseguiria transformar uma bicicleta em um triciclo, atendendo às suas limitações de locomoção.
Um dia, na porta do SENAI, Lindberg pediu que um colega chamasse o professor. Precisava falar com ele. A surpresa foi geral: sozinho, Lindberg adaptou um Fiat modelo 147, carro que hoje dirige pelas ruas de Campina Grande. “Percebi que, com o que eu estava aprendendo no SENAI, dava para adaptar meu carrinho. Fui lá e fiz”.