Diretor-geral do SENAI defende que a educação é essencial para o desenvolvimento do país

Rafael Lucchesi participou, nesta terça-feira (18), do Café Temático Educação, realizado pela revista Exame em São Paulo

“A reforma do ensino médio é a esperança de uma virada estrutural na educação brasileira” - Lucchesi

A educação precisa ser o centro da construção de um projeto de país, afirmou o diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, durante o Café Temático Educação, realizado nesta terça-feira (18), pela revista Exame. O evento reuniu, em São Paulo, especialistas e representantes de empresas, que discutiram os caminhos para garantir ensino de qualidade no Brasil.  

Na palestra de abertura do evento, Lucchesi afirmou que a educação foi fundamental em projetos de desenvolvimento de nações ao redor do mundo. Na Alemanha, por exemplo, a Universidade de Berlim teve papel decisivo na ascensão do país como potência econômica, com benefícios para a população alemã. 

No Brasil, porém, a educação nunca teve centralidade em seu projeto de desenvolvimento. No início do século 21, a população brasileira tinha oito anos de escolaridade, em média, enquanto o Japão atingiu esse patamar cem anos antes, no inicio do século 20. “A educação no Brasil, seja superior ou básica, não tem uma construção social clara de centralidade com cultura, cidadania e economia", avaliou. “Não estamos fazendo uma educação que empurre a produtividade na intensidade que deveria.”

Lucchesi defendeu uma mudança na matriz educacional brasileira para elevar o número de jovens que fazem educação profissional. Países europeus, como Áustria e Finlândia, possuem três vezes mais cidadãos com formação de nível superior, assim como 70% dos jovens fazem educação profissional no ensino médio. No Brasil, 77 milhões de trabalhadores não concluíram o ensino médio e 83% dos jovens não vão para a universidade. Além disso, apenas 10% fazem educação profissional junto com o ensino médio. 

“A educação tem uma narrativa determinante na construção social de muitas sociedades e teve papel estruturante na cultura, na sociedade e na economia”, disse Lucchesi.

Para o diretor-geral do SENAI, é urgente melhorar a qualidade da educação, a gestão dos recursos destinados à área e reduzir a evasão, que chega a 90% na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Ele acredita que a reforma do ensino médio é uma oportunidade para repensar a matriz educacional, ao incluir a formação técnico-profissional no currículo regular.  “A reforma do ensino médio é a esperança de uma virada estrutural na educação brasileira”, defendeu. “Todos os países intensificaram a agenda de educação técnica-profissional diante da quarta revolução industrial”, concluiu. 

QUALIDADE - A necessidade de melhorar a educação básica também foi tema do painel do qual participaram a diretora da ong Todos pela Educação, Priscila Cruz, e o educador do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Oliveira. “Precisamos flexibilizar o ensino médio com itinerários formativos diferenciados e ampliar os turnos. Os estados que avançam em educação estão fazendo um investimento forte em educação integral", afirmou Priscila Cruz. Para ela, também é essencial melhorar a formação dos docentes com a construção de referenciais sobre o que seja um bom professor.

Para João Batista de Oliveira, um dos problemas da educação pública é que governo tenta impor uma padronização nacional da política educacional . “A forma de fazer é tão ou mais importante do que fazer. E a forma humilde e inteligente de fazer é experimentando, respeitando as diferenças do Brasil", defendeu.

O reitor da Universidade FEI, Fábio Prado, e o diretor da Festo, Victor Teles, debateram ainda o tema “A inovação disruptiva no ensino de engenharia”. Para ele, é necessário atualizar os currículos dos cursos de nível de superior e investir no ensino de matemática e ciências durante a euducação básica para formar os profissionais que vão trabalhar com tecnologias digitais. "Estamos formando hoje ótimos profissionais, mas precisamos evoluir e inovar para formar os engenheiros que vamos precisar no futuro", afirmou. 

Segundo Teles, o futuro engenheiro será multidisciplinar e que usa a tecnologia como base de seu trabalho, em qualquer área que atuar. “Os estudos mostram que a revolução digital é tão intensa, abre tanto campos que é impossível se falar em diminuição de postos de trabalho, o que deve ocorrer é a criação de postos muito mais diversificados. É difícil falar em um profissional do futuro, cada vez será mais exigido um engenheiro multidisciplinar que tenha a tecnologia como base", avaliou. 

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