Participação de manufaturados nas exportações para os EUA cai 32 pontos percentuais em nove anos

Óleos brutos de petróleo tomaram o lugar de aviões e de aparelhos transmissores nos embarques,  e, hoje, só quatro indústrias estão na lista dos 15 maiores exportadores para o mercado norte americano

A relação bilateral entre Estados Unidos e Brasil é mais vantajosa para os norte-americanos. Em 2011, as exportações americanas de manufaturados para o Brasil atingiram o recorde histórico de US$ 18,8 bilhões, o que aprofundou o déficit brasileiro no comércio bilateral. 

As vendas brasileiras desses produtos para os EUA caíram 9,3% em nove anos e passaram de US$ 12,9 bilhões, em 2003, para US$ 11,7 bilhões, em 2011.  O mais alarmante é que, em 2003, os manufaturados representavam 77,2% da pauta de exportações do Brasil para os Estados Unidos. Essa participação despencou para apenas 45,3% em 2011. Óleos brutos de petróleo e outros produtos primários tomaram o lugar de aviões, aparelhos transmissores e calçados nos embarques brasileiros. 

Com isso, a indústria perdeu espaço na composição das 15 principais empresas exportadoras.  Em 2003, nove dos 15 maiores exportadores eram do setor industrial (Embraer, Nokia, Volkswagen, Motorola, Aracruz Celulose, Embraco, dentre outros). Em 2011, o número recuou para quatro. 

BARREIRAS - Mas até produtos primários têm encontrado obstáculos para entrar no mercado dos Estados Unidos. Termina no fim deste ano o prazo para os exportadores de alimentos se cadastrarem no Food and Drug Administration (FDA) para atender as determinações do Food Safety Modernization Act, sancionado em janeiro de 2011 pelo presidente Barack Obama. A regra, criada com o argumento de que os órgãos de controle passarão a atuar na prevenção, é uma forma sofisticada de barreira, que regulamenta 80% dos alimentos comercializados nos Estados Unidos.  E determina que os testes devem ser feitos por laboratórios credenciados e autorizados a negar a entrada de alimentos importados. 

O FDA deve criar um programa para o credenciamento de laboratórios e pode negar a entrada de alimentos importados se o estabelecimento ou o país estrangeiro se negar a permitir a inspeção. Além disso, passará a exigir certificação, baseada nos critérios de risco, para que os alimentos importados cumpram os mesmos requisitos de segurança alimentar dos domésticos. Os importadores serão incentivados a tomar medidas adicionais de segurança, por meio de programa voluntário. 

Essa medida pode prejudicar ainda mais as exportações brasileiras para os Estados Unidos.  Em 2011, o déficit do Brasil com os Estados Unidos aumentou para US$ 8,2 bilhões. Embora a corrente de comércio bilateral tenha crescido em média 11% ao ano, entre 2003 e 2011 (passou de US$ 26,3 bilhões para US$ 59,8 bilhões) ficou aquém da taxa global. O comércio entre o Brasil e o mundo subiu de US$ 121,5 bilhões para US$ 482,2 bilhões, um percentual de 19% ao ano em média. 

Além das barreiras tarifárias e não-tarifárias, o Sistema Geral de Preferências (SGP) dos Estados Unidos expirará em 2013. Há ameaças de o Brasil ser graduado e deixar de receber o benefício tarifário. O United States Trade Representative (USTR) avalia que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é superior ao previsto para os países que devem ser beneficiados pelo SGP.

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