Rodrigo nasceu em Palhoça (SC)
Quem conversa com Rodrigo Campos surpreende-se com a maturidade do jovem de 22 anos. O jeito sério e a assertividade com que analisa o presente e fala dos planos para o futuro fazem parecer que tem alguns anos a mais. O catarinense pretende se formar engenheiro aeronáutico em uma universidade de São Paulo. Durante o curso, deve trabalhar como técnico em manutenção de aviões. Na vida pessoal, não quer demorar muito para se casar com a noiva. Antes disso, ele tem um compromisso com a escolha que fez há dois anos: ser o melhor jovem técnico de manutenção de aeronaves do mundo. Ele buscará o título na WorldSkills.
Ao completar o ensino médio, em 2011, Rodrigo fez vestibular para Engenharia Civil, mas não passou. “Eu sempre mexi com motores e gostava dessa área de manutenção. Meu pai me ajudou a procurar um curso e, quando chegamos ao do SENAI, gostei do de mecânica de aeronaves e decidi me inscrever”, conta. Interessado desde antes das aulas em entender como os aviões funcionavam, Rodrigo logo se identificou com o conteúdo e, por conta da dedicação aos estudos, acabou convidado para participar da Olimpíada do Conhecimento. Em 2013, conquistou o primeiro lugar na etapa estadual de Santa Catarina e, depois, passou a treinar para a competição mundial.
Nesse período, Rodrigo abriu mão de um emprego de dois anos e cinco meses na área administrativa de uma empresa na capital de Santa Catarina. “Não tinha nada a ver com a minha formação, mas eu tinha todos os direitos trabalhistas”, pondera. A rotina entre os papéis no escritório deram lugar ao dia a dia em um hangar em Palhoça, na região metropolitana de Florianópolis (SC), onde os treinos começam às 8h da manhã e não têm hora para acabar. Nessa estrutura de 3 mil metros quadrados, ele tem à sua disposição duas aeronaves.
“Foi esse tempo voltado para a Olimpíada que acabou mudando minha visão de futuro. A profissão de técnico em manutenção de aeronaves vem crescendo muito no Brasil. Estados grandes como São Paulo e Minas Gerais, onde se usam muitos helicópteros para viagens ao interior, têm criado oportunidades”, avalia. Por conta disso, a opção pela faculdade mudou da Engenharia Civil para a Aeronáutica. “Nessa área, o técnico fica mais ligado à manutenção e o engenheiro para trabalhos mais complexos na estrutura e na parte elétrica das aeronaves”, explica.
Num rápido bate-papo com Rodrigo é possível perceber a relevância que a participação em torneios de educação técnica teve em sua vida profissional. Ao ser perguntado sobre a importância do ensino técnico para os jovens brasileiros, a resposta, mais uma vez, mostra a maturidade com que vivencia a competição. “Eu acho que a Olimpíada do Conhecimento deveria estar ainda mais próxima dos cursos técnicos. Nós trabalhamos com novos materiais, ferramentas e tecnologia. Se isso estivesse ainda mais próximo das salas de aula, o Brasil teria profissionais mais qualificados”, considera.
A WORLDSKILLS - O Brasil será representado por 56 jovens profissionais técnicos na 43ª edição da WorldSkills Competition, que será realizada em São Paulo de 11 a 16 de agosto. Essa é a maior delegação já reunida pelo país para a competição. Na WorldSkills, os 1.200 competidores, todos com menos de 22 anos de idade, de 62 países, disputam medalhas em 50 profissões da indústria e do setor de serviços.
Ao longo de quatro dias de provas, eles precisam alcançar índices de excelência ao executar tarefas semelhantes às que realizariam em situações reais do dia a dia das indústrias ou no setor de serviços. Todos são avaliados pelas habilidades técnicas e pessoais.
SAIBA MAIS - Saiba tudo sobre a WorldSkills São Paulo 2015. Acesse o site da disputa. Para conhecer os outros competidores brasileiros, acesse o site da Olimpíada do Conhecimento/WorldSkills, do SENAI.
