SENAI inicia atividades de rede de institutos voltados à pesquisa aplicada e inovação

Até o fim de 2015, o instituto ocupará um prédio de 10 mil metros quadrados, divididos entre laboratórios e espaços para apoio a empresas

Para desenvolver essa rede, o SENAI conta com consultoria do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, para elaborar o planejamento, o dimensionamento e o gerenciamento dos institutos

Começou a funcionar nesta terça-feira (17) o primeiro do conjunto de 24 Institutos SENAI de Inovação (ISI) que serão instalados em 14 estados até o fim de 2015. Sediado em Curitiba, o centro de pesquisa e inovação paranaense atua na área de eletroquímica e já está preparado para desenvolver projetos para as indústrias automotiva, de óleo e gás, mineradora, metal-mecânica, de construção civil, de sistema de geração e armazenamento de energia, além do desenvolvimento de sistemas para área de meio ambiente, saúde humana e animal.

A estrutura atual conta com cinco pesquisadores doutores e 36 equipamentos no valor de R$ 8 milhões. Até o fim de 2015, o instituto ocupará um prédio de 10 mil metros quadrados, divididos entre laboratórios e espaços para apoio a empresas de base tecnológica e atividades de formação de recursos humanos. Ele deverá consumir investimentos da ordem de R$ 50 milhões.

Com capacidade tecnológica para oferecer serviços de alto valor agregado, a rede dos 24 Institutos SENAI de Inovação realizará atividades de pesquisa aplicada e inovação para que empresas de grande, médio e pequeno porte, além de empreendedores, transformem suas ideias em produtos e processos inovadores.

De acordo com o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, pela primeira vez, está sendo montada no Brasil uma estrutura com todos os aspectos necessários ao ambiente de inovação. Ele afirma que os institutos já nascem com equipes voltadas a promover associação para desenvolver ideias inovadoras e competência para formar redes com diversos atores, como empresas, fundações de apoio à pesquisa, investidores. “A inovação acontece apenas se estiverem assegurados todos esses aspectos. Se não tivermos isso, não há como experimentar”, ressalta. Ele também falou sobre as expectativas em relação ao funcionamento da rede. Ouça clicando aqui.

Para garantir que exista a integração necessária para que empresas e centros de pesquisa inovem, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEPR) – instituição a que o SENAI-PR é ligada – criou o Campus da Indústria. Trata-se de um espaço de 165 mil metros quadrados, onde está implantado o Instituto SENAI de Inovação – Eletroquímica. Num raio de 2,5 quilômetros, estão instaladas outras nove instituições que também têm vocação para a pesquisa científica, como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Pontifícia Universidade do Paraná (PUC-PR) e o Instituto Federal do Paraná.

Para Marco Secco, diretor do SENAI-PR, é o campus que permitirá que se promova a articulação entre os setores interessados em materializar parcerias. “Na inovação, também precisamos construir estradas e elas serão feitas a partir da nossa sinergia” disse, durante o lançamento do novo centro.

Entre os 36 equipamentos já adquiridos pelo Instituto SENAI de Inovação, dois deles são inéditos na pesquisa aplicada à indústria brasileira. O analisador de cura investiga a formação de filmes de tintas, resinas, colas, vernizes e solventes. Já o Spark Plasma Sintering permite produzir novos materiais micro e nanoestruturados, unindo metal à cerâmica. Alguns testes já realizados mostram que a união metal-cerâmica é mais forte que o próprio metal, possibilitando a criação de novas ligas, importante para aplicação em altas temperaturas, como em motores de automóvel ou microtubinas.

As atividades já se iniciam com possibilidades de projetos. Veja detalhes a seguir:

Desenvolvimento de tintas especiais: utilizando nanotecnologia, será possível desenvolver tintas com propriedade “autocurativa”, o que possibilitará a regeneração de riscos ou pequenos danos nas superfícies pintadas. A linha de pesquisa, já realizada em rede com o Instituto SENAI do Paraná e equipes que integrarão os institutos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que começarão a funcionar em 2014, deverá ser um diferencial para o segmento de veículos automotores, por exemplo.

Vários centros de pesquisa no mundo buscam desenvolver essa tecnologia. O SENAI do Paraná pode ser o primeiro brasileiro a inovar criando esse produto.

Análise eletroquímica de líquidos : instituto já tem tecnologia disponível para realizar análise rápida da qualidade de líquidos, como água ou leite, utilizando dispositivos eletroquímicos.

Além disso, pesquisadores do SENAI do Amazonas, onde será criado um Instituto SENAI de Inovação em Microeletrônica para Biodiversidade, desenvolveram um chip que pode ser utilizado como suporte para a análise eletroquímica. Com essa associação, será possível a criação não apenas do novo processo de análise de líquidos, como de um novo produto com o microchip.

PARCERIAS INTERNACIONAIS – Para desenvolver essa rede, o SENAI conta com consultoria do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, para elaborar o planejamento, o dimensionamento e o gerenciamento dos institutos. Já a parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) auxiliou na criação de zonas de inovação – ambientes onde empreendedores encontram recursos tecnológicos e financeiros, além de possibilidades de estabelecer parcerias com outros atores interessados em inovar.

A rede deve ter investimentos da ordem de R$ 2 bilhões do SENAI, que contou com financiamento de R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Das 24 unidades previstas para os próximos anos, seis delas, além da voltada à eletroquímica, começam a funcionar até o primeiro semestre de 2014. Duas são na Bahia, nas áreas de conformação e soldagem, e mecatrônica; duas em Minas Gerais, nas áreas de engenharia de superfície e metalurgia; uma em Santa Catarina, de mecânica fina, e uma no Rio Grande do Sul, de tecnologia de polímeros.

O início das atividades da rede de institutos possibilitará que os investimentos em inovação pela indústria brasileira sejam mais efetivos. As empresas poderão complementar o trabalho de seus próprios centros de desenvolvimento com os do SENAI, tendo assim respostas mais rápidas e mais econômicas para seus projetos de produtos e serviços inovadores.

Além disso, os laboratórios e os profissionais vinculados aos institutos poderão conduzir testes e serviços de alto valor agregado. Atualmente, esses serviços e testes são realizados no exterior por centros de pesquisa e desenvolvimento. O trabalho desenvolvido no SENAI poderá contribuir para retenção de divisas, sem contar a geração de conhecimento agregado resultado em cada teste. Em 2011, o Brasil gastou US$ 16 bilhões com esse tipo de serviço no exterior.

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