Diversificação da matriz energética depende da consolidação de mercado de gás em terra

Além de atender a demanda de energia do país, o gás natural é insumo importante para grandes setores da indústria brasileira

A consolidação de um mercado de gás natural em terra (onshore) é passo essencial para diversificar a matriz energética nacional, assegurando a oferta de um combustível limpo e competitivo no país. A conclusão é de empresários e representantes da indústria, presentes no Seminário Gás Natural em Terra: propostas para o desenvolvimento e modernização do setor, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira (12), em Brasília. “É preciso consolidar um ambiente favorável ao investimento. Essa é uma das saídas que temos para a retomada do setor industrial”, avaliou a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.

Durante o evento, especialistas do setor privado e do governo analisaram as oportunidades e desafios para o fortalecimento do mercado de gás onshore no Brasil. Um marco regulatório que estimule a participação de pequenas e médias empresas na exploração e produção, um cronograma previsível de leilões de blocos em terra e mecanismos permanentes de financiamento para o setor foram apontados como as propostas que, se adotadas, podem alavancar o mercado no médio prazo.

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COMBUSTÍVEL ESTRATÉGICO – Além de atender a demanda de energia do país, o gás natural é insumo importante para grandes setores da indústria brasileira, como o químico e de alumínio, que dependem de oferta segura e a preço competitivo para enfrentar a concorrência global. “A indústria se converteu ao gás e o gás a preço competitivo virá da exploração em terra”, disse o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do estudo, Edmar de Almeida.

A diretora do Departamento de Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Symone Araújo,  afirmou que o poder público tem mantido diálogo com a CNI e setores da indústria para formular uma política voltada para o “chão de fábrica”. Em relação a desafios que ainda existem para ampliar o consumo do gás natural no país, como a distribuição do combustível, ela citou o plano de ampliar a malha de gasodutos para alguns centros produtores que dependem do insumo. “Esse é um gargalo para a chegada de novos produtores, por isso estamos trabalhando em um estudo sobre o escoamento do gás”, relatou.

SAIBA O QUE OS ESPECIALISTAS DISSERAM NO SEMINÁRIO:

Edmar

Edmar Araújo, professor da UFRJ e coordenador do estudo 
“O gás natural assumirá um papel estratégico na matriz energética brasileira, para o setor elétrico e para a indústria. Mas o setor no Brasil é muito menor do que poderia ser.” 

Winston

Winston Fristch, presidente da Petra Energia 
“O gás natural é fundamental para a política energética do país, principalmente para a indústria. É preciso que se firme como fonte de energia limpa para o futuro.” 

Damian

Damian Popolo, diretor de Relações Institucionais da Parnaíba Óleo e Gás 
“Quem encontra gás no Brasil, encontra um bem muito procurado. O mercado, quando tem condições de se desenvolver, se desenvolve e funciona.” 

Fabrício

Fabricio Sousa, diretor da Schlumberger 
“Com apenas 5% das áreas exploradas no Brasil e dotadas de infraestrutura, otimizar o custo é um grande desafio para fazer tornar a exploração em terra viável.” 

Gustavo

Gustavo Checucci, coordenador do Movimento Mais Gás 
“O grande consumidor industrial deve fazer parte da cadeia decisória do gás, porque pode lastrear esse investimento. Temos condição de absorver grande parte dessa nova oferta.” 

Nelson

Nelson Fonseca Leite, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) 
“Com a redução relativa da capacidade de geração hídrica (de energia), vamos precisar de cada vez mais gás para produzir na base. Nossa matriz está mudando.”

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